Onofre Ribeiro
Quem está assustado com o clima de reviravolta na América Latina saiba que pode piorar muito. Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina e Brasil, por ora. Uruguai vem aí. Há um histórico muito grande correndo no vazio dos fatos. Vamos tentar passar o lápis num breve desenho que justifique o título deste artigo.
A América Latina, exceção das guianas, na América do Sul, e algumas ilhas na América Central, do México pra baixo foi tudo colonização espanhola e portuguesa. Na época dessa colonização esses dois países eram os mais atrasados da Europa medieval. Logo, a colonização foi também atrasada. Continua atrasada.
Na verdade, todos os 19 países de colonização espanhola e o Brasil, o único português, Ainda conservam traços do caudilhismo colonizador. Em 2019 a Argentina retorna ao peronismo suicida da década de 1950. O Brasil retorna aos militares de 1964-1985. Em todos os demais países se busca encontrar uma identidade mínima de nações livres desde o século 19.
Esse modelo baseado na condução da política e da economia em cima da ação de elites aproveitadoras, ou de líderes políticos emergidos dessas mesmas elites. Aqui não se entenda elite como sinônimo político, mas como uma camada social construída historicamente com a missão de dirigir essas nações.
Enquanto a Europa e os países asiáticos também colonizados ou colonizadores em algum momento da sua história se encontraram, os países latino-americanos não evoluíram. Continuam atolados no subconsciente servil implantado pelos colonizadores. Em todos os países latino-americanos os ciclos históricos foram marcados pelo servilismo a lideranças nativas construídas em cima da ignorância coletiva.
Neste momento em que o mundo inteiro está passando por algum tipo de convulsão econômica, política ou social, a América Latina também se convulsiona. Atrasada em relação ao resto do mundo. Mas alguma coisa está acontecendo. Então, o raciocínio é simples: a América Latina está mudando de ciclo.
Nesse possível novo ciclo não cabe mais a cultura histórica do servilismo ao Estado, aos líderes políticos e aos líderes econômicos tradicionais. Não se sabe o que virá no lugar. Mas sabe-se que tem uma profunda mudança ocorrendo. Claro que ela não será pacífica e nem rápida. Os líderes políticos, econômicos e sociais existentes em todos os países não servem mais. Formar líderes novos num novo tempo é demorado e sofrido. Ainda mais se essa formação se der durante um processo de desconstrução da História.
O Brasil? Perguntaria o leitor. A resposta é curta. Vai padecer longamente a transição da colônia português para uma nação brasileira. Não tem quem o faça!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br wwww.onofreribeiro.com.br


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