• Cuiabá, 04 de Setembro - 2025 00:00:00

Se eu fosse governadora teria investido pesado na industrialização de MT, assevera Margareth Buzetti


Rafaela Maximiano - Da Redação

A Entrevista da Semana de hoje aborda: economia, industrialização, emprego e renda, a mulher na política, e as mudanças que a pandemia provocou na sociedade mato-grossense sob análise da empresária Margareth Buzetti.   

Ao FocoCidade, a primeira suplente do senador Carlos Fávaro (PSD), e também presidente da Associação Brasileira do Segmento de Reformas de Pneus (ABR) e da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (AEDIC), revela que sua ascensão como empresária e agora na política, não foi fácil, principalmente por “ambos ambientes serem bem masculinos”, como ela mesma define. E, também afirma que “apesar da participação da mulher na política ainda ser tímida, faz toda a diferença”.   

A pandemia da covid no país e no mundo preocupa Margareth Buzetti, nos aspectos econômicos e sociais, mas principalmente nos aumentos de casos de violência contra a mulher e crianças. “...sabemos que 85% das mulheres que morreram em 2020 vítimas de violência, não tinham medidas restritivas... já quanto às crianças nem temos estatísticas.”   

Na política, Margareth Buzetti, diz que não tem planos de candidatura própria nas próximas eleições mas vai apoiar o governador Mauro Mendes, caso ele se candidate. “Ele é meu candidato”, afirma.   

E, se fosse governadora de Mato Grosso, teria investido pesado na industrialização do Estado, para agregar valor ao que é produzido aqui e gerar mais emprego e renda; além de investimentos maciços na educação para que as novas gerações não tenham como base a violência.  

Consciente dos riscos da covid, ela pede para que todos se cuidem e se vacinem.  

Boa leitura!    

Como empresária e presidente da Associação Brasileira do Segmento de Reformas de Pneus (ABR) e da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (AEDIC), como avalia o atual cenário econômico vivido por Mato Grosso devido à pandemia, é alarmante? 

Mato Grosso está vivendo um cenário assim como todos os outros estados também estão. A pandemia não é uma realidade somente nacional, é mundial. Eu acho que tanto o governo quanto prefeituras estão fazendo os enfrentamentos que podem ser feitos no momento que são a aberturas de UTIs, a vacinação das pessoas, porque a única forma de voltarmos à vida normal é a vacinação para todos. 

Porque se a indústria parar você tem um desabastecimento, principalmente de alimentos, farmacêuticos de remédios, combustível, oxigênio.

De que forma o setor industrial foi afetado, houve fechamentos e demissões, ou os empresários estão conseguindo encontrar alternativas para continuar mantendo as indústrias funcionando e gerando emprego e renda?  

Aqui no Distrito Industrial especificamente, a gente tem a indústria, o serviço e tem o comércio. A indústria não foi tão afetada, houve a redução de produção em alguns casos, em alguns casos houve aumento de produção, como a indústria alimentícia que vendeu mais. Aí você tem a indústria de embalagens que vendeu mais também, é uma série de fatores que vai envolvendo a indústria considerada essencial. Porque se a indústria parar você tem um desabastecimento, principalmente de alimentos, farmacêuticos de remédios, combustível, oxigênio. Então, a indústria não parou, ela teve alguns casos em que foi até beneficiada com a pandemia porque ela vendeu mais.

Os serviços, por exemplo no nosso caso considerado também essencial que é o atendimento ao transporte, pois o transporte também não pode parar porque senão vira um caos. Eu considero que o setor que mais foi afetado foi o comércio. Foi afetado diretamente pelos fechamentos, pelo abre e fecha, a agente não sabe a quem obedecer. Você tem decretos federais, estaduais e municipais. E o setor do comércio com isso tudo, considero que foi o mais atingido. 

O Distrito Industrial em tese deve ser uma zona de fomento para verticalização da produção econômica. O Distrito em Cuiabá pode ser considerado um espaço atrativo e com competitividade?  

