Sonia Fiori - FocoCidade
No centro das decisões mais importantes do Governo do Estado de Mato Grosso, o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, faz um balanço da gestão pública em um dos momentos mais decisivos para o Executivo. Passados dois anos e três meses da administração Pedro Taques, portanto, mais da metade de seu mandato, o saldo que atravessa “arranhões” terá que necessariamente ser somado à ascensão de acertos até o final de 2018, ano eleitoral, num caminho recheado de obstáculos.
Nesta entrevista especial para o FocoCidade, Paulo Taques, advogado experiente na seara eleitoral, rebate críticas ao governo descrevendo leque de ações implementadas na atual gestão estadual passando por setores como a Segurança Pública, Infraestrutura e Educação além da Saúde. E faz questão de apontar a dívida deixada pela administração Silval Barbosa de mais de R$ 1 bilhão, como a grande vilã dos sérios problemas de fluxo de caixa, fortemente evidentes.
Nesse complexo cenário, a arrecadação do Estado em ordem crescente e o suporte do agro ainda não resultariam na liquidez orçamentária e financeira capaz de superar o universo das demandas de Mato Grosso, explica.
O secretário reconhece ser a Saúde do Estado o maior desconforto do Governo de Mato Grosso, em razão de atrasos nos repasses para os municípios. A escassez de recursos na área deve ser combatida com “gestão”, acentua Paulo Taques, observando ainda que “não há outro caminho” e essa missão está nas mãos do responsável, Luiz Soares.
Assuntos que geraram desgaste ao Executivo em 2016, como o pagamento da RGA (Revisão Geral Anual) e que devem ser palco de novos acalorados debates, serão tratados com extrema cautela e com “diálogo” junto aos servidores, promete o secretário.
O mesmo tom de diálogo deverá ser continuado com os Poderes Constituídos para esperada resolução do tema que provoca desconforto ao Palácio Paiaguás: o atraso no repasse do duodécimo, hoje em cerca de R$ 130 milhões. Isso tem gerado dissabores fora do cenário oficial entre as maiores autoridades do Estado, que relutam à possibilidade de não dar sequencia a projetos de expansão dependentes de um orçamento linear.
O Executivo precisa driblar outros contratempos para consolidar as inovações previstas, como fazer valer o apanhado de reformas, leia-se a Tributária, teto de gastos e o “calcanhar de Aquiles” chamado previdência social. A aposta na aprovação em tempo hábil, seguindo o princípio da anualidade, está na forte base aliada do Governo na Assembleia Legislativa, o que não livrará o Executivo do ataque ferrenho da oposição considerando 2017 ser ano pré-eleitoral.
Paulo Taques também aborda outros temas polêmicos como a abertura de novos concursos públicos, assinalando a certeza do Estado de que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) não será atingida; ocupação de cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE), considerando seu nome ser “ventilado” e ainda a relação com o Governo do presidente peemedebista, Michel Temer.
Confira:
Nesse contexto de crise, de aperto do caixa público, reflexos da Operação Carne Fraca, existem alternativas para superar a falta de fluxo financeiro além das previstas reformas?
Primeiro tenho absoluta convicção que nós não vivemos mais a mesma crise que vivemos, por exemplo, em 2016. Não tenho dúvida disso. Nós precisamos resgatar alguns fatos para poder chegar nesse momento de crise. Mas já respondo objetivamente dizendo que eu não vejo que estamos na mesma crise do ano passado. Se nós pudermos mensurar a crise como um rio, estamos em mais da metade do rio enxergando o sarã do outro lado. O problema do Governo do Estado de Mato Grosso, desde quando assumimos é um problema de fluxo de caixa. Esse é o problema. Mas mesmo com esse problema nós conseguimos fazer entregas importantes. Não vamos nos esquecer que quando assumimos o governo nós tínhamos R$ 84 mil na conta e uma dívida de R$ 1,2 bilhão em restos a pagar. O Decreto 01 que o governador Pedro Taques assinou ele nomeou os secretários. O Decreto 02 ele suspendeu os pagamentos por 90 dias. Então precisamos resgatar alguns fatos porque infelizmente a nossa memória é curta. Quando ele fez esse Decreto 02 e concentrou inclusive algumas decisões aqui na Casa Civil, nós priorizamos o que tínhamos que priorizar naquele momento. Então, a crise no Brasil segundo quem entende é a pior crise na economia brasileira, ela pegou-nos a todos de maneira devastadora. Alguns estados tiveram