Kelly Nunes
Com frequência, ouvimos de donos e gestores de empresas que as pessoas são os ativos mais importantes da organização. Ainda que seja verdade, como essa afirmativa se materializa se não houver ações que sustentem essa ideia? Mesmo em meio à crise, as empresas devem reservar parcela de investimento em educação para se manterem competitivas no mercado.
Trazendo um dado de realidade, de acordo com a 12ª edição do estudo O Panorama do Treinamento no Brasil, desenvolvido pela Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e pela Integração Escola de Negócios, em 2017, as empresas brasileiras destinaram 0,63% do seu faturamento anual bruto para o investimento anual em treinamento. Isso representa um crescimento de 37% em relação ao ano anterior. O valor médio investido foi de R$ 788 por colaborador, um crescimento de 21% em relação ao ano anterior.
Apesar dos números positivos, infelizmente, não há como fugir da situação lastimável da educação brasileira. E esse déficit educacional acaba caindo dentro das empresas, que se deparam em seu cotidiano com uma mão de obra que possui dificuldades elementares, como fazer contas de matemática básica e um nível precário de aprendizado da língua portuguesa.
Com isso, o nível gerencial precisa estar preparado para receber estas pessoas e capacitá-las. É responsabilidade dos gerentes atuar também na formação dos colaboradores, focando em treinamento, capacitação, formação, contribuindo, deste modo, para o crescimento individual e da corporação.
Agora uma dúvida, será que esse gerente realmente está preparado para fazer uma análise de como está a equipe e ter a noção de quais competências precisam ser desenvolvidas? Essa preocupação em desenvolver as pessoas e reter talentos, é sem dúvida um desafio constante de quem atua como líder.
Há empresas que fazem planos de treinamento, investindo em cursos que não focam nos conhecimentos necessários para melhorar as competências das pessoas. A responsabilidade pelo crescimento das pessoas cabe aos líderes, mas ainda há os que acreditam que este papel continua sendo uma responsabilidade da área de RH.
Embora conscientes de que dependem das pessoas para atingir as metas, alguns líderes não sabem como gerir o desempenho e na maioria das vezes por falta de capacitação. Limitam-se a acompanhar a rotina ou apenas fazem o papel de operador, não sabendo estabelecer metas e definir quais competências são necessárias aos seus colaboradores.
O professor Vicente Falconi, no livro ‘O verdadeiro poder’, ressalta: “Um bom líder deve conseguir resultados por meio das pessoas; logo, o líder deve investir um tempo substancial no desenvolvimento do seu time”.
Independentemente do tipo de negócio, o sucesso depende essencialmente das pessoas envolvidas. Hoje, temos observado que muitas empresas deixam de atingir o crescimento planejado por negligenciarem um planejamento de desenvolvimento da equipe que vai executar esse planejamento.
Para mudar o pensamento de que educação não dá resultado para o negócio, é preciso investir em métricas e indicadores de resultados. Porém, essa ainda é uma dificuldade, tanto para os RHs, quanto para as instituições de ensino. Na prática, o Brasil ainda engatinha nesse assunto.
Se por um lado é vital o empreendedor incorporar a importância de investir no quesito educação, por outro, o trabalhador também deve se conscientizar de que a tendência do mercado é desprezar os que têm pouca capacitação. Ambos precisam agarrar as novas oportunidades, de capacitar e ser capacitado, com vontade de fazer realmente a diferença.
Ainda assim, você ainda pode estar pensando: ‘Por que treinar meus líderes e funcionários se eles vão acabar indo, em algum momento, para outra empresa?’. A pergunta ao invés disso, deve ser, e se eu não treinar e eles ficarem?
Kelly Nunes é administradora pela UFMT, especialista em Gestão Estratégica Avançada, 20 anos de experiência em gestão empresarial, processos e planejamento estratégico e sócia proprietária da Nunes Brandão Consultoria Empresarial, krcnunes@terra.com.br.


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