Da Redação
“Infelizmente a gente fica constrangido porque, sinceramente, nunca vi uma CPI concluir alguma coisa que pudesse dar resultado e resolver o caso. Nas décadas de 60 e 70, o Ipemat era um órgão rico que arrecadava muito dinheiro, com autonomia administrativa e financeira. Mas quem fez essa gestão do começo até o fim foi o próprio governo, o qual nomeava os presidentes e diretores”, disparou o ex-servidor do extinto Instituto de Previdência do Estado de Mato Grosso (Ipemat), José Monteiro dos Santos.
A "pontuação de Santos" ocorreu durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência da Assembleia Legislativa, na quinta-feira (12), que também contou com a participação do presidente do MT Prev, Elliton Oliveira de Souza.
Durante a 11ª reunião ordinária, o primeiro a ser ouvido foi José Monteiro dos Santos, que fez uma avaliação do que foi o Ipemat ao longo dos 30 anos de serviços prestados. Na oportunidade, o convidado falou que o governo "pegava dinheiro" para usar em outras finalidades e nunca devolvia, não se preocupando com o futuro da instituição.
“O principal ponto de estrangulamento para desvio do dinheiro da Previdência foi a assistência médica. Muitos privilégios foram concedidos. Desvios sempre tiveram. Os documentos que comprovam isso ainda existem num arquivo do órgão, com pastas contendo vários relatórios, mas o local está muito sujo e com poeira”, destacou Santos. O ex-servidor comentou ainda que pouco tinha para colaborar diretamente com os deputados, principalmente no fornecimento de documentações.
“A única coisa que posso colaborar é no sentido de informar para a CPI que toda a documentação necessária está no arquivo. No mais, não tenho posse de provas que possam validar o conhecimento que eu tinha no passado, pela convivência com quem lá esteve”, afirmou, se referindo aos ex-gestores.
O segundo depoente, Elliton Oliveira de Souza, preferiu destacar a importância dos trabalhos da CPI e colocou toda a equipe do MT Prev à disposição da comissão para questionamentos necessários.
“Na verdade, desde a primeira participação minha na CPI frisei a importância da comissão em evidenciar situações obscuras do passado da Previdência. Coloco minha equipe à disposição dos deputados para o que for necessário na colaboração de fatos. Atendemos todos os pedidos que foram feitos e encaminhamos documentos, pois o que a CPI conseguir identificar e trazer de volta vai ser bom para a Previdência”, assegurou Souza.
Para o presidente da CPI, deputado João Batista, a equipe técnica segue um cronograma de atividades, porém entende que é necessário adotar cautela na recuperação de documentos do Ipemat e MT Prev.
“Estamos seguindo as metas definidas desde o período de criação do Ipemat, passando depois para o MT Prev e, em cada um desses períodos, observamos que existe alguma legislação que foi muito permissível, com procedimentos realizados que hoje dificilmente se comprova se foi feita a compensação”, garantiu João Batista.
Diante dos documentos recuperados até o momento, o deputado [João Batista] confirmou que até o presente instante “houve erros que acabaram prejudicando a gestão do plano". "Agora restou um déficit que o governo pretende cobrar novamente do servidor”, lembrou o parlamentar.
“A equipe técnica da CPI está tendo dificuldades para resgatar a documentação para concluir os trabalhos, mas acredito que temos material suficiente para comprovar que realmente havia esse déficit”, ponderou ele.
Ao final, João Batista disse que a CPI vai encaminhar todas as irregularidades para o Ministério Público tomar as providências e punir os responsáveis. “Após a conclusão dos trabalhos, pretendemos responsabilizar quem for de direito, apesar de termos um lapso de tempo que pode prejudicar com a prescrição”, finalizou ele.
Com Assessoria
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