performance um pouco melhores e por uma série de motivos. Vamos falar de Mato Grosso. Nós conseguimos fazer nesses dois anos e três meses de governo 1.430 quilômetros de asfalto. A gestão passada em cinco anos fez 800 quilômetros. Nós não podemos esquecer de uma coisa, tudo o que vou dizer agora é sempre ‘apesar da crise’, é preciso colocar isso como ponto central. Nós fizemos mais de 250 leitos de UTI que nós criamos. A gestão passada criou pouco mais de 50 leitos em cinco anos. O governador Pedro Taques nomeou mais de 3.500 servidores públicos da segurança, entre Polícia Militar, Polícia Civil, Politec e Bombeiro Militar. Nós temos quase 100% dos coletes balísticos comprados novos. Quando nós assumimos o governo, colete a prova de bala era igual remédio, ele tem prazo de validade, e estavam quase todos vencidos. Compramos armamento, em parceria com a Assembleia Legislativa que pela primeira vez na história do Parlamento mato-grossense devolve uma parte do seu orçamento para o governo. Adquirimos 150 ambulâncias tipo 2, que inclusive a prefeitura pode transformar em UTI móvel. E tudo isso nós fizemos em tempo de crise e só em dois anos. Não atrasamos o salário, fomos o único Estado da Federação a pagar a RGA, então tudo isso são conquistas. Segundo a Controladoria Geral do Estado e isso quem disse foi o auditor-geral do Estado, o Ciro Gonçalves, que é servidor de carreira, em 800 dias nós economizamos R$ 800 milhões, quase R$ 1 milhão por dia. Só que chega uma hora que não dá pra cortar mais porque aí você compromete a prestação de serviço. Então, essa crise que nós pegamos, nós conseguimos fazer entregas importantes, apesar da crise. E tenho absoluta convicção que a crise está se esvaindo, indo embora e a história nos mostra isso porque nenhuma crise dura a vida inteira. Eu acho que essa crise está passando.
Eu acho que essa crise está passando.
Na saúde o senhor pontua avanços. Mas são constantes as reclamações dos municípios de atrasos dos repasses. O Estado tem um novo secretário, Luiz Soares. Há alguma condição especial dada a ele para que consiga amenizar essa situação com os municípios?
A saúde é uma área em que nós ainda não estamos bem, isso é um fato. Estamos colocando em dia o atraso para os municípios, para os hospitais regionais também. O secretário João Batista, ele saiu por conta de ordem pessoal e profissional, que tinha que resolver em Nova Mutum. Ao secretário Luiz Soares foi dado o mesmo ambiente de trabalho que foi dado a qualquer um dos outros secretários. Aliás, esse é um ponto importante. O governador Pedro Taques, dizem por aí, que ele é centralizador. Pois eu digo a você. Pode entrevistar todos os secretários do nosso governo e pergunte a algum deles se o governador Pedro Taques é centralizador. Ele (Taques) dá total liberdade e não é para o Luiz Soares, ele dá para todos essa liberdade. E ele cobra as entregas e você só pode cobrar alguma coisa de alguém se você dá condições para que esse alguém cumpra essas determinações.
Pode entrevistar todos os secretários do nosso governo e pergunte a algum deles se o governador Pedro Taques é centralizador.
Qual é o problema na saúde? Por que dos atrasos?
Vou lhe dar a minha opinião. A saúde é um governo à parte pelo seu tamanho, pelo seu grau de complexidade e pela quantidade de recursos públicos que nós temos que colocar ali. Eu não tenho dúvida disso. Por óbvio é prioridade de qualquer governo, porque é propriedade de gente, de ser humano. E o gigantismo da saúde é tal e isso não é só em Mato Grosso, é tamanho e muitas coisas que detectamos lá estão sendo resolvidas com gestão. Não tem outra forma. O maior problema da saúde pública em Mato Grosso hoje é a falta de recursos que nós estamos tendo que realocar das outras secretarias para atender a saúde. Vou lhe dar uma informação que ocorreu hoje numa reunião com o governador, o vice-governador Carlos Fávaro e nós estávamos em pelo menos oito secretários. Em um determinado período do mês o orçamento é trancado para que possamos pagar a folha. O governador disse ao secretário de Fazenda: pode trancar o orçamento e só libere para a saúde, sob minha ordem. Isso que estou lhe dizendo é uma informação que traduz o grau de relevância da saúde pública em Mato Grosso. Nós sabemos que a saúde não está bem, mas sabemos também que o que estamos fazendo está no rumo certo e repito, são vários os problemas até pela complexidade que eu já disse aqui, mas o problema maior é a questão financeira.
