Pra quem não sabe, biruta é aquele funil de pano oscilatório usado nos aeroporto menores pra indicar a direção do vento e orientar pequenos aviões na descida. A comparação faz sentido com as atuais eleições municipais. Em outros tempos as eleições municipais armavam os desdobramentos sobre a eleição seguinte, dois anos depois, para presidente da República, governadores e parlamentares.
Neste ano de 2024 as coisas não funcionarão exatamente assim. Aos poucos os partidos políticos foram sendo asfixiados e se tornaram grupos de poder defendendo os seus interesses. Em nome da sociedade. Considerando as profundas mudanças na expressão política mundial acontecendo neste momento, fica bem claro que o futuro próximo será de profundo conflito entre a política e a sociedade.
Vejamos alguns exemplos. Duas guerras pesadas no mundo, UcrâniaxRússia, IsraelxHammas, e uma próxima entre Irã e Israel. Sem contar conflitos políticos, sociais e econômicos esparramados no mundo. Registre-se as profundas mudanças políticas que estão varrendo a velha Europa e lançando-a num abismo inesperado. Os Estados Unidos, como potência mundial histórica está vivendo contradições profundas.
O Brasil completamente conflitado, tenta o sonho de ser líder regional, mas não consegue falar nem pra dentro. Como, então, falar pra fora? A um passo de se atolar na crise política da Venezuela e proteger um regime que já caiu de maduro. Tudo isso parece muito longe de nós. Ao contrário. Está a um passo, porque a linguagem política antiga e atual já não funcionam mais. Baseada em promessas feitas pra não serem cumpridas. Quando muito escritas em livrinhos copiados da internet. Baseada também em pesquisas “encomendadas”, pra servirem à construção de candidaturas pobres.
As eleições de 2024 seguem as cartilhas amareladas de eleições passadas. Não levam em conta a gradual independência dos eleitores. Muitos ainda continuam lendo a velha cartilha. A maioria não. 70 por cento dos brasileiros se informam diariamente no whattsapp.
A chamada informação descentralizada e distribuída. Comprar votos enfrenta a fiscalização da justiça eleitoral. E encontra um eleitor cada vez mais cínico. Escuta, escuta e conversam uns com os outros através das redes sociais. Canais eleitorais históricos como cartazes, santinhos, comícios e indispensável horário eleitoral gratuito perderam a voz e a força.
A força está nos celulares e nas redes sociais. Terreno ainda desconhecido pelos candidatos e pouco dominado pelos marqueteiros. Tudo não mudará num toque, mas está ensinando aos políticos que o buraco é mais embaixo. Biruta no comando.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br jornalista.onofreribeiro/instagram
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