Rafaela Maximiano - Da Redação
Em homenagem ao Dia das Mulheres comemorado internacionalmente em 8 de março, o FocoCidade conversou com sete mulheres inspiradoras. Além de bem-sucedidas na carreira e na vida familiar, elas ocupam cargos e funções de poder e decisão para influenciar nossa sociedade, são verdadeiras lideranças femininas de Mato Grosso.
Estamos falando da desembargadora Maria Erotides Kneip, da economista e primeira-dama do Estado de Mato Grosso Virgínia Mendes, da administradora de empresas e primeira-dama de Cuiabá Márcia Pinheiro, da professora e política Serys Marly Slhessarenko, da empresária e deputada estadual Janaína Riva, da advogada, treinadora comportamental e palestrante Sirlei Theis, e, da professora e deputada federal Rosa Neide.
Todas responderam: “Qual sua interpretação sobre o significado do Dia da Mulher em relação à representação em Poderes Constituídos e no contexto do combate à violência contra a mulher, tendo em vista os dados alarmantes?”
Para a Entrevista da Semana especial todas lembraram que a data de 8 de março, representa a luta histórica das mulheres por melhores condições de trabalho e igualdade de gênero. E, além das conquistas, todas confirmam que vivemos um momento de luta, visto que ainda há muitos problemas para serem resolvidos, como a desigualdade salarial, violência contra a mulher, feminicídio, entre outras.
Confira as declarações e citações abaixo, que são inspirações e reflexões para toda a sociedade. Boa Leitura e parabéns para todas as mulheres pelo seu dia!
Desembargadora (TJMT) - Maria Erotides Kneip
O Dia Internacional da Mulher foi instituído por Resolução da ONU com o propósito de reconhecer o papel da mulher nos esforços de paz e desenvolvimento da humanidade, afugentando qualquer forma de discriminação e violência e buscando o apoio à participação igualitária das mulheres nos espaços de poder.
Penso que é dia para revolver o caldo de cultura que ainda alimenta o patriarcado! Dia de profunda reflexão!
Serys Slhessarenko
A violência ainda é muito alta. Tem lei Maria da Penha que foi um avanço muito grande e com certeza minimizou essa situação mas ainda está longe de acabarmos com essa violência contra a mulher pelo simples fato de ela ser mulher. Através dos tempos a mulher era considerada alguém submissa, até inferior, tanto na família quanto no trabalho e na política nem se fala. Algumas famílias ainda consideram o trabalho de mulher e o trabalho de homem, inúmeras situações de desigualdades como a salarial em mesmos cargos ocupados por homens e mulheres. Ainda temos a situação dos feminicídios e por que ele ainda é tão forte? Na lei a Constituição diz: “Todos são iguais perante à lei”. Mas na verdade há uma desigualdade enorme e quanto maior for essa desigualdade maior é a violência de gênero.
A questão do feminicídio é de continua violência, ocorre quase todos os dias e sabemos muito bem que de cada 10 situações de violência, sete são de companheiros ou ex-companheiros. Hoje o Brasil é o 5º pais que mais mata mulheres no mundo e essa violência vem na maioria ocasionada por ciúmes. Aí vem a violência física, a moral a patrimonial. Um panorama que nos deixa até desanimadas com casos de violência onde o homem tem esse sentimento de posse sobre a mulher. Nessa semana inclusive o STF julgou a questão da honra, o que significa ferir a honra de alguém: vemos homens que querem castigar, maltratar e matar mulheres pela honra e esse sentimento de posse. Também quando eu cheguei ao senado existia a definição de mulher de bem e homem de bem. Mulher de bem era aquela que se vestia adequadamente, se tampava, e, homem de bem era aquele que honrava com seus compromissos.
Outro exemplo: sempre perguntam a uma mulher “como você conseguiu suportar tantos anos sendo maltratada?”, mas não perguntam para esses homens agressores como eles conseguem passar tantos anos sendo pessoas tão más.
Atualmente lutamos pela questão racista, da defesa da mulher, e, dos discriminados. Na minha opinião não basta dizer eu não sou racista é necessário dizer que eu não aceito que as pessoas sejam racistas. Da mesma forma é preciso dizer sou contra a violência contra mulheres e não aceito! E essa história de “em briga de marido e mulher não se mete a colher” é errada. Se mete sim. Pois podemos estar salvando uma vida.
Primeira-dama de Mato Grosso, Virgínia Mendes
A luta pela garantia dos direitos plenos da mulher deve ser constante e o Dia Internacional da Mulher é necessário para que reflitam sobre a importância da igualdade. Tenho buscado trabalhar para o fortalecimento das ações de amparo e defesa das mulheres, com parcerias importantes junto ao Conselho Estadual da Mulher, Defensoria Pública, OAB, Polícia Militar, Polícia Judiciária Civil, Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania e outros órgãos e instituições governamentais.
Nesse sentido, inauguramos a delegacia com plantão 24h para que as mulheres se sintam seguras e acolhidas ao denunciar, fortalecendo o vínculo entre vítimas e instituições de segurança, para que a violência não volte a ocorrer. No âmbito social, lançamos o Ser Mulher, voltado ao atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica, em situação de medida protetiva, para custeio de moradia. O valor pago mensal é de até um salário mínimo. O programa também tem parceria com o Poder Judiciário para trabalhar o empoderamento feminino e o combate à violência doméstica, levando cursos de qualificação e ações de cidadania ao público feminino, através de um ônibus que percorre os principais bairros e municípios onde os índices de violência contra a mulher são mais elevados.