O maior problema da saúde pública em Mato Grosso hoje é a falta de recursos que nós estamos tendo que realocar das outras secretarias para atender a saúde.
Há um prazo para sanar as pendências nessa área?
O secretário de Saúde Luiz Soares está apresentando diagnóstico ao governador sobre o que deve ser feito na secretaria.
Recentemente o governador anunciou mais concursos para abertura de vagas na segurança e na educação. Como será o impacto na folha justamente nesse momento em que voltam as discussões em relação ao pagamento da RGA? É possível fazer todos esses concursos sem que se afete a Lei de Responsabilidade Fiscal secretário?
Todos os secretários quando apresentam uma demanda de concurso e o governador aprova, é feito junto um estudo de impacto financeiro na LRF. E depois é feito um calendário por chamamento dessas pessoas, dos aprovados. Um concurso para ser feito ele demanda muito tempo, por todos os trâmites burocráticos, às vezes um ano. Então a previsão de concursos nós estamos fazendo já e o governador está autorizando em algumas áreas por dois motivos: primeiro porque são áreas sensíveis e você citou duas, educação e segurança. E acrescente a saúde. São três áreas sensíveis. É preciso sempre estar atento para o efetivo de pessoas, para que a qualidade dos serviços seja a melhor possível. O segundo motivo é esse. Você faz um calendário de médio para longo prazo, porque um concurso não é feito da noite para o dia. Então é sempre saudável e ouvi isso de uma pessoa que entende de administração pública, ter concursos prontos. Ultrapassar a fase burocrática para o gestor, o governador lançar o concurso sempre que precisar. Então a autorização é dada pelo governador sempre com um olho no peixe e outro no gato. Um olho na necessidade do concurso e outro na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Então não há um risco, é isso que o senhor está me dizendo.
Não, não há.
RGA. Como o governo pretende lidar com essa questão hoje, considerando já manifestações do Fórum Sindical. Existe possibilidade de pagamento integral?
A RGA de 2016 estamos pagando conforme o combinado, à custa de muito sacrifício como já disse mas estamos pagando. É um direito do servidor público, assim como é um direito do governante pagar quando tem recursos para isso. RGA desse ano nós estamos a partir agora de abril, começando a análise das finanças do Estado para saber como encaminhar o assunto. Ainda não temos uma previsão de como vamos fazer. A intenção do governador é pagar a RGA, assim como tivemos a intenção de pagar a RGA e fizemos a proposta e estamos pagando. Então no mês de abril colocando dentro do nosso radar para tão logo seja possível começar a conversar com os sindicatos.
É um assunto delicado porque já causou um desgaste para o governo e pode piorar esse atrito. Que leitura faz desse ponto, é temeroso para o governo?
Não. O desgaste existiu o ano passado. É fato. Mas hoje o momento que nós vivemos é outro. O servidor público do Estado de Mato Grosso e não me canso de repetir, que o que nós temos de mais precioso no serviço público são os servidores. Mas nós não podemos governar pensando só no nosso mandato. Temos que governar pensando no futuro do Estado de Mato Grosso. Se nós tivermos uma outra discussão, no bom sentido, com os sindicatos de quanto vamos pagar a RGA, se chegarmos nesse ponto, nós não temos receio nenhum de desgaste. Nenhum. E penso que o momento é outro. Hoje, o servidor público do Estado de Mato Grosso se comparado com o de outros estados, ele tem que se sentir confortável. Eu vi no final do ano passado, servidores públicos de outros estados aqui no Brasil, fazendo fila para receber doação de cesta básica. Me lembro muito bem de uma servidora pública dizendo que todo ano ela doava cesta básica, do Rio de Janeiro, naquele ano ela estava recebendo doação de cesta básica porque não tinha como passar o final do ano. Então temos sim que olhar para quem está do nosso lado. Mas acho que não vai mais haver aquele desgaste. O servidor público tem amadurecimento de que nós estamos fazendo aquilo que é possível. Não tememos o desgaste e se tivermos que sentar com os sindicatos, com os servidores para debater a RGA de novo, vamos fazer.
O servidor público tem amadurecimento de que nós estamos fazendo aquilo que é possível.
Salários que eram pagos dentro do mês passaram para o dia 10. O senhor coloca isso como pagamento em dia, mas no olhar do servidor ele ainda vê como um atraso. Existe uma perspectiva de que possa voltar para o último dia útil do mês?
