• Cuiabá, 10 de Julho - 2025 00:00:00

?VG precisa de seus governantes para incentivar o pessoal a não delinquir?, diz Sarita


Sonia Fiori - FocoCidade

Próxima de completar 150 anos de fundação, Várzea Grande volta a respirar ares de prosperidade. Mergulhada numa profunda crise de identidade por causa de sucessivos erros políticos e eleitorais, a segunda maior cidade de Mato Grosso parece ter reencontrado em uma mulher a gestão que mais se aproxima do cidadão, pois trata as políticas públicas de forma singela, mas prometendo buscar a solução para os problemas que são muitos.

O FocoCidade foi buscar na história e no relato de sua primeira prefeita, Sarita Baracat de Arruda, que foi gestora há 50 anos, portanto, em 1967, um pouco da realidade de Várzea Grande.

Adversária política da família Campos, Sarita Baracat, uma das fundadoras do MDB hoje PMDB, em recente evento de comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, promovido pela prefeita Lucimar Campos que foi eleita com uma das maiores votações proporcionais de todos os 5,7 mil municípios do Brasil, frisou:
"quem ama Várzea Grande como eu amo, tem que deixar a política eleitoral de lado e reconhecer quem está fazendo de tudo para devolver a credibilidade, a transparência, a eficiência e principalmente a autoestima do povo desta terra na reconstrução de uma nova Várzea Grande para todos indistintamente".

Confira na íntegra a entrevista com uma das maiores líderes do Estado, referência na política e que defende a Educação como essência para a transformação de um povo:

 

O que mudou da década de 60 até hoje quando se trata de incentivo dos partidos para integração da mulher na política?

Eu acho que às vezes por comodismo, outras vezes porque o marido impede e até porque às vezes a população não incentiva. Eu enfrentei dificuldades, mas fiquei muito satisfeita pelos três mandatos que eu tive. Naquela época fui vereadora, depois prefeita e depois deputada estadual e tive apoio do meu sexo. Tive apoio de mulheres e homens, muito incentivo, porque naquela época a gente não usava recurso público para chegar ao poder. Pelo menos eu nunca usei. Não sei usar. E o povo confiava na gente.

Tive apoio de mulheres e homens, muito incentivo, porque naquela época a gente não usava recurso público para chegar ao poder.

Os partidos sustentam políticas de incentivo para maior participação da mulher. Mas aos seus olhos não é então suficiente?

Acho que falta voltar a acontecer um incentivo maior para a mulher entrar na política, porque ela tem dificuldade para ser eleita também. É preciso que haja alguma legislação que ajude a incentivar o belo sexo, vamos dizer assim, a enfrentar as vicissitudes da vida que a mulher enfrenta e domina. A mulher cuida do marido, de uma casa, dos filhos, trabalha. Ela tem toda uma atividade, então precisa ser incentivada também para a política.

A senhora diz que a política era mais honrada e que as pessoas confiavam nos políticos. Hoje se vê essa avalanche de corrupção no país. Acredita que ainda dá para recuperar a imagem do político?

Eu acho que ainda dá. Acho também que muita coisa está sendo injusta. E se percebe que quase não tem mulher implicada na questão da corrupção. Mas a mulher é capaz de ajudar a tirar esse país do caos, ajudar as famílias. E a gente está satisfeita com as prefeitas que se dispuseram a assumir o comando de seus municípios, porque elas fazem as coisas com muito amor. Quando fui prefeita, recebi a prefeitura com 8 meses de salários atrasados e botei em dia. E agradeço o governo da revolução, que permitiu que a gente tivesse uma nova distribuição de renda para poder trabalhar em favor do povo. Estou satisfeita em relação a isso, com o que contribuí.

Seu trabalho realizado na educação teve destaque. Por que a alfabetização ainda hoje é um desafio?

Como professora cuidei muito dessa parte. No meu período conseguimos fazer com que Várzea Grande ficasse em primeiro lugar, sendo o município mais alfabetizado do Estado e se não me engano, do país. Temos os dados do IBGE e quando deixei a prefeitura, a cidade tinha 97% da população alfabetizada. E isso é muito importante. O que sinto hoje é que muita gente deixou de estudar, tem dificuldades e de trabalho também, por falta do ensino. Tem que se dar um incentivo maior, e à mulher principalmente.

Temos os dados do IBGE e quando deixei a prefeitura, a cidade tinha 97% da população alfabetizada.

A educação é o único caminho para a transformação?

Eu acredito que sim. Acho que é o único caminho que leva a transformação desse país é a educação. A pessoa educada, ela tem facilidade de conseguir trabalho, tem facilidade de desenvolver pesquisa e muita coisa que o analfabeto infelizmente não tem. O analfabeto tem dificuldade até de trabalhar como doméstica. A mulher que não estuda tem essa dificuldade. Vejo por mim. Tenho hoje que ter um acompanhante, porque leio e a vista não me ajuda. Então eu dependo de quem lê e até nesse trabalho simples precisa a mulher ter preparo. Precisa ser dado mais incentivo à educação, para que a pessoa possa trabalhar e estudar.

Com seu histórico, sua luta, sendo uma liderança respeitada, a senhora está totalmente satisfeita como tudo o que realizou?

Graças a Deus. Eu sinto que fiz um trabalho que o povo gostou, que aplaudiu, que incentivou. Incentivamos a educação, o esporte, a na saúde não tínhamos nenhum posto. A gente contratava até médico particular para atender. Mas tudo vendo a parte humana. Precisa ter governante humano. Acho que a mulher é imprescindível nesse campo também, nessa luta. Me sinto realizada, sinceramente. Fiz um bom trabalho. O herdeiros que tive fizeram um bom trabalho. Minha irmã, que teve dois mandatos de vereadora e trabalhou muito, a Aziza (ex-vereadora Aziza Baracat – morta em 2011) e meu filho (ex-deputado e ex-secretário de Estado de Cidades, Nico Baracat – morto em 2012) que teve dois mandatos de deputado, foi vice-prefeito, vereador primeiro e sobrinho que teve mandato em Várzea Grande (Kalil Baracat). Muita gente da nossa família.

Precisa ter governante humano. Acho que a mulher é imprescindível nesse campo também, nessa luta.

Uma família talhada na política.

Sim, e que contribuiu para o desenvolvimento desta terra de Couto Magalhães que eu adoro, sou apaixonada. Estamos apoiando a atual gestão, e precisa continuar. Eu tenho incentivado meu pessoal, tanto do sexo masculino como feminino e principalmente o feminino. Eu esperava da minha irmã, se estivesse viva, que fosse outra prefeita.

A atual gestão segue a linha esperada na administração pública do município?

Estou satisfeita com a eleição da Lucimar Campos, porque ela está demonstrando interesse de trabalhar em benefício da nossa terra. Várzea Grande precisa de carinho, do apoio, da boa vontade de seus governantes para fazer uma grande administração, para incentivar o pessoal a não delinquir. Porque a falta de educação, a falta de esporte, a falta de incentivo leva o pessoal à delinquência e isso faz muito mal à sociedade. E as famílias são as que mais sofrem com o descaso, com o abandono da educação. Outras áreas a gente consegue mudar, melhorar, mas a educação é imprescindível para o desenvolvimento de qualquer país, qualquer região, qualquer Estado e qualquer cidade.




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