Rafaela Maximiano - Da Redação
Prefeita da segunda maior cidade de Mato Grosso, Lucimar Sacre de Campos dá exemplo de gestão de sucesso e moderna ao enfrentar as adversidades de um município dentro da maior região metropolitana de Mato Grosso e que por sua condição privilegiada e central, vizinha de Cuiabá, acaba sofrendo com a busca constante por serviços públicos de residentes de outras cidades de Mato Grosso, de outros Estados e até mesmo de países vizinhos – como pontua a chefe do Executivo municipal.
Esposa de um dos mais longevos políticos em atividade, o senador Jayme Campos que cumpre seu segundo mandato na Câmara Alta do Congresso Nacional, após ter sido governador do Estado e prefeito da mesma Várzea Grande por três mandatos, Lucimar se torna referência da “criatura que superou o criador” - em alusão a Jayme Campos. A base desse contexto fica constatado – como reforça a gestão, em números de pesquisas de avaliação que a colocam como uma das melhores avaliadas do Brasil, no cenário em que a participação da mulher na política é diminuta apesar de leis exigirem uma mínimo de candidaturas em todos os pleitos para as mulheres.
Encontramos a prefeita em plena pandemia da covid-19, uma avassaladora doença que atinge neste domingo, 02 de agosto, 18 milhões de pessoas com mais de 700 mil óbitos em todos os países do mundo, e que desafia cientistas, renomados gestores, técnicos entre outros por causa do seu desconhecimento perante a medicina e a ciência, inspecionando algumas das mais de 177 obras públicas, a grande maioria municipal, mas algumas em parceria com os Governos Federal e Estadual e que recebem R$ 655 milhões em recursos e que, como assevera a prefeita, “certamente irão melhorar a qualidade de vida das pessoas”.
Confira a entrevista na íntegra:
Prefeita Lucimar Campos, quais foram as principais medidas e ações adotadas contra a disseminação do novo Coronavírus no município e que a senhora considera que foram um diferencial?
Não existe diferencial de ações, o que nos coloca, acredito eu, em condição privilegiada, apesar dos óbitos, que são inaceitáveis, é a forma como estamos atuando com zelo, determinação, empenho e principalmente sem descuidar das coisas necessárias para o Poder Executivo. As pessoas pensam porque somos governo, podemos tudo e não é isto que acontece na administração pública.
Na iniciativa privada você pode tudo desde que não exista impedimento legal. No Poder Público você só pode fazer o que a lei prevê.
Em rápidas palavras, todos os anos, realizamos quatro compras de medicamentos, insumos e equipamentos para a área de saúde que tem uma necessidade sempre volátil, ou seja, as vezes aumenta, as vezes diminui, mas como se trata da vida humana não pode faltar.
Pois bem, adquirimos na última compra de 2019, respiradores para UTI que é quem mantem os pacientes enfermos graves vivos a menos de R$ 50 mil a unidade. Compramos e está funcionando. Ai no primeiro trimestre de 2020, surgiu a pandemia da COVID 19, os respiradores foram parar em 180 mil, 230 mil. Como se justifica uma aquisição desta.
Por isso abrimos nossas portas para os órgãos de controle como Ministério Público Federal e Estadual, Controladoria Geral do Estado e da União, Tribunais de Contas do Estado e da União e ao Poder Judiciário para nos ajudar, pois os valores que passaram a ser praticados no mercado de medicamentos, equipamentos e insumos se tornou um absurdo.
De nada adianta uma UTI, sem equipamentos, mas também sem medicamento e insumos e principalmente sem médicos, enfermeiros, auxiliares, enfim todo um aparato que coloque as mesmas em funcionamento e resguardem a vida das pessoas.
Colocamos em prática uma fiscalização endurecida e Barreiras Sanitárias que inspecionaram mais de 34 mil pessoas em 16 dias e por incrível que pareça tivemos casos de pessoas que se negaram ao exame ou ao atendimento e foram liberados mediante assinatura de um termo de responsabilidade.
Como Poder Público estamos fazendo nosso papel, mas necessitamos que as pessoas fiquem em casa, nos ajudem e se necessitarem sair para trabalhar que o façam com as medidas de segurança e higienização necessárias para juntos podermos vencer a pandemia.
Na iniciativa privada você pode tudo desde que não exista impedimento legal. No Poder Público você só pode fazer o que a lei prevê.
Mesmo com diversas medidas tomadas pela administração, a Justiça determinou em um momento lockdown em Várzea Grande e Cuiabá alegando que faltaram ações mais enérgicas. Tendo em vista essas ações já citadas, quais foram os erros ou momentos mais críticos e acertos da administração nessa guerra contra a Convid-19?
Olha não falo apenas por falar. Tenho conhecimento e reúno informações para isto, e é claro e evidente que o comércio mesmo diante das dificuldades acabou adotando as medidas de segurança, pois ele parte do princípio que se não tiver venda ele tende a fechar suas portas em definitivo, com mais desemprego e menos renda.
