Os números da produção do campo em Mato Grosso impressionam. Segundo o Imea, o estado deve ter uma safra de milho de mais de 45 milhões de toneladas em 2024. Ou 40% da produção nacional que deve ficar em 114 milhões de toneladas. São 58 sacas de milho por hectare em MT.
Comenta-se que a produção de milho no estado deve ultrapassar a de soja em algum tempo. É que o aumento da produção de etanol no estado deve elevar ainda mais produção de milho. Segue o caminho dos EUA, onde o milho tem uma produção bem maior que a da soja. Quem diria que MT teria uma produção de outro grão que suplantasse a de soja.
A produção de algodão no estado, também segundo o Imea, para a safra 2023-2024, deve ter um aumento de 13% ou 2.6 milhões de toneladas. A safra passada foi de 2.3 milhões de toneladas. O estado produz 70% do algodão do país que é de 3.7 milhões de toneladas. Segundo informações, algo como 1% da produção de algodão fica no estado, o restante vai para exportação ou para outros lugares do país.
Na pecuária o estado é também campão, com 16% do total de abate e da produção de carne bovina nacional. Isso significa cerca de cinco milhões de abates por ano. O que dá obviamente ao estado a maior quantidade também de couro bovino com tantos abates.
Perguntas antigas e desnecessárias: um, quem no outro Brasil sabe sobre esses superlativos números? Dois, o caminho é a agroindústria no futuro deste estado.
Quando viajar pelo Brasil, se tiver oportunidade de conversar com pessoas, veja se sabem de números da produção agropecuária do estado.
A maioria continua a olhar como se aqui fosse o fim do mundo. Com cobras, onças e não sei mais o que pelas ruas das cidades. Quando se coloca para alguns de fora números sobre a produção estadual, eles levam um espanto. Na cabeça da maioria continua aquela imagem de sempre.
Talvez fosse interessante que o governo do estado, nos momentos e lugares apropriados e com uma propaganda bem planejada, mostrasse esse novo estado na produção agropecuária e que ajuda e muito a balança comercial do país. E que essa produção veio também da ciência e da pesquisa. Alguém já assistiu a algum programa especial de televisão nacional que mostrasse essa nova realidade do estado? Continuam a olhar para cá como um Brasil profundo e atrasado.
Será que, quando aumentar a agroindústria aqui ,o Brasil do litoral olharia para cá de forma diferente? Assunto que logo leva a uma pergunta clássica: como se vai enfrentar a falta de mão de obra para esse enorme empreendimento? Como juntar governo e iniciativa privada nesse assunto? E mais: como mostrar para o mundo que se tem aqui uma produção no campo de forma ambientalmente saudável e que seria o mesmo caminho para a agroindústria?
Tem tanta coisa para acontecer no estado ainda e um pouco de ufanismo não faz mal nenhum.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
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