Hoje nós temos pagamento no dia 10 do mês e que é um atraso se for comparado com os anos recentes. Mas não é um atraso do ponto de vista legal e constitucional. O servidor sabe disso. Nós pagamos todo dia 10 porque segundo a Secretaria de Fazenda, os primeiros 10 dias do mês é quando nós temos um período de maior arrecadação. O governador, todos os meses, ele pede um estudo para saber quando vamos poder voltar a pagar até o primeiro dia do mês. E nós temos a intenção de voltar a pagar como era antes, mas nesse momento ainda não dá, não temos condições. E tão logo isso seja possível nós voltaremos.
Atraso do duodécimo secretário. Deve haver uma reunião em breve com o governador e representantes dos Poderes. Dá para contornar essa situação, sanar essas pendências de aproximadamente R$ 130 milhões nesse ano?
Todas as vezes em que sou questionado sobre essa tema, eu abro a minha resposta dizendo o seguinte: o quanto os Poderes tem sido parceiros do Poder Executivo nesse momento de crise. Todas as vezes. Tanto que quando começamos a gestão o Judiciário era comandado pelo desembargador Paulo da Cunha, e o Ministério Público pelo procurador-geral de Justiça, Paulo Prado e a Assembleia Legislativa pelo deputado Guilherme Maluf, quanto agora, com o desembargador Rui Ramos, deputado Eduardo Botelho e doutor Mauro Curvo no MP. No TCE não mudou, conselheiro Antônio Joaquim. Todos eles, esses nomes que eu falei dessas pessoas, eu quero registrar isso como faço todas as vezes, são homens do seu tempo. Eles entenderam o motivo, o momento pelo qual estamos passando e os motivos pelos quais o governador pediu essa compreensão e todos entenderam. Todos os que eu nomeei aqui, inclusive o conselheiro Antônio Joaquim. São homens atentos ao que está passando no Estado de Mato Grosso. Nós estamos nessa casa de R$ 130 milhões atrasados, temos o TAC para repactuar. O governador tem feito conversas com os chefes de Poderes e eu acredito que nos próximos 15 dias nós devemos chegar a uma resolução, chegar a um termo do que está atrasado do TAC e também sobre o repasse do duodécimo. Eu acredito que nos próximos 15 ou 20 dias chegaremos a um bom termo.
Nós estamos nessa casa de R$ 130 milhões atrasados, temos o TAC para repactuar.
Acredita que dá para sanar tudo no decorrer desse ano?
Eu acho que dá, porque a primeira coisa que o governador determinou foi que abríssemos os números. Hoje tudo o que nós vamos fazer aqui de importante, no sentido de atingir os outros Poderes, nós compartilhamos as informações. Então nós vamos fazer para esses dois temas a mesma coisa: diálogo. Não há outra saída que não seja pelo diálogo. E esse diálogo tem ocorrido e ainda bem que temos do outro lado, ou melhor, do mesmo lado porque estamos no mesmo lado, interlocutores de bom senso e pessoas que estão ajudando, não o governo mas o Estado de Mato Grosso.
Dentro dessa ótica, um dos questionamentos é de que a arrecadação está em constante crescimento. Se há uma evolução, não é claro o entendimento do por que falta dinheiro no caixa do Estado.
É porque se nós tivéssemos pego o governo com um bom fluxo de caixa, não teria esse problema. Se nós estivéssemos governando, o governador Pedro Taques e o vice-governador Carlos Fávaro num momento em que não houvesse crise no Brasil, no Estado, seria outro cenário. Como eu disse, o nosso problema é um problema de fluxo de caixa. A forma com que nós assumimos e que conduzimos nesse período de crise, é praticamente de receber e pagar. E tem que ser assim nesse período de crise. Ainda bem que a arrecadação e outros fatores como o agronegócio, que dá suporte ao Estado de Mato Grosso, não foram atingidos por essa crise. Muito embora a arrecadação, ela não tem a queda, mas ela se mantém no nível. É como se o dinheiro que entrasse desse para pagar as contas.
O Governo Pedro Taques tem a marca do combate à corrupção. Mas continuam críticas na Assembleia de que o governador continua fazendo um governo de caça às bruxas e olhando para trás. Como interpreta isso?