Entendo e compreendo a decisão do juiz José Luiz Leite de Lindote que foi acionado pelo Ministério Público diante do volume enorme e da necessidade de vagas de UTI para pacientes graves.
Mas sou prefeita de uma cidade e de todas suas necessidades. Vivemos momentos especiais de uma pandemia e todas as nossas atenções estão voltadas para combater a COVID 19, mas existem outros problemas que precisam ser atendidos, por isso sempre nos colocamos a favor do funcionamento do comércio e da indústria com as regras dos decretos, ou seja, menos aglomeração e mais cuidados.
Em pequeno exemplo. Investimos 30% de todas nossas receitas em saúde pública desde quando chegamos a administração de Várzea Grande, e o volume de recursos cresceu e muito porque melhoramos nossa performance no recebimento dos impostos.
Se a economia desacelera, os comércios e indústrias vendem menos, menor será a arrecadação de impostos e menor será o volume de recursos a ser aplicado.
A saúde pública em Várzea Grande melhorou e muito, mas sempre encontramos dificuldades em atender toda a demanda, até porque em média 40% a 45% de atendimentos são de outras cidades, Estados e países vizinhos, imaginem agora em meio a uma pandemia que chegamos a ter mais de 70% de nossas unidades de saúde atendendo pacientes que não são daqui e por sermos do Sistema Único de Saúde – SUS, atendemos da mesma maneira como atendemos os que aqui residem.
Para um país de mais de 220 milhões de pessoas em que todos estão no SUS, temos apenas uma média de R$ 500,00 (quinhentos reais) por ano para que as pessoas possam ser atendidas, valor este irrisório e que acaba dependendo de outras fontes de recursos municipais e estaduais para promover os atendimentos necessários.
Por que Várzea Grande e Cuiabá estão apresentando números tão discrepantes, uma vez que são cidades vizinhas, e na cidade industrial o número de pessoas recuperadas está acima do número de pessoas doentes?
Mesmo sendo vizinhos de Cuiabá, temos realidades diferentes e as prioridades são as definidas pelos gestores. Nós preferimos reformar, ampliar e melhorar 100% do nosso Hospital Pronto Socorro Municipal, uma unidade de mais de 30 anos de existência, assim como reformamos, ampliamos e melhoramos nossas cinco policlínicas, hoje Clínicas de Atenção Básica.
E transformamos em realidade, obras de outras três UBS – Unidades Básicas de Saúde, nas regiões do São Simão/Ouro Verde/Colinas Verdejantes; Aurilia Salles Curvo e Santa Isabel e temos outras cinco em obras, no Eldorado, Cabo Michel, Maringá, São Mateus e Alameda, sendo que em 60 dias três delas estarão funcionando.
Vejo também que Cuiabá melhorou e muito com o novo Hospital Municipal e outras unidades implementadas pelo Prefeito Emanuel Pinheiro, assim como o Governo do Estado ampliou o Hospital Metropolitano em Várzea Grande e a Santa Casa de Misericórdia.
Mas a necessidade cresceu demasiadamente e a necessidade por leitos de UTI que já era grande se tornou enorme, por isso, sempre defendi medidas em conjunto, todos os entes públicos, não apenas o Governo do Estado e as Prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, mas de todos os 141 municípios de Mato Grosso e mais o Governo Federal sob pena de não conseguirmos vencer essa pandemia.
Graças a Deus e aos nossos esforços, de nossa equipe de secretários e principalmente dos profissionais médicos, enfermeiros, administrativos, enfim, todos estamos conseguindo vencer batalhas diárias para que no final a guerra contra a COVID 19 seja debelada.
Como conseguiu equilibrar as finanças nesse momento de crise, em que pese a queda na receita?
Essa pergunta é importante para que seja esclarecido em definitivo os recursos extras repassados pelo Governo Federal, após uma ação do Congresso Nacional, mais precisamente do Senado da República aonde nasceu a proposta.
Não existe recursos destinados ao combate da COVID 19 que foram destinados para obras ou outras ações como foi propagado por alguns irresponsáveis. Dos recursos aprovados pelo Governo Federal, para Mato Grosso e para os municípios, Várzea Grande ficou com um total de R$ 78,6 milhões, dos quais R$ 4 milhões foram automaticamente destinados ao combate da COVID 19 e os R$ 74 milhões restantes, para as medidas de impacto contra a queda na arrecadação de impostos decorrentes da desaceleração da economia.
Mesmo assim, dos R$ 74 milhões, restantes, pegamos, R$ 20 milhões e destinamos para a saúde pública, o que supera os 30% que anualmente aplicamos de nossas receitas em saúde.
Para se ter uma ideia estimamos em mais de R$ 266 milhões os recursos aplicados no setor em 2020, valor três vezes maior que os R$ 78 milhões mandados pelo Governo Federal.
O restante foi fazer o dever de casa. Contas equilibradas, que estão permitindo, enfrentar a queda na arrecadação em torno de 37% e manter os compromissos não apenas com saúde, mas com salários dos servidores e de outros serviços públicos funcionando.
