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Pacto entre gestão pública e entidades assegura recuperação de 60 nascentes

  • Em Geral
  • 19/05/2017 09:05:57

Da Redação - FocoCidade

As ações conjuntas entre gestões públicas e entidades tem assegurado avanços quando o assunto é preservação do meio ambiente. Um exemplo é a parceria entre a WWF-Brasil, Governo do Estado e outras 50 entidades que fazem parte do Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal.

Levantamento aponta que essa parceria já recuperou mais de 60 nascentes degradadas na região Oeste do Estado. Somente em Jauru já estão sendo cercadas e recuperadas 11 nascentes com apoio da WWF-Brasil, do Consórcio Complexo Nascentes do Pantanal e Prefeitura Municipal.

A ação conjunta entre todos os participantes tem o compromisso de trabalhar na recuperação dos recursos hídricos da região. De acordo com o secretário executivo do Consórcio Complexo Nascentes do Pantanal, Dariu Antônio Carniel, mesmo com pouca divulgação, os produtores já têm procurado a entidade para fazer a preservação. “O setor produtivo, principalmente o pequeno agricultor, tem sentido o apoio e incentivo que o Pacto oferece. Dessa forma, ele tem adiantado a decisão de preservar suas nascentes e nos procuram para cercar as que existem em sua propriedade”, afirmou.

Dos 14 municípios que fazem parte do Consórcio, Jauru é o que mais tem nascentes em processo de cercamento. Para a servidora responsável pelas ações do pacto da Prefeitura de Jauru, Fabiane Assis Osmário, a conscientização tem sido a maior aliada do projeto. “Inicialmente os produtores nos procuravam pelo medo de serem multados por causa do risco de perder a nascente, o que também prejudicaria a sua produção, mas, com o tempo, a procura mudou pela conscientização da necessidade de preservar”, explicou.

Um dos principais fatores de sucesso do projeto é a parceria entre as entidades que participam do pacto e os produtores rurais. Para cada nascente cercada, a WWF financia parte do arame e eucaliptos e os produtores arcam com o restante do material e mão de obra. “Hoje somos procurados diariamente para iniciar o processo de cercamento de nascentes em propriedades da região”, disse Fabiane.

Para iniciar o processo, as entidades governamentais procuram os produtores que estão dispostos a cercar suas nascentes, sendo eles voluntários a participar do programa. Logo em seguida um biólogo vai até a propriedade e faz a avaliação das nascentes. Após a avaliação ele quantifica o material que será doado em parceria para cercar a área. De acordo com a legislação, a área preservada de nascentes deve ser, no mínimo, de 15 metros de diâmetro.

O coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, Júlio César Sampaio, explicou que recuperar nascentes não é agir apenas no local onde ela está, mas é conservar toda uma cadeia hidrológica, todo um ecossistema como o Pantanal, que tem mais de quatro mil espécies animais e vegetais registradas. “À primeira vista, a recuperação de 11 nascentes em Jauru pode parecer algo pequeno, mas estamos falando de uma ação que vai beneficiar o rio Jauru e por consequência todo o Pantanal. A ideia é termos água em quantidade e de qualidade para todos”, pontuou.

Jauru também é uma região riquíssima em água e possui muitas nascentes. Porém, durante o processo de ocupação da região, houve o incentivo de abertura de áreas e, por esse motivo, hoje existem muitas nascentes degradadas, sem matas ciliares e com muito pasto em torno.

A engenheira agrônoma que atua no consórcio, Elizene Vargas Borges, explicou que o foco é conscientizar, principalmente o agricultor familiar. “A região de Jauru está pautada em pecuária de leite. Então procuramos mostrar ao produtor que quanto mais água, e água limpa, ele tiver para disponibilizar ao gado, maior será a sua produção”, argumentou. “A maior vantagem dele é que sempre terá água limpa e potável e poderá fazer o baldeamento dessa água para seu gado e sua família”. Além de cercar a área, o consórcio fornece ainda mudas de plantas nativas da região – ipês e buritis – para serem plantadas no local.

A engenheira ponderou ainda o risco que existe sem a proteção. “Poderá ocorrer o desaparecimento das nascentes se não forem preservadas. Já existem muitas que desapareceram com o tempo”.

O secretário executivo do Consórcio ressaltou também que até 2020 existem outros projetos a serem implantados na região das nascentes do Pantanal. “Temos a expectativa de mais investimento nessa área para multiplicar nossas ações, como a criação de viveiros de mudas de plantas nativas e descentralização da gestão ambiental municipal”, finalizou.

O PACTO

O Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal atua na recuperação de nascentes e na execução de ações em prol dos rios Jauru, Cabaçal, Sepotuba e Paraguai. Em dois anos, alcançamos mais de 6 milhões de pessoas em ações de comunicação, recuperamos mais de 80 nascentes, apoiamos o funcionamento de 3 viveiros florestais, capacitamos mais de 100 técnicos, adequamos mais de 100km de estradas rurais e beneficiamos mais de 20 famílias com a instalação de biofossas e consequente incremento de renda.

Na região das cabeceiras do Pantanal nascem as águas responsáveis por alimentar 80% da planície inundada, pelo abastecimento de mais de três milhões de pessoas e pela manutenção da rica biodiversidade local: mais de quatro mil espécies de animais e plantas registrados.

A região das Cabeceiras do Pantanal abrange 25 municípios do Mato Grosso, sendo eles: Alto Paraguai, Araputanga, Arenápolis, Barra do Bugres, Cáceres, Curvelândia, Denise, Diamantino, Figueirópolis D´Oeste, Glória D´Oeste, Indiavaí, Jauru, Lambari D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Nortelândia, Nova Marilândia, Nova Olímpia, Porto Esperidião, Porto Estrela, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Santo Afonso, São José dos Quatro Marcos, Salto do Céu e Tangará da Serra. (Com assessoria)




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