Primeiro acho que a oposição ela tem que existir em qualquer lugar, não é? Só não existe oposição nas ditaduras. A oposição é saudável, ainda mais oposição no Parlamento. Agora, essa crítica de que nós ficamos olhando para trás e de caça às bruxas, são duas críticas rasas. E absolutamente indevidas. Não tem fundo de verdade nisso. Primeiro que quem investiga não somos nós. Nós temos um setor do governo que é o Gabinete de Transparência e Combate à Corrupção que olha para esse lado da corrupção. Você pode perguntar a qualquer delegado de polícia e qualquer promotor de Justiça, qualquer autoridade investigadora, se alguma vez eu, ou o governador, ou alguém do governo ligou para pedir uma informação sobre investigação, ou para pedir que investigasse A ou não investigasse B. Nunca existiu e não vai existir, porque nós não temos a intenção de fazer alguma ingerência sobre investigação de quem quer que seja. Nós não promovemos caça às bruxas. Ninguém promove caça às bruxas.
Agora, essa crítica de que nós ficamos olhando para trás e de caça às bruxas, são duas críticas rasas.
Apenas consequência das ações.
Cada um tem que responder pelos seus atos. Se nós formos levar em conta caça às bruxas quer dizer que o que está acontecendo no Brasil, na Operação Lava Jato por exemplo, é uma caça às bruxas? É um momento diferente pelo qual passa o Brasil e Mato Grosso não é um Estado que está localizado na Noruega. Ele está no Brasil. É um momento pelo qual passa o Brasil. Nós nunca aqui dedicamos um minuto do nosso dia para ficar fomentando investigação, pedindo investigação, determinação que fosse investigado A ou B. O que está ocorrendo é, e aí sim eu concordo, que nosso governo dá liberdade para que ocorra investigação. Nós não temos o costume, e não vamos ter nunca, de ficar preocupado e interferindo em investigação. Olhar para trás. O Brasil foi descoberto em 1500 pelos portugueses. De lá para cá, nós cometemos erros, acertos e aprendemos com ambos, com os erros e acertos. Nós ainda usamos exemplos de administração no Brasil, do que não deve ser feito, ainda da época das Capitanias Hereditárias. A história serve para isso. Nós não ficamos olhando para trás. Mas não podemos esquecer o que aconteceu num passado recente em Mato Grosso. Não é possível a oposição dizer que o nosso governo é inapto com todos esses números que eu já lhe apresentei aqui, não é? E Mato Grosso não começou no dia 1º de janeiro de 2015. Onde essas pessoas estavam quando tudo ocorreu lá para trás? Elas estavam fazendo o que de suas vidas? Por que elas lá não fizeram essa tal oposição? Então, com todo respeito à oposição, mas essa crítica de que nós ficamos só olhando para trás e que ficamos com caça às bruxas, são críticas absolutamente sem fundamento.
Em se falando do passado, Sival Barbosa do PMDB do presidente Michel Temer. O governador Pedro Taques até elogia o Governo Temer e era crítico ácido da ex-presidente Dilma. Onde está o ponto de distinção?
Primeiro que a ex-presidente Dilma era uma pessoa e o presidente Temer é outra pessoa. Se formos deixar de lado um pouco a questão partidária, o Brasil vive um novo momento. Isso falo como cidadão brasileiro. Indiscutível. Absolutamente indiscutível. O governador Pedro Taques em quatro anos de senador, ocupando o cargo de senador da República, nunca foi recebido pela presidente Dilma. Nunca. Nesse período o presidente ocupa o cargo, ele já deve ter recebido o governador pelo menos umas seis ou oito vezes e pelo menos a cada 10 ou 15 dias falam por telefone. O tratamento é outro. E isso não é bom para o governador, isso é bom para o Estado de Mato Grosso. Aliás, Mato Grosso vive Sonia, um momento histórico ímpar. Nós temos um governador do Estado que tem um relacionamento muito bom com o presidente da República e isso é fruto desde lá atrás quando ambos atuavam como procurador lá em São Paulo. Então nós temos um governador que tem acesso ao presidente da República e nós temos um ministro de Estado que foi governador do Estado, senador de Mato Grosso, ocupa um cargo de relevo, um cargo importante que inclusive está dando uma resposta imediata desse problema da carne. É preciso parabenizá-lo pela rapidez com que ele e sua equipe reagiram, porque representa não só a carne brasileira, mas representa a própria posição do Brasil no jogo do comércio mundial. Nós temos uma bancada federal forte, são atuantes. Então esse é um momento que Mato Grosso precisa aproveitar disso no bom sentido. Eu acho que nessas horas a questão partidária tem que ficar em segundo plano. Nós temos aí um partido que se chama Mato Grosso e outro partido que se chama Brasil. Nós não podemos abrir mão disso e deixar isso longe dos olhos. Então acho que essa questão partidária para nós não interfere em nada.
