Da Redação
Decisões e posições do presidente Jair Bolsonaro, como a suspensão de radares móveis em rodovias federais e ainda enfrentamento sobre a questão de preservação ambiental, além de outros, chamam a atenção não só pelo “tom” utilizado no Palácio do Planalto, mas também pelos reflexos que inevitavelmente deverão gerar ao país, ao Estado, especificamente no âmbito da economia.
Entrevistado pelo FocoCidade sobre “Bolsonaro: da suspensão de radares à devolução de milhões de dólares destinados para a preservação ambiental”, o analista político Lourembergue Alves é categórico ao pontuar a face negativa dessa seara. Confira:
Ações contrárias
“Há muito se sabe da violência no trânsito e do desmatamento desmedido. Medidas foram tomadas para diminuírem os números negativos tanto os do trânsito quanto os da natureza. E foram importantes, pois, caso contrário, as situações seriam bem piores. Embora ainda muito aquém do necessário. A tendência era de que houvesse mais e mais investimentos também nestas áreas. Mas o que se vê, neste ano, são ações que, ao contrário de coibirem o crescimento dos desastres, aumentarão, e muito. E tudo isto partindo do governo federal.”
As mudanças
“O presidente demonstra, na prática, não está nem aí para os ferimentos, as mortes e as perdas das famílias nas estradas do país. Tanto é que divulgou e depois encaminhou para o Congresso Nacional um projeto que alterava parte das regras: (a) oficializou em lei o uso da cadeirinha no banco de trás, porém retirou a punição para o adulto que não deixar a criança nela; (b) elevou-se de 20 para 40 pontos para que um motorista possa ter sua habilitação apreendida, caminhando em direção contrária aos demais países, nos quais, em muitos casos, e de até 10 ou 15 pontos; (c) a validade ou renovação da carteira salta de 05 para 10 anos, contrariando qualquer entendimento ou diagnóstico de saúde. E, agora, para completar, determina a retirada dos radares das BRs. Deus do céu! Isto é de uma irresponsabilidade sem igual. Pois não é desconhecimento de ninguém o triste quadro de acidentes e desastres nas rodovias brasileiras, e muitos destes são provocados por negligências, barbeiragens e imprudências dos motoristas.”
Visão caolha
“Os radares serviam-lhes de freios, uma vez que tocavam em seus bolsos. E, ao tocarem em seus bolsos, obrigavam a todos a estarem mais atentos, mais cuidadosos. Ainda assim, os índices da violência eram e são altíssimos. Dificilmente se pode encontrar uma família, no país, que não tenha tido uma perda no trânsito. Muito difícil. Mas, com as medidas do presidente, essas perdas certamente aumentarão, e os índices da violência serão infinitamente maiores. Desse modo, por mais que tenha, e sempre há quem aplaude tal medida do governo, é impossível não perceber o óbvio, mesmo que se saiba que o óbvio é mais difícil de ser percebido por todos. Aliás, Francisco Júnior, em seu livro “O que é realidade”, publicado pela Brasiliense, escreveu: “se o homem vivesse no fundo do mar, a última coisa que ele perceberia seria exatamente a água”. E, ainda se passasse a enxergar a água, mesmo assim duvidaria de que se trata, de fato, da água. É exatamente o que acontece no Brasil de hoje. Um presidente que sabe dos números desastrosos das rodovias, porém não quer enxergá-los, e, o pior, finge não ver a dor das famílias. Estranhamente, ainda tem gente que o aplaude, e faz questão que o eco de seu aplauso se estenda por um espaço e por tempo bem maiores.”
Prejuízos na economia
“Não é diferente com relação às palavras do presidente sobre a natureza. Outro dia, ele contestou os números do INPE, mesmo sem quaisquer conhecimentos a respeito. Questionou, esbravejou e exonerou um diretor do órgão. Hoje, veiculam-se mais uma vez nos principais meios de comunicação, os números do desmatamento na Amazônia. Ah! Os números não são do INPE. Com certeza, se consultado, o presidente irá contestar, questionar. E cada vez que ele fala, maior descontentamento provoca tanto internamente quanto no estrangeiro. Consequentemente, prejuízos serão enormes. A Alemanha suspendeu o repasse que fazia para o fundo da Amazônia. Exemplo seguido pela Noruega. Pior de tudo não é a grana que eles deixam de mandar, mas é a reação do mercado internacional, o que provocará a paralisação de acordos importantes para o país, e espaços de comércio para os empresários do agronegócio. Aliás, o ex-governador Blairo Maggi foi muito feliz quando criticou as falas do presidente. E não se posicionou por amar a natureza, mas por defender o espaço comercial de seu setor. Portanto, tem-se um retrocesso gigantesco no que tange ao disciplinamento do trânsito quanto na questão do desmatamento. Isto é alarmante. Muito mais do que se possa imaginar. É isto.”
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