Paulo Lemos
Muitos religiosos, de matizes distintas, tentam domesticar a figura histórica de Jesus, construindo uma doutrina em que o adepto do cristianismo não pode fazer uma miríade de coisas, porém, além de ir a igreja, orar, cantar e dizimar, não precisa fazer muitas outras coisas, sobretudo as que Cristo fez e o levou direto para cruz.
Só para lembrar, Jesus não foi assassinado pelo que não fez, ou pela prática de rituais quaisquer. Ele foi crucificado por ter de uma só vez afrontado o sistema em todas as suas dimensões, política, econômica e religiosa. Antes dele já havia ocorrido o mesmo com seu primo, João Batista. Tendo sido assim com todos os mártires (a/C e d/C).
Todavia, muitos preferem fazer do cristianismo tudo o que o jovem nazareno se opôs em vida, "letra fria e morta da lei", "show de mágicas" ou simples "passaporte para o Céu" e "salvo-conduto do Inferno". Tais atitudes nada têm de libertadoras e altruístas. São, no fundo, alienadoras e fisiológicas.
Cristianismo sem sacrifício, caridade, riscos e rebeldia não reproduz a vida e ensinamentos de Jesus, ou de qualquer um dos mártires. Eles não entregaram suas vidas para que a mensagem do Evangelho viesse a ser instrumento de controle e manipulação social para manutenção do status quo, bem como para preservação dos interesses das castas sacerdotais, das elites econômicas e da classe política dirigente, como, por exemplo, ocorre com a bancada BBB da Câmara dos Deputados.
Quer tirar a prova dos nove? Mapeie quem são os de(puta)dos que votaram contra a mera possibilidade de investigação e processamento de Michel Temer (PMDB), mesmo com todas as provas produzidas em vídeo e som, e quais segmentos da sociedade eles representam. Afora o próprio PMDB, atualmente maior bancada dos representantes do sindicato dos políticos envolvidos em esquemas de corrupção, como votaram as bancadas evangélica e ruralista?
Paulo Lemos é advogado em Mato Grosso
(paulolemosadvocacia@gmail.com)
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