Ele estava voltando a ser competitivo, mas nós estamos em uma pandemia. Então você não tem muitas coisas que possa fazer nesse momento. O Distrito tem as indústrias como falei, os serviços, o comércio, porque ele tem zonas de atendimento. Agora tem que voltar a ser atrativo para a indústria. Mato Grosso tem que encontrar sua vocação para a industrialização. E, aí que eu falo que os governos são muito importantes nesse momento. Por exemplo, nós não temos ninguém da indústria do agroquímico instalado em Mato Grosso. Não é um contrassenso isso? 

Eles ficam em São Paulo, em Itajaí, importam, misturam e vendem para Mato Grosso que está aqui diferindo na produção de alimentos e, nós pagamos ICMS para outro estado, quer dizer: o maior produtor de grãos, que mais consome o agroquímico, não tem uma indústria aqui para atendê-lo. Mato Grosso tem que encontrar sua vocação e atrair essas indústrias. Acho que não é nem atrair, é exigir dividendos senão você taxa eles lá fora. 

Temos que buscar uma maneira de resolver isso, nós somos um país onde a agricultura é o nosso forte. Nosso país é da agroindústria e do agronegócio, vamos aprender com eles e aproveitar essa vocação que temos. 

Foi afetado diretamente pelos fechamentos, pelo abre e fecha, a agente não sabe a quem obedecer.

A discussão em torno da chegada da ferrovia até Cuiabá tem se intensificado nos últimos meses, bem como o Brasil finalmente trabalha para diversificar sua logística de transporte de cargas, hoje concentrada em 65% nas rodovias. Se outros modais chegarem até a Capital e atingirem o estado de Mato Grosso também, o que significará para o setor industrial? 

A ferrovia é primordial, mas nós temos que ter todos os modais de transporte. Mato Grosso tem uma produção e grãos, de alimentos, que é espetacular. E o que a gente vê nas safras, caminhões nos portos parados, porque 65% do nosso transporte é feito em cima de caminhões. As estradas não suportam, existem os picos de safras que é um absurdo, aí eu falo que a ferrovia para todos nós cuiabanos esperamos que venha para Cuiabá. Com ela vamos inclusive atrair novas indústrias pois a ferrovia deve oferecer uma alternativa de frete mais barata. 

Hoje me parece que a ferrovia não é tão mais barata para quem usa porque não tem competitividade. Você não tem concorrência. Nós temos que ter concorrência inclusive nas ferrovias. Mas nós temos que ter todos os modais: o ferroviário, a hidrovia, e outros, nós temos que fazer tudo. Temos um potencial muito grande e nós não sabemos aproveitar isso. E, eu cuiabana de coração que hoje sou, espero que a ferrovia venha sim para Cuiabá, e, venha a atrair novos investimentos para Cuiabá. A capital é a zona que pode ter esses serviços de industrialização de muitos produtos.  

As pessoas falam que não gostam de política, mas tudo o que elas comem, passa pela política por exemplo. Se nós temos uma política econômica estável com segurança jurídica o país cresce.

Além de uma mulher de negócios a senhora entrou de cabeça na política e atualmente é a 1ª suplente do senador Carlos Fávaro. Na sua opinião, qual a importância da parceria entre empresariados e políticos?  

Não vejo como uma parceria. Existem duas coisas: a mulher empresária que sempre fui e sempre atuei e existe a mulher política que sempre atuei também. Não foi agora que eu entrei para a política, agora eu fui disputar um cargo. Nunca tive essa ambição, porém eu já estava há muitos anos militando politicamente. E no meu entender tudo passa pela política. As pessoas falam que não gostam de política, mas tudo o que elas comem, passa pela política por exemplo. Se nós temos uma política econômica estável com segurança jurídica o país cresce. Nesse sentindo que eu sempre atuei na política e no meu entender todas as pessoas deveriam também fazer política. Não precisa concorrer a um cargo político, mas participe da política para que você possa influenciar nas decisões partidárias, senão as pessoas vão ficar falando de fora enquanto as decisões são tomadas lá dentro.  

Hoje o senador é Carlos Favaro, mas ele é um senador que dá muita abertura, eu consigo dialogar, consigo levar as coisas a ele que age como um senador de todos os segmentos – como ele sempre falou. Ele é um senador para Mato Grosso e para o país. 

