Onofre Ribeiro
O perfil dos candidatos e dos eleitores deste ano ainda está muito estranho. Indefinido e obscuro. Em Tocantins a eleição pra o mandato tampão do governador, até dezembro próximo, trouxe recados também muito esquisitos. Vou ficar só no sentimento do eleitor: temor e ódio. E os candidatos: o caráter ruim não os impediu de receber os votos. Está aí o paradigma: um eleitor raivoso e candidatos sem rumo.
O eleitor não terá muitos motivos pra mudar nesses 4 meses que faltam pra eleição. Os candidatos também não. O que nos espera é uma eleição confusa. Esquisita. O eleitor não sabe bem o que deseja, e os candidatos não sabem o que dizer. Na linguagem do marketing os candidatos não conseguem construir um discurso que dê ao eleitor garantia mínima de que não será um fiasco. E o eleitor do jeito que está não consegue enviar aos candidatos uma mensagem do que efetivamente deseja. Há, portanto, um racha perigoso entre as duas pontas.
Penso que o discurso fácil de eleições anteriores não valerá nessa. Tipo: precisamos crescer e vamos avançar na infraestrutura, na educação, na saúde e na segurança. Muito genérico e sem propósito. O eleitor ferido de morte na sua fé, nos sonhos e na esperança quer mais. Isso terá que levar os candidatos para um terreno extremamente pantanoso: o do inconsciente coletivo. É uma percepção difusa, não explícita e quase sempre manifesta em atitudes isoladas. Está no ar numa percepção não clara.
O que dizer ao inconsciente coletivo deste país e deste Estado se a linguagem de interpretação dos candidatos não compreendeu que os discursos genéricos já não servem mais. Prometer obras não resolve. Prometer combater vícios da gestão não resolve.
O pior vem agora. Qualquer promessa que atenda minimamente ao inconsciente coletivo terá que focar no papel do Estado. Isso significa desmontar o modelo de Estado que nos legou a famigerada Constituição de 1988. E mexer no poder imenso das poderosas corporações que assaltaram o Estado e geraram corrupção, redução dos serviços públicos, aumento de impostos, piora generalizada do papel do Estado frente aos cidadãos. No entanto, as corporações que governam o país a partir do Estado vão muito bem, obrigado! E vão lutar violentamente contra quem quiser mexer nos seus privilégios.
Quem vai querer ou terá forças suficientes pra encarar as reformas do Estado, a tributária, a política, a previdenciária, a trabalhista e reduzir os privilégios das castas governantes? Haverá alguém capaz disso? Se houver fará um compromisso de vida e morte com o eleitor. Se não, será morto em poucos meses de governo pelo eleitor ou pelas corporações. Precisará ser um iluminado pra sobreviver!
Não queria estar na pele de ninguém que se candidate. Mas o povo e os eleitores apoiarão contra todas as correntes contrárias, aqueles que caminharem nessa espinhosa direção!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.


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