Neurilan Fraga
Nas últimas semanas, se intensificaram os debates sobre a crise da saúde no estado de Mato Grosso que atinge em cheio os municípios, frequentemente acionados judicialmente para atender demandas e na maioria das vezes não são de sua responsabilidade constitucional. Lamentavelmente, temos que admitir que a situação é caótica, temerária e preocupante, pois chegou ao fundo do poço. Os municípios estão com os repasses atrasados e não possuem recursos suficientes para atender a demanda, cada vez mais crescente, mas mesmo assim estão aplicando e m torno de 25% do seu orçamento na saúde pública.
Os prefeitos presenciam de forma frequente o drama que afeta principalmente a população mais carente. É bem verdade que a situação que estamos vivenciando é também consequência dos governos anteriores que não priorizaram o setor da saúde. As falhas foram acumulando e resultaram em hospitais fechando as suas portas, unidades de saúde sem profissionais suficientes, falta de medicamentos, ambulâncias quebradas, entre outros problemas.
Neste sentido é imprescindível unir forças para encontrar soluções não só para resolver os problemas de imediato, como também de médio e longo prazo. Com isto, consolidar todo o sistema de saúde pública de Mato Grosso. Com este objetivo, já está sendo empreendido um esforço concentrado entre a Associação Mato-grossense dos Municípios, Governo do Estado, Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas e Ministério Público e as entidades que representam o setor produtivo.
Assim a meta é buscar saídas que de fato venham superar esta crise e oferecer uma saúde pública de qualidade a população. Para tanto, foi instalada uma comissão para debater o assunto, composta pela AMM (representada por mim) e pelos prefeitos Altir Peruzzo (Juína), Jeferson Gomes (Comodoro), Fábio de Faria (Canarana), Nelson Paim (Poxoréu) e Rosana Martinelli (Sinop), além de parlamentares como o próprio presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho e secretários, representantes do Governo do Estado. Na primeira reunião realizada pela comissão, apresentamos uma proposta que contém um Plano de Revitalização e Consolidação do Sistema de Saúde Pública de Mato Grosso, que aponta novas fontes de receita, medidas que o governo deva tomar na área da gestão da saúde pública e também sugestões para promover o equilíbrio financeiro e orçamentário do Estado.
Esta nossa sugestão fundamenta em que parte dos recursos do Fethab/diesel destinado ao governo, aos municípios, das comodities/adicional e dos poderes, previstos, em seus orçamentos, sejam destinados á saúde. Isto representará um reforço de caixa da saúde de cerca de R$ 500 milhões por ano, sem considerar os recursos já programados no orçamento do Governo do Estado.
Fazemos questão de deixar claro que na nossa proposta há uma cota de contribuição e de “sacrifícios” de todos os poderes, instituição e do setor produtivo, visando salvar vidas e amenizar o sofrimento daqueles que procuram os serviços de saúde pública tanto de responsabilidade do Estado como também dos municípios. O nosso plano contém ações financeiras e de gestão para resolver os problemas emergenciais e médio e longo prazo. A curto prazo que vai até o final de 2017, a previsão é arrecadar de forma emergencial aproximadamente R$ 248 milhões, oriundos do Fethab/diesel, Fethab das comodities/adicional e dos valores do Fethab transferido para os poderes na forma de transferências constitucionais. Já as ações de médio e longo, prazo (a partir de janeiro de 2018), o objetivo é financiar a saúde pública para os anos vindouros. Também terão contribuições, originárias do Fethab/diesel que vai para o governo (20%), para os municípios (10%) e das comodities/adicional (10%). Já a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e o Ministério Público, contribuirão com cerca de (10%) dos recursos previstos nos seus orçamentos.
Porém buscando a solução definitiva que garanta o financiamento da saúde a médio e longo prazo, sugerimos que o Governo do Estado, que tem a obrigação de repassar recursos para os municípios na área da atenção básica e manter os hospitais regionais, aplique pelo menos 15% das suas receitas correntes liquidas programadas nos seus futuros orçamentos.
Desta forma, esse esforço conjunto possibilitará que o estado e os municípios façam uma saúde pública eficiente, como menor gasto e com qualidade no momento que o cidadão necessita do atendimento. Na reunião, a equipe do governo apresentou uma outra proposta como forma de financiar a saúde pública com dinheiro novo, onde prevê a majoração do ICMS que incide sobre o óleo diesel. No entanto, como esta proposta ainda está em discussão, a equipe do estado apresentará a proposta em três cenários, cujos os valores da oneração do ICMS do diesel será analisada na próxima reunião da comissão. O fato é que precisamos buscar soluções emergenciais e definitivas para o problema, que está afetando toda a população. Defendemos um plano que de fato resolva definitivamente essa situação vexatória em que se encontra a saúde de Mato Grosso. Precisamos assegurar à população o direito constitucional à saúde e o acesso a um atendimento digno, respeitoso e oportuno.
Salvar a vida de uma pessoa é infinitamente mais importante do que fazer tapa-buracos, ou pavimentar um quilômetro de estrada ou mesmo de vias urbanas!
Neurilan Fraga – Presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios
Ainda não há comentários.
Veja mais:
PC: homem é preso com quase 3 mil arquivos de pornografia infantil
TCE: parecer favorável à aprovação das Contas 2024 do Governo de MT
CPMI do INSS: senador pede legislação que dê segurança aos aposentados
Assalto violento em fazenda: TJ nega redução de pena
Após incêndio em veículo, Justiça condena empresa de ônibus
Polícia Federal desmantela grupo acusado de crime de moeda falsa
Operação Ruptura da Polícia Civil mira facções em Mato Grosso
Câmara pauta projeto que regula redes sociais para crianças
Decisão: intimação eletrônica equivale à pessoal em processos
42 anos da FCDL-MT: uma trajetória de fortalecimento do comércio e desenvolvimento para Mato Grosso