• Cuiabá, 24 de Agosto - 2025 00:00:00

Como se chegou a tantos partidos


Alfredo da Mota Menezes

            Na lista do TSE aparecem 35 partidos com registros, 26 estão representados no Congresso. Tem uma história por trás desse aumento enorme de partidos.

            Os militares tomam o poder em 1964 e, no inicio, não mexeram nos partidos políticos, como UDN, PSD ou PTB. Na eleição para governador em 1965 começa a mudança.

              Negrão de Lima no Rio e Israel Pinheiro em Minas, candidatos do PSD de Juscelino Kubitschek, ganharam as eleições para governador. Juscelino era o nome mais temido dos militares na política.  O regime resolve acabar com os partidos tradicionais.

            Vão criar, no lugar dos antigos partidos, a Arena e o MDB. O que levou um historiador norte americano a dizer que um era o partido do sim, o outro do sim, senhor. Não foi bem assim, o MDB vai incomodar o regime.

            Os militares também acabam com eleições para governadores e prefeitos de capital, eram nomeados. Permitiam, no entanto, eleições para deputados e senadores.

            Nessas eleições, apesar de inúmeras leis eleitorais casuísticas, a oposição, representada pelo MDB, ia crescendo. Frente à situação, o regime, em 1980, acaba com a Arena, criando em seu lugar o PDS. A exigência era que partido tivesse um P na frente. O MDB virou PMDB. Hoje voltou ao MDB.

            Tem muita gente que acha que o regime militar transitou em céu de brigadeiro. O crescimento constante do partido de oposição é uma clara demonstração do contrário. Incomodado o regime daria mais uma guinada na política partidária.

          Tomou a pior medida possível ao permitir que se criassem quantos partidos se quisesse. Os donos do poder imaginavam que o PDS continuaria unido e o PMDB se escafelaria em muitos outros. Não foi tanto, mas até aconteceu, nasceram da costela daquele partido o PDT, PSDB e até o PT.

            A América Latina estava cheia de ditadura militar, mas em nenhum país acabaram com os partidos tradicionais ou abriram à proliferação de partidos. No Uruguai se têm partidos que vem desde o século 19. Não se fez na região a besteira que foi feita no Brasil. 

           Para completar a profusão de partidos o Congresso criou, em tempos mais recentes, o Fundo Partidário, aquele dinheiro público distribuído a todos os partidos. Tem partido criado só para abocanhar um pedacinho disso, inclusive para uso dos dirigentes. Apareceu ainda a distribuição do tempo no horário gratuito.

                Para aumentar a feiura do monstro criaram a coligação partidária. Lugar que nutre os chamados partidos de aluguel, servem de escadas para os grandões. Somam votos e tempo na televisão e rádio para os partidos maiores. Tudo isso não tem nada com o regime militar, foi criação posterior do Congresso.

             E para enfeitar ainda mais essa belezura, um dia o STF derrubou a cláusula de barreira que iria vigorar aos poucos em eleições vindouras. Um equívoco que trouxe consequências dramáticas para a politica no país. Hoje não se teria tantos partidos.

             O regime militar criou o monstro, o Legislativo e o Judiciário o nutriram.

 

Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente. 

E-mail: pox@terra.com.br    site: www.alfredomenezes.com   




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