Da Redação - FocoCidade
O chamado “mensalinho”, com verba fruto da corrupção repassada a deputados estaduais de Mato Grosso teria começado na gestão do ex-governador Blairo Maggi, hoje ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Na delação, o ex-governador Silval Barbosa detalha as nuances do sistema no Poder Legislativo, que teria continuado na sua administração (março 2010/dezembro 2014).
“No governo do ex-governador Blairo Maggi começou a se operar o chamado "mensalinho" no ano de 2003, quando o colaborador era da mesa diretora. Esse mensalinho era uma vantagem indevida que era paga para cada deputado estadual do Estado de MT, tendo começado no ano de 2003 em torno de R$ 30 mil reais por deputado. Para efetuar esse pagamento, houve um acordo entre a mesa diretora da AL e o governador do Estado para que este (governo) aumentasse os repasses para a AL, sendo que acredita o colaborador que no ano de 2003 houve um acréscimo de 12 a 15 milhões de reais no orçamento da AL para que os pudessem retirar desse valor as vantagens indevidas”, diz em trecho da delação.
Segundo o ex-governador, a suplementação ao orçamento do Poder Legisaltivo foi tratada com o ex-secretário de Estado, Luiz Antonio Pagot, homem forte do governo Blairo Maggi. “Tais tratativas foram realizadas pelo Secretário de Infraestrutura Luiz Antonio Pagot, pelo Secretário de Fazenda Valdir (que no dia de hoje é conselheiro do TCE) e o governador da época 8lairo Maggi (hoje Ministro da Agricultura). Todas essas pessoas citadas sabiam que o aumento do repasse para a AL seria para os deputados receberem suas vantagens indevidas, as quais ocorriam através de serviços não prestados, sendo que em contrapartida a AL apoiaria o governo nos projetos de seus interesses.”
Silval Barbosa pontua o “repasse da tarefa das negociações” para o ex-secretário de Estado, Eder Moraes. “Que isso aconteceu até o ano de 2010, sendo que entre os anos dentre os anos de 2008 a 2010 a pessoa do governo responsável pelas negociações com os deputados passou a ser Eder Moraes, sempre com a ciência do governador 8lairo Maggi e a partir de 2010 em diante o colaborador, sendo que na época em que o colaborador era governador do Estado o próprio colaborador que conduzia essas conversas com a mesa diretora, sempre na pessoa de José Riva.”
Destaca que o atual conselheiro (afastado) do Tribunal de Contas do Estado (TCE), então deputado estadual Sérgio Ricardo, participava nas negociações.
“O então deputado Sergio Ricardo, nos ano de 2007 até o ano de 2012, (hoje Conselheiro do TCE MT) também participava dessas negociações sobre o mensalinho dos deputados, mas após 2012 responsáveis por essa negociação os deputados estaduais José Riva, Romoaldo Junior e Mauro Savi.”
Articulação para mais vantagens
“Acredita o colaborador que no ano de 2012 ou 2013 os deputados estaduais fizeram uma reunião entre eles, tendo participado a maioria dos deputados ocorrida na AL para discutir como eles iriam conseguir mais vantagens indevidas do governo. Tal reunião foi gravada pelo deputado Adauto de Freitas, vulgo Daltinho, que passou a chantagear os deputados estaduais da época, usando tal gravação para manter-se no mandato, pois ele era suplente na época. Ele entregou para o deputado Romoaldo tal gravação e usava isso para se manter no efetivo exercício, que tal gravação foi mencionada para o colaborador pelos deputados Romoaldo Junior, Riva e Mauro Savi. Que após tal reunião na AL, os deputados estaduais José Riva, Mauro Savi, Romoaldo Junior, Gilmar Fabris, Baiano Filho, Wagner Ramos e Dilmar Dalbosco foram até o Palácio Paiaguas e passaram a exigir uma participação nas obras da Copa do Mundo, pois do contrário não aprovariam as contas e criariam dificuldades na aprovação de leis.”
MT Integrado
“Nessa reunião o colaborador ofereceu passar para a gestão de alguns deputados obras no montante de R$ 400 milhões do MT INTEGRADO, para que os deputados conseguissem receber cerca de 3% a 4% dos empresários de propina, no entanto, eles não aceitaram tratar diretamente com os empresários, ficando decidido com os deputados estaduais que o colaborador iria ficar responsável por nomear alguém para receber esse montante de 3% a 4% dos empresários e repassar para os deputados estaduais, ficando para Valdisio Viriato (Secretário Adjunto) da SINFRA o encargo de receber tais montantes dos empresários e repassar ora para o colaborador, ora para Silvio (chefe de gabinete) para repassar para os deputados estaduais. Ficou estipulado o valor de R$ 600 mil reais por deputado, sendo que Silvio tem uma lista contendo os valores repassados a cada deputado, pois era a pessoa responsável em repassar tais valores aos deputados a pedido do colaborador, que SILVIO conseguiu gravar de deputados estaduais recebendo tais propinas.”
Funcionamento do sistema
“Frisa ainda o colaborador que tais pagamentos ocorriam concomitantemente com os valores pagos pelo mensalinho através de orçamento suplementar. Cita ainda que no final de 2010, quando era governador, no final de todos os anos a maioria dos deputados exigia uma outra vantagem indevida em torno de R$ 70 a 100 mil reais para cada deputado, o que gerava um valor de R$ 1 milhão a 1,5 milhão e meio, sendo que tais valores eram pedidos pelo presidente e primeiro secretário da mesa. O colaborador tem ciência que a mesa diretora, juntamente com GILMAR FABRIS, coordenou com o governo atual regulamentar através de lei o mensalinho, em troca o governo atual teria o apoio dos deputados. Tal fato foi narrado ao colaborador por alguns deputados.”
Blairo Maggi nega as acusações, acentuando nunca ter tratado de negócios ilícitos em sua gestão. Diz que as acusações são mentirosas e levianas e que confia na Justiça para esclarecimento dos fatos.
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