O mês de março é dedicado às mulheres na luta por direitos de igualdade e para ocupação de espaços por escolha própria.
São 112 anos desde o incêndio na fábrica de roupas Triangle Shirtwairt, em Nova York, onde morreram 123 mulheres que trabalhavam em condições precárias e que não conseguiram fugir das chamas porque as portas estavam fechadas para que evitassem saídas para as pausas das trabalhadoras.
Ao longo do último século, a luta feminina alcançou importantes vitórias. No Brasil, em 1932, conquistamos o direito ao voto. Mas a cidadania plena da mulher só foi garantida – pelo menos legalmente falando - com a promulgação da Constituição Federal de 1988, quando a mulher passou a ser igualada ao homem em direitos e obrigações.
Até então, por mais que fosse tratada como "cidadã" por poder votar, a mulher tinha sua autonomia vinculada ao marido, não podendo tomar decisões, que hoje soariam absurdas como, por exemplo, serem consideradas por lei como relativamente incapazes, ou só podiam trabalhar com autorização do marido, e sequer podiam aceitar receber uma herança se o marido não deixasse.
Sem dúvidas estamos em uma nova realidade se compararmos com a vivida pelas mulheres ao longo dos últimos séculos, mas não significa que já conquistamos todos os espaços que almejamos e temos direito.
De acordo com a União Parlamentar, uma organização internacional que acompanha o nível de representatividade feminina no Mundo, o Brasil está 129º lugar no ranking de participação feminina, isso porque dos 513 deputados federais que existem na Câmara Federal, apenas 18%, ou 