• Cuiabá, 19 de Setembro - 00:00:00

Vereadores são inúteis? Até quando?


João Edison

Os vereadores são os políticos mais próximos da população, ou seja, os representantes do povo junto aos órgãos públicos de melhor acesso do eleitorado. O Brasil possui 56.93l vereadores espalhados nos 5.568 municípios do país. Seu papel deveria ser imprescindível ao cidadão. Mas no geral não tem sido assim.

Quem não lembra do termo “casa dos horrores”, aplicada por anos ao poder legislativo de Cuiabá? E os constantes episódios neste primeiro semestre com os vereadores de Várzea Grande? Lembrando que declarações e ações desastrosas e criminosas são uma constante por todo o Brasil.

Vamos pegar a cidade de Várzea Grande, em Mato Grosso, como exemplo, afinal é a mais afamada do momento: O atual presidente do Legislativo, para justificar um possível aumento de salário, já declarou que: “Gasto todo meu salário de vereador atendendo o povo. Neste feriado de natal, gastei mais de R$ 700 atendendo as pessoas que não tinham nada neste natal. Foram mais de 30 pessoas que foram até minha casa procurar ajuda”. Segundo o próprio, ele gastou atendendo os anseios da população, como remédios, cestas básicas e outros. É crime.

Outro vereador, agora no mês de maio foi agredido nas dependências da Prefeitura de Várzea Grande. Segundo ele, o agressor foi um fiscal de tributos do município. Isto ocorreu quando o vereador foi ao paço municipal para tirar dúvidas sobre IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano) e alvará. No local, foi hostilizado pelo servidor, que logo em seguida o agrediu com um tapa no braço. Vereador é autoridade, mas não é mais respeitado como tal.

No mesmo município, o mês de junho de 2017 terminou com o episódio que ficou conhecido nacionalmente de um vereador que estacionou em lugar proibido, não gostou da multa e teve a ajuda de um outro que disse que a policial tem mania de “cumprir a lei” e isso não é certo. E para piorar, dezesseis dos vinte e um vereadores aprovaram uma moção de repúdio a policial por estar fazendo o correto. Repúdio a lei e culto a desordem. Pode?

Não bastando, no segundo dia do mês de julho deste ano (2017), outro vereador da mesma cidade (Várzea Grande) provoca um acidente e, segundo policiais, estava dirigindo alcoolizado. Quem recebe para representar o cidadão, fiscalizar e fazer leis pode ser mal exemplo? Não!

Tudo isso para quem ganha R$ 10 mil de salário, mais R$ 9 mil de verba indenizatória e ainda tem direito a seis cargos para o gabinete. Com todas estas regalias são muitos desconfortos para um período de seis meses a um custo muito alto para a população.

Por cultura, desconhecimento ou até má intenção, os nobres edis, em sua grande maioria, preferem se cercar de pessoas que além de não contribuírem moralmente, também não tem conhecimento, mas são bons incentivadores das velhas e malfadadas práticas clientelistas e da arrogante soberba autoritária com adjetivos de pessoas “simples e humildes” “pros companheiro”.

O dinheiro é muito mal gasto. Agem por intuição e repetem as orientações das velhas decadentes e desinteressantes “raposas”, ídolos por terem conseguido várias eleições de sucesso (neste caso eleger é mais importante que representar). Contratam cabos eleitorais para seus gabinetes e reforçam com compadrio para puxar o saco. E a verba? Bem, a verba é gasta para fazer a próxima eleição. Em um paternalismo, assistencialismo criminoso é viciante.

Tem solução? Tem, caso contrário é melhor acabar. O vereador seria a mola mestra da democracia se a maioria não fosse tão inútil. Mas da forma que esta é bom acabar. Dinheiro para fazer um bom ou ótimo mandato tem. Só tem que gastar bem. O vereador não é obrigado a entender de tributação, por isso deve ter um bom assessor contábil. Ele não é obrigado dominar as Constituições federal, estadual e municipal, mas pode ter um advogado na assessoria.

Para garantir uma reeleição e permanecer na política, precisa de uma comunicação qualificada, um gestor de imagem e de crises, ter alguém que consiga proporcionar leituras boas e constante dos cenários políticos. Alguém que domine as áreas de comunicação (jornalista), sociologia, filosofia ou ciências política. Profissionais capacitados para ajudar a criar bons projetos e cuidar de seu comportamento e da sua imagem, afinal vereador é uma autoridade e tem obrigações a cumprir. Tem bons profissionais no mercado, mas bons profissionais não trabalham de graça nem bajulam marmanjo.

E hora de acordar, pois a reputação dos políticos como um todo está ruim, E você, vereador, é o mais próximo da sociedade. No andar da carruagem será o primeiro sacrificado, pois hoje não vale o quanto ganha, não produz para justificar o cargo, atrapalha o trabalho da maioria dos prefeitos e ainda é uma vergonha para a cidade e para quem paga seu salário, o povo.

Mas enquanto insistirem em estar apenas cercados por intuitivos aliciadores de eleitor analfabeto, puxa-sacos, baba ovo e bajuladores, os nobres vereadores deste perfil só servirão para serem comediantes canastrões de muito mal gosto e de preço muito elevado para a sociedade. Tapa na cara, pacuzinho na cueca, esculacho em rede social, bobó cheira-cheira em jornal nacional já é rotina. O próximo passo será sua extinção. Muitos na sociedade já não enxergam mais necessidade de sua existência.

 

João Edison é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso. 




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