Alfredo da Mota Menezes
Dias atrás, a Arsec, agência de serviços municipais da capital, publicou pesquisa sobre água e saneamento em Cuiabá. Assunto que deveria ser pauta constante desta cidade. Segundo a pesquisa, a maioria das casas recebe água todos os dias, outras em dias alternados e tem lugares que não chega água nas torneiras.
No saneamento, mais da metade das casas tem coleta, quase 30% tem ainda fossa asséptica. Mais de 19% das pessoas disseram que sentem mau cheiro de esgoto. Numa população de 600 mil habitantes, quase 120 mil convivem com isso.
Dizia a Arsec que iria promover audiências públicas para debater o assunto. Que seria convidada a Águas Cuiabá, concessionária do serviço de água e esgoto da capital. Saber, dizia, se o contrato da concessão está sendo cumprido. As audiências parece que não aconteceram até agora.
Esse assunto, principalmente o do esgoto, tem que merecer mais atenção, chega-se aos 300 anos da capital com uma chaga desse tamanho. Já tomaram conta do saneamento em Cuiabá: o governo com a Sanemat, depois foi a Sanecap, com a prefeitura. A coisa não andou.
No meio do caminho apareceram fatos que, se fossem concluídos, talvez não houvesse essa feia chaga. O programa BID-Pantanal previa perto de 900 milhões de reais para, entre outras ações, ser aplicado em tratamento de esgotos em cidades que margeiam rios que vão para o Pantanal. Cuiabá e VG se beneficiariam. Morreu de morte morrida.
Depois morreu também o PAC-Saneamento que destinaria, no dinheiro de hoje, mais de 400 milhões de reais para tratamento de esgoto da capital. Empreiteiros foram apanhados em conversas malandras e o assunto parou na policia.
Fez-se depois a concessão à CAB, ela foi embora sem cumprir praticamente nada do contrato que assinara. Agora tem a Águas Cuiabá.
Em outros lugares, independente de ser estatal ou concessão, a coisa anda. Na cidade de Franca, primeiro lugar no Brasil em saneamento, tem um braço da Sabesp, estatal paulista. Em Campo Grande tem a Águas Guariroba que deveria entregar, em 2025, 70% de coleta do esgoto. Já atingiu 80%, bem antes da data prevista. Por isso, Cuiabá está na posição 67 em saneamento entre as maiores cidades do Brasil e Campo Grande na 25. Cuiabá é a pior capital do Centro Oeste nesse assunto.
Independente das audiências pensadas pela Arsec, o TCE deveria entrar nessa empreitada também. Seguir de perto os passos do contrato com a Águas Cuiabá. Não esperar, como tem sido a regra, que o erro ocorra para depois atuar.
Seria interessante ainda que o Departamento de Engenharia Sanitária da UFMT dedicasse tempo e atenção a esse assunto, principalmente se estão cumprindo, lá na rua, os serviços que deveriam ser feitos pela concessionária. Quem sabe a Arsec contratasse aquele departamento para assessorar essa agência.
Saneamento é importante para a saúde das pessoas, para a estética de uma cidade e, no caso estadual, para diminuir a poluição desbragada que os esgotos não tratados fazem nos rios que vão para o Pantanal.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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