No bojo das reformas do Estado. Podemos avaliar a proximidade das eleições gerais e essas reformas ainda vão para a Assembleia num cenário em que se corre o risco de ferir o princípio da anualidade.
Como houve essa mudança do rumo da Reforma da Lei do Teto de Gastos lá em Brasília, quer dizer, jogou para os estados fazer e ao mesmo tempo, uma semana depois começaram uma discussão de que não, vamos voltar para cá para a União fazer. Eu aprendi uma coisa com meu pai que ele fala que aprendeu com o pai dele. Quando o chão tá tremendo, para de andar. Calma. Vamos esperar o chão firmar. É que o estamos fazendo nesse momento, esperar o chão firmar em Brasília para saber o que eles vão ou não vão fazer, para que a gente retome o andamento das nossas reformas. Mas elas vão ocorrer de uma forma ou de outra.
Quando o chão tá tremendo, para de andar. Calma. Vamos esperar o chão firmar.
E o senhor confia que o Governo terá tempo hábil para aprovar e colocar em prática?
Eu acho que não podemos esperar muito também. Talvez esperar até o final da segunda quinzena do mês que vem. Esperar esse processo de definição resolver e aí mandamos para a Assembleia.
A aposta da aprovação é na base do Governo?
Eu acho que sim. E uma informação importante. Nós enviamos para a Assembleia Legislativa cerca de 120 projetos de lei, talvez um pouco mais, talvez um pouco menos. Já aprovamos mais de 100. São projetos de lei de interesse do Executivo? Não. São projetos de lei de interesse do Estado de Mato Grosso. Eu acredito que quando enviarmos vai haver o debate que é próprio do processo legislativo e é importante ocorrer esse debate. Mas acredito que serão aprovadas (reformas) até porque deputados da base, eles tem tido uma consciência cívica muito forte em relação ao momento que passa Mato Grosso.
A mesma aposta faz em relação à Reforma Tributária que enfrenta muita resistência?
A mesma aposta. O governador determinou que ela (reforma) não fosse votada no ano passado, exatamente porque ainda não estava no processo de maturação adequado. A reforma não é só fundamental como necessária. Um dos compromissos de campanha que o governador assumiu nessa área é acabar com o cipoal de legislação que existe no sistema tributário no Estado de Mato Grosso. E esse nosso projeto de Reforma Tributária os empresários mesmos dizem que vai simplificar. O que está precisando é ainda de alguns ajustes e o tempo do ano passado não foi suficiente para que esses ajustes ocorressem. A classe empresarial veio até aqui no Palácio, trazida pelos deputados da base, o governador reuniu com todos eles e determinou que suspendesse para votar esse ano e passar a valer a partir do ano que vem.
Política. Já se vê uma grande discussão por conta das vagas no Tribunal de Contas do Estado. Seu nome tem sido bastante ventilado...
Eu nunca tratei desse assunto com o governador e acredito que é muito mais pelo cargo que estou ocupando, mas não há nenhuma intenção da minha parte em ir ao TCE. Seria até uma honra pertencer a Corte de Contas do Estado. Mas foram boatos. Não passaram disso, de boatos. Eu nunca tive essa intenção e exatamente por nunca ter tido essa intenção que eu e o governador nunca falamos sobre esse tema.
Essa discussão entre aliados do governo sobre vaga no TCE não gera receio no Executivo de reflexos negativos, considerando conflitos na base?
O governador Pedro Taques conseguiu um feito inédito que é ter em duas Mesas Diretoras seguidas a eleição do grupo que o apoia, da base. A eleição da Mesa com o deputado Guilherme Maluf com deputados da base, e com o deputado Eduardo Botelho foi a mesma coisa. Isso é um fato inédito na história política de Mato Grosso. E nós gostaríamos e respeitamos os debates dentro da Assembleia sobre essa questão de indicação ao Tribunal de Contas. Nós só gostaríamos que isso fosse feito assim, de maneira tranquila para que não haja nenhum sobressalto no relacionamento da base com o governo e até entre os deputados. Mas acredito que eles têm total condição de debater isso entre eles e queremos muito e acreditamos que vai haver um consenso lá para que não haja nenhum tipo de disputa.
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