As cotas de mulheres nos partidos não resolvem, não resolveram e não vão resolver. Para mim é uma maneira de segregar.

Atualmente vemos várias mulheres de sucesso com empresárias e empreendedoras. Quanto à participação da mulher no cenário político, na sua opinião, ainda é tímido? A mulher faz diferença na política? 

A participação da mulher na política é muito tímida. Por exemplo, em tudo o que eu faço, nas associações que participo é um mundo muito masculino e na política é ainda mais. Você vai encontrar várias barreiras para que a mulher entre na política, a mulher tem a obrigação de cuidar da família, isso sempre foi assim, e hoje nós temos que trabalhar fora para ajudar no orçamento doméstico, e nós temos que ir para política também, é difícil. A quem favorece uma eleição? Quem tem cargo eletivo e na maioria são homens, fora outras dificuldades que a mulher tem.   

Eu respeito quem tem outras opiniões diferentes, mas eu não apoio as cotas. As cotas de mulheres nos partidos não resolvem, não resolveram e não vão resolver. Para mim é uma maneira de segregar. Eles dizem que é um orçamento que vêm para as mulheres nos partidos, mas que acabam favorecendo os homens nas eleições. 

Está mudando, as mulheres estão participando mais. Eu falo sempre: mulheres, participem de um partido político! Não só para ser candidata. A mulher vai participar da política só quando quer ser candidata. Está errado. Ela tem que aprender como é a política, ela tem que se inserir e aprender como é esse mundo muito diferente do privado. E, aí sim ela vê se é o que ela quer e decide como eu fiz. Sou filiada há mais de 30 anos e agora que eu fui concorrer à suplente de senador. 

Acho muito importante que a mulher participe, ela faz toda a diferença na política, com visões diferentes do mesmo problema. E é aí que as coisas se completam. Não é o homem contra a mulher, são os dois caminhando lado a lado e vendo os problemas de formas diferentes e poder escolher qual a melhor solução. É assim que deveria ser, que deveríamos atuar numa vida empresarial, na política, em tudo. Eu não consigo entender essa história do homem X mulher. Algumas pessoas dizem: há mais você teve condições, mas a minha família era muito humilde. Meu pai sempre fez a gente trabalhar e participar. Então a minha sorte foi ter um pai que sempre apoiou e sempre disse: mulher precisa trabalhar e um marido que também apoiou. Dentro das associações que sou presidente, eu fui trabalhando como associada, até fazer parte de uma diretoria, até virar presidente. Hoje, eu sou presidente de uma associação nacional de reforma de pneus onde são só homens, só tem eu de mulher. Então, as coisas vão acontecendo, mas a mulher tem que ser muito mais competente para que a oportunidade apareça para ela. Sempre foi e vai continuar por muito tempo, não sei se vai mudar. Por isso que eu acredito que se nós, homens e mulheres caminharmos lado a lado, com visões diferentes talvez a gente consiga melhorar essa política que está aí hoje. 

Então a campanha que devemos encampar contra a violência às mulheres: denuncie, ligue e peça uma medida restritiva. Não é que essa medida vai impedir o cara de matar ela, mas já inibe muito.  

Como vê o aumento da violência contra a mulher, crianças e vulneráveis, principalmente neste último ano, que vivemos a pandemia da covid-19? 

Em Mato Grosso foram 62 homicídios em 2020, um absurdo. Eu fico muito triste quando vemos esses dados porque parece que estamos regredindo. A violência com as crianças na pandemia é lamentável. Porque a violência com elas aumentou muito e nós não temos nem estatísticas. Uma forma da criança não sofrer tanta violência é ela estar na escola. Ela está alimentada, ela come o lanche na escola, estuda, brinca e ela perdeu tudo isso. E ainda está fazendo uma aula online que o pai e mãe não tem condições de auxiliar. O que está acontecendo com as mulheres é uma agressão sem fim, mas o que está acontecendo com as crianças é o que mais me deixa com o coração apertado.  

Tenho um projeto social em uma escola, 15 de Abril, que é um projeto de futsal onde participam 100 crianças, faz mais de um ano que eles não fazem nada. E, você fica sabendo dos casos de violência contra elas, a criança está com fome aí a mãe bate e o pai chega em casa e também fica nervoso, a gente não consegue no nosso mundo calcular a violência que essas crianças estão vivendo.  