O que é inaceitável, seria voltar para as mãos de irresponsáveis que promoveram mais de uma década de atraso e descaso.
Quanto às eleições municipais, o DEM já tem nomes para concorrer a eleição à prefeitura de Várzea Grande?
Com a pandemia, todas as previsões para 2020 acabaram sofrendo algum atraso ou mesmo foram descartadas. Temos um novo calendário eleitoral agendado para novembro. Esperamos dentro do prazo construir o melhor cenário para Várzea Grande.
É óbvio que o DEM, o meu partido, quer ter preferência na candidatura a prefeito, mas temos também os parceiros, outros partidos que ajudam a ganhar e a governar, portanto, defendo que temos que pensar em Várzea Grande e sua população e se o melhor nome para ser colocado a aprovação da população for de outro partido aliado, não vejo porque não aceitar e continuar apostando no futuro da cidade.
O que é inaceitável, seria voltar para as mãos de irresponsáveis que promoveram mais de uma década de atraso e descaso. O que fizemos enquanto gestora foi avançar e muito, mas para recuperar tudo que se deixou de fazer.
Como avalia a possibilidade de um nome de outro partido vir a ser apoiado pelo DEM, considerando conversas com o deputado Emanuelzinho, ou um nome do MDB como o de Kalil Baracat, ou ainda de outra legenda, por exemplo?
É como eu falei. Nome tem que ser colocado para a população que deve aprovar ou não. Sempre disse isto enquanto prefeita, quero ser avaliada pelo eleitor após meu mandato. Os nomes colocados são bons, tem serviços prestados, e demonstram que estamos ofertando a população pessoas comprometidas com a cidade e sua gente, seja Emanuel Pinheiro Neto, seja Kalil Baracat, ambos de partido aliados, como também nosso vice-prefeito José Hazama e o empresário Júlio Pacheco, ambos do DEM.
Os partidos devem apresentar seus nomes e construir junto ao eleitorado suas propostas para administrar a cidade por quatro ou mais anos com avaliações.
É como eu falei. Nome tem que ser colocado para a população que deve aprovar ou não.
Como a senhora gostaria que fosse o perfil desse sucessor?
Perfil de comprometimento com as coisas da cidade e as necessidades de sua população. De certa forma administrar uma cidade como Várzea Grande é fácil se todos caminharem em um único sentido, a da prosperidade geral e irrestrita e o que for melhor para a maioria. Sempre existirá descontentamento, mas eles são muito mais de ordem pessoal do que coletiva. Se tivéssemos como resolver os problemas de todos, quem não o faria? Mas como não tem precisamos olhar de forma globalizada e buscar o que é melhor para todos.
Como a senhora vê a relação tumultuada entre o Governador Mauro Mendes e o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro?
Olha, os problemas unem as pessoas, mas a divergência acaba surgindo geralmente na solução dos mesmos, ou seja, cada um quer resolver de uma maneira. Acho e disse isto a ambos em reunião no Palácio Paiaguás, ou unimos nossas forças em prol da solução e de se combater a COVID 19, ou a doença vai vencer a todos e com perdas, o que volto a frisar é inaceitável.
Ambos têm razão em seus pontos de vista, mas a gestão pública e a solução dos problemas pessoas, empresariais, comerciais, ou seja, do dia a dia das pessoas, deve ser sempre no sentido de recuar quando necessária para que o bem comum prevaleça e avançar quando for no interesse da coletividade.
O Estado tem obrigações para com todos os municípios de Mato Grosso, assim como o Governo Federal tem obrigações para com os Estados e com os municípios, pois as pessoas moram nas cidades, os problemas e as soluções estão nos municípios, portanto, temos que ter metas até distintas, mas com um fim único, atender a demanda e a população em seus anseios.
Duvido e aposto que no momento atual exista no meio da população outro pedido que não a cura da COVID 19. É claro que os problemas não deixaram de existir, seja de emprego, de renda, de qualidade de vida, mas hoje o sentimento é generalizado e em busca da cura da pandemia.
Mauro Mendes e Emanuel Pinheiro são bons políticos que divergem de opinião, mas vão fazer o que for melhor para todos.
Ainda não há comentários.
Veja mais:
Agressão a aluno: TJ mantém condenação de escola por omissão
Operação da Polícia Civil derruba golpe em compra de whiskies
Após cobrança do TCE, MT atinge 100% de adesão ao Saúde Digital
Super taxa dos Estados Unidos sobre exportações brasileiras
AL destaca momento inédito com três mulheres no Poder
Ação do MP: Justiça manda Juína implantar ações de proteção animal
Preços de alimentos caem, inflação perde força e fecha junho em 0,24%
Se o dinheiro virou patrão, quem comanda a sua vida?
Mercado Imobiliário: movimentação financeira aponta quebra de recorde
Deadlock: tabuleiro societário e as estratégias para evitar o xeque-mate