São boas as expectativas para a economia de Mato Grosso em 2024. Mesmo diante de um cenário desafiador para a agropecuária, setor mais dinâmico da economia estadual. Os fundamentos econômicos estaduais continuam sólidos no campo fiscal (contas públicas equilibradas), avanços na industrialização e nos investimentos privados em infraestrutura, comércio e indústria.
A taxa básica de juros em declínio (terminou 2023 em 11,75% e deve cair para 8,75% ao final de 2024) favorecerá o mercado de crédito e estabelece boas condições para a expansão dos negócios. O mercado de trabalho local em situação de pleno emprego (taxa de desemprego em MT é de 3,5%) e inflação estabilizada impulsionam o consumo das famílias, favorecendo o comércio e a indústria.
A escassez de chuvas no tempo adequado do plantio ocasionará perdas da produção de soja e milho, principais produtos agrícolas do estado. Em seu último relatório de dezembro/2023, o Instituto de Economia Agrícola de Mato Grosso - IMEA projeta quedas de 7% na produção de soja e 17% na de milho para a safra a ser colhida em 2024. Lembro que a base de comparação é alta. A safra agrícola de 2023 foi a maior já registrada na história em Mato Grosso. A produção de soja foi de 45 milhões de toneladas e de milho 52 milhões de toneladas.
O IMEA estima que a colheita de soja cairá para 42 milhões de toneladas e a de milho para 43 milhões. Mesmo com essas quebras, as colheitas de 2024 (soja e milho) serão a segunda maior já verificada no estado. E Mato Grosso continuará sendo o maior estado agrícola do país, já que a produção também será reduzida nos demais estados produtores.
Dois fatores podem favorecer a movimentação econômica da agropecuária. O primeiro é que o próprio IMEA prevê aumento significativo na produção de algodão, o que ameniza as perdas da soja e do milho. O segundo: os mesmos fatores climáticos, escassez de chuvas em algumas regiões e excesso em outras, atingem todas as regiões produtoras agrícolas do mundo. Isso levará ao aumento médio dos preços internacionais das commodities agropecuárias, compensando as perdas físicas.
O cenário econômico nacional ajudará a economia do estado. Estima-se que o PIB cresce 2% em 2024. Inflação ficará próximo da meta de 3%, redução da taxa Selic ao longo de 2024, mercado de crédito aquecido e expectativa de aumento da arrecadação federal em razão de várias medidas aprovadas nos últimos meses de 2023.
Somados, tais fatores melhoram o ambiente de negócios e estimulam o investimento privado. Manutenção da autonomia do Banco Central, aprovação de novo marco regulatório fiscal e da reforma tributária sinalizaram aos investidores domésticos e estrangeiros compromisso do país com a responsabilidade fiscal, mesmo com expansão de gastos sociais.
A economia global terá um ano de baixo crescimento, com possibilidades de melhorias no segundo semestre, quando o Federal Reserve – Fed, o Banco Central americano, iniciar o ciclo de redução das taxas de juros dos seus títulos, ajudando a tracionar toda a cadeia econômica mundial, especialmente as dos países emergentes, Brasil incluso. Relatório recente da OCDE indica crescimento médio mundial de 2,7% em 2024.
No entanto, para Índia e China, dois países que têm grande fluxo comercial com o Brasil, o relatório indica crescimento de 6,4% e 4,5% respectivamente, o que vai tracionar as exportações de commodities agropecuárias, petróleo e minério de ferro, favorecendo a balança comercial brasileira.
A análise dos indicadores e fundamentos macroeconômicos de Mato Grosso permitem afirmar que 2024 será outro ano de crescimento da atividade econômica, ainda que em ritmo um pouco inferior à 2023 que, diga-se, foi um ano excepcional sob a ótica do crescimento econômico.
Vivaldo Lopes é economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia. É pós-graduado em MBA Gestão Financeira Empresarial-FIA/USP (vivaldo@uol.com.br)
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