Quero acrescentar, um dado de que 85% das mulheres que foram mortas em 2020 em Mato Grosso não tinham medidas restritivas. Então a campanha que devemos encampar contra a violência às mulheres: denuncie, ligue e peça uma medida restritiva. Não é que essa medida vai impedir o cara de matar ela, mas já inibe muito.  

Se fosse governadora de Mato Grosso, quais decisões teria tomado, referentes à economia e à segurança frente à pandemia? 

A segurança passa pela educação primeiro. Se tivéssemos uma educação forte e com bases sólidas tenho certeza que nós não teríamos tanta violência. Nas forças de segurança, considero que Mato Grosso está indo muito bem. É muito difícil de falar de fora. Quando você está dentro do governo é que realmente vivencia o que acontece. E, no público é muito diferente do privado. Em uma empresa você reúne o conselho ou você mesma dá a ordem e as coisas acontecem. No público não. Para fazer uma licitação parece que tudo é feito para complicar. Eles falam que é para que não haja corrupção, mas no meu entender a corrupção só aumentou com essa burocracia. Porque se criam dificuldades para vender facilidades. Eu penso que na segurança está bem, mas precisaria investir pesado na educação em todos os sentidos para que tenhamos uma nova geração com menos violência. Com menos necessidade de fazer roubos, assaltos, vemos hoje meninos de 10, 12 anos no crime, precisamos investir em educação pois a que existe atualmente é muito ruim. Investir em ensino fundamental e médio, escolas técnicas. 

A industrialização de um estado é muito importante para a economia. Nesse campo deveríamos investir na industrialização porque nós temos vocação, se eu fosse governadora eu faria isso. Nós temos o produto aqui, por que não industrializar? Por que não agregar valor aqui? Dessa forma geramos também mais emprego e renda. 

A segurança passa pela educação primeiro. Se tivéssemos uma educação forte e com bases sólidas tenho certeza que nós não teríamos tanta violência.

Tem planos para as próximas eleições, apoio ou nova candidatura? 

Candidatura minha não. Acabei de passar por uma, entrei na campanha com o senador, fiz campanha. Mas de apoio sim. Apoio o governador Mauro Mendes. Se ele se candidatar será meu candidato. Acho que ele está indo bem como governador, recuperou as contas do Estado que estavam em situação lamentável. Aí você vai me dizer: mas ele aumentou impostos. Teve que fazer esse enfrentamento ou não seria possível tirar Mato Grosso do vermelho. Eu participei da transição e vi como foi recebido o estado, situação lamentável, com certeza ele vai entregar um estado muito melhor do que pegou, então com certeza hoje ele é meu candidato. A não ser que aparece uma coisa muito melhor ou que ele não se candidate. 

Aí você vai me dizer: mas ele aumentou impostos. Teve que fazer esse enfrentamento ou não seria possível tirar Mato Grosso do vermelho.

Suas considerações finais... 

Minha mensagem hoje é: vamos todos nos vacinar. Todos que estão nessa fila para se vacinar, que vacinem. A vida só vai voltar ao normal quando essa vacina acontecer. Eu não peguei o vírus covid, passei pela campanha e não peguei. Mas meu marido e minha filha pegaram de uma forma bem agressiva, forte. Não temos como saber como isso vai te atingir, então a forma da gente se proteger é vacinando. O meu recado à população é se cuidem, se vacinem para que tenhamos uma vida normal, porque o brasileiro gosta de se abraçar, se encontrar, de estar em uma mesa cheia de pessoas queridas confraternizando. E, até porque as pessoas precisam trabalhar. Muitos têm medo de perder o emprego.  

Fizemos um programa em parceria com a Unic de atendimento psicológico aos caminhoneiros. De alguma forma temos que ajudar como podemos. E, é o meu público, eu ouço o relato deles aqui e vemos que a vida mudou demais. É o medo da morte, o medo de perder o emprego, medo de voltar para casa e contaminar a família, medo de tudo. Nos cuidarmos e nos vacinarmos para que nossa vida volte ao normal, esse é o meu recado a todos.  




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