Para mim, defender os direitos da mulher é tornar nossa sociedade mais justa e igualitária.
Primeira-dama de Cuiabá, Marcia Pinheiro
Este é o momento de avaliar a real representatividade feminina nos cargos de liderança, o que já vem acontecendo desde o primeiro mandato do prefeito Emanuel Pinheiro. Nunca em outra gestão a mulher foi tão valorizada participando diretamente e fazendo parte das principais pastas.
Quando se valoriza a mulher nos tornamos um reflexo para sociedade, com isso passamos para as meninas cuiabanas que elas também podem ser empoderadas, felizes, dignas, independente e que consigam cuidar de suas famílias com nossas políticas públicas.
Atualmente das 21 secretarias que existem no município, 9 possuem mulheres no comando, sendo que 2 pastas contam com a liderança da mesma mulher. Isso é a prova concreta de como o prefeito confia e valoriza a mulher.
Em relação ao combate a violência doméstica eu vejo que tivemos avanços históricos de políticas públicas voltadas às mulheres em Cuiabá, inclusive, destaques nacionais. Dentre eles, estão o ‘Qualifica 300’, a reforma total da Nova Casa de Amparo, o estabelecimento da Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra Mulher de Cuiabá, a criação da Secretaria Municipal da Mulher, primeiro Espaço de Acolhimento para Mulheres, dentro de um hospital público.
A Secretaria da Mulher, foi implantada durante a pandemia com isso já atendeu 2 mil mulheres, muitas delas, vítimas da violência doméstica. Ela foi criada para cuidar das mulheres que estão vulneráveis, na alfabetização, saúde das mulheres, qualificação, para que elas possam iniciar a vida delas após sofrer algum trauma. É um lugar de acolhimento. Cuiabá sai na frente porque já tem outras cidades seguindo o nosso caminho, estamos no tornado exemplo. Muitos gestores de outras cidades pedem para conhecer como funciona a pasta para implantar em seus municípios.
Advogada, treinadora comportamental, Sirlei Theis
O Dia da Mulher em relação a representatividade em Poderes Constituídos tem motivos para se comemorar sim, pois se olharmos para trás, até bem pouco tempo sequer tínhamos direitos ao voto e pelo código civil éramos tratadas como objeto. Sei que ainda temos muitas lutas pela frente, mas não podemos deixar de ser gratas por todas as conquistas que já tivemos. Conquistas estas, que tiveram a participação direta da mulher e eu não poderia deixar de citar a incansável Bertha Lutz, que deu início no Brasil a luta pelo direito ao sufrágio.
Já em relação ao combate a violência contra mulher vejo que muito se tem feito em relação ao tema, mas ainda temos um grande caminho a ser percorrido. Temos uma legislação rica, mas que precisa ser implementada de fato.
Ações isoladas são criadas por pessoas que se identificam com a causa, e estas ações precisam ser abraçadas pelos Entes Públicos a ponto de se investir recursos suficientes para atender a cada trabalho. O pouco que se investe são nas ações repressivas e uma cultura machista estrutural não muda com investimentos apenas na repressão. O Poder Público precisa acordar para a necessidade de se fazer algo diferente, caso contrário estamos fadados e vivermos situações ainda mais alarmantes.
Deputada Estadual, Janaina Riva
Para mim o Dia da Mulher é um dia de reflexão, com significado de luta por equidade de gênero, por direitos iguais aos dos homens. Acho que com relação aos Poderes Constituídos e à ocupação de mulheres nos espaços de Poder, ainda temos muito o que avançar em todas as esferas. No Legislativo estadual de Mato Grosso há duas legislaturas sou a única mulher no parlamento e com relação a isso não há o que se comemorar. Mais mulheres nas casas legislativas significa leis mais humanas e que vem ao encontro das necessidades das famílias e maior atuação no combate à crescente violência contra mulher. Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, por exemplo, instalamos uma Câmara Setorial Temática de combate à violência contra a mulher, com mulheres de diversos segmento para encontrar soluções de combate a esses números crescentes. Isso mostra que quando nós nos unimos e temos sonoridade umas com as outras, somos muito mais fortes.
Deputada Federal, Rosa Neide
O Dia da Mulher é resultado da luta histórica das mulheres, é o marco de uma luta. O dia em que 139 mulheres foram queimadas em função de estarem fazendo um protesto para melhores condições de trabalho. E, continua neste momento forte que o país está vivendo de muitas violências contra a mulher: vimos na pandemia que as mulheres ficaram mais em casa e a violência doméstica cresceu muito. O Brasil ocupa o quinto lugar no mundo quando falamos em violência doméstica, e, esse é um parâmetro muito ruim, uma vergonha para uma sociedade humana. Então neste contexto podemos perceber que as mulheres continuam na luta. A heranças das que morreram antes do dia 08 de março ser instituído continua empurrando outras mulheres na luta.
E, a política instituída nacionalmente ela muitas vezes dá garantias, mas na pratica as mulheres não têm suas garantias de fato. Então precisamos de mais mulheres na política, precisamos de mais mulheres na luta, precisamos de mais representação para que realmente a gente supere os dados alarmantes de violência com os quais convivemos.
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