Paulo Lemos
Psicose não é brincadeira, tampouco dramaturgia. É um transtorno mental caracterizado pela desconexão com a realidade, como ocorre na esquizofrenia ou na bipolaridade, em estágios agudos, sobretudo; ou mesmo quando submetidos a situações e experiências traumáticas, altamente estressoras; ou, ainda, a partir da reação química e orgânica da interação entre substâncias que têm repercussão na psique humana, no sistema nervoso central. Enfim, são várias as hipóteses de deflagração.
Muitas pessoas não fazem a mínima ideia do que seja uma crise ou um surto psicótico. Julgam​ algo que desconhecem. Atiram pedras sem procurar compreender a condição do outro, sobretudo quando fruto de um distúrbio ou transtorno.
Ninguém escolhe ser ou estar doente. Muito menos controla aquilo que vem do inconsciente ou do desequilíbrio hormonal, sem o devido tratamento profilático e de manutenção.
É verdade que, quando estamos cientes e conscientes de alguma disfunção em nossa vida, precisamos e temos a responsabilidade de correr atrás para previnir e eliminar os riscos e o perigo de concorrer para o cometimento de prejuízos de incerta ou impossível reparação, em face de si próprio e de terceiros.
Contudo, nem sempre a solução de todos os problemas está em nossas mãos, principalmente quando trata-se de um doença, que, sim, pode ser psiquiátrica, pode ser psicoemocional, cognitiva e comportamental.
Nessa situação, qualquer um de nós que estivéssemos nela, iríamos desejar ser ajudados, não condenados sumariamente, sem o direito de clemência e misericórdia, sequer do contraditório e da ampla defesa.
Na verdade, além do mal que existe dentro de nós, ao lado bem, fruto da natureza dialética do ser humano, outrossim, há muita ignorância sobre o tema das psicopatologias. Às vezes, são até tratadas como mentiras ou frescuras. Nada compromete o tratamento e melhora de alguém do que a falta de apoio, discriminação e recriminação sofridas indevida e inadvertidamente.
Ninguém está imune a ter implicações na área da saúde mental. Basta estar vivo, para poder adoecer. Portanto, faça ao próximo o que gostaria que fosse feito por você, caso se encontrasse com alguma enfermidade.
Paulo Lemos é advogado e acadêmico de Psicologia na UNIFLOR.


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