Dos 272 caminhões em ato antidemocrático em Brasília, no inicio do ano, metade, ou 136, eram de Mato Grosso. Mais um dado que mostra como o estado tinha, ou ainda tem, uma aproximação com as ideias da direita política. Com Bolsonaro como principal representante naquele momento e talvez até agora.
Ele teve, arredondando os números, 65% dos votos no estado contra 35% do Lula. Em Cuiabá venceu por 61% a 38%. Em Colíder, Bolsonaro teve 74%, Água Boa 75%, Guarantã do Norte 74%, Primavera 73%, Sinop 70% e por aí vai.
Uma mostra que no estado, incluindo a capital, que não tem muita ligação com o agro, Bolsonaro teve grande apoio eleitoral. Mas a força dele nos municípios do agro é mais forte e aí aparecem as tentativas de explicações do por que isso ocorreria.
Uma delas é que gentes do agro tem receio da atuação do Movimento dos Sem Terras, MST. Receio de invasão de terras numa região em que terra e produção econômica estão ligadas.
O MST tem atuação equivocada aqui no estado ao invadirem terras produtivas, daí levar a esse receio dos produtores rurais. O produtor vive da terra e ter que lutar na Justiça, gastando dinheiro com advogados, para tirar um grupo de invasor naquilo que é seu, é deveras preocupante.
Que o MST tivesse atuação em terras improdutivas seria até aceitável ao chamar a atenção para esse fato, mas na produtiva não. Por fatos assim, Lula ou seu governo não tinha e não tem vida eleitoral fácil no estado.
Se hoje a base mais dinâmica da economia nacional está no campo, por que o Lula não muda sua postura e atuação com esse setor? Setor que está “salvando” seu governo no lado econômico e mostrando no exterior uma cara do Brasil desenvolvido nessa área.
Setor que abraçou a ciência e tecnologia e produz no campo em pé de igualdade com grandes potências do agro pelo mundo. Se é um fato que engrandece o país em outros lugares, por que ter um governo que não reconhece isso de público e muda sua maneira de atuar com ele? Se fizesse, teria que mudar sua atuação junto ao MST.
Se esse assunto fosse mostrado claramente ao Brasil do litoral, muito possivelmente eleitores dali iriam contra o esquerdismo do MST e do governo que lhe desse suporte.
Seria interessante que entidades do agro mostrassem essa realidade a outros lugares do Brasil ou que o MST atrapalha o aumento desse crescimento do setor se executasse o que diz que quer executar.
Por que o governo não leva pessoas sem terras para terras públicas pelo Brasil? E ali, com auxilio do governo e da ciência, ajudassem a produzirem para si e para vender para terceiros. Seria uma vitória para o governo e para as pessoas assentadas e um alívio para os produtores rurais de MT e do Brasil.
Ou é melhor para a esquerda no poder continuar com essa espada chamada MST apontada para a cabeça do povo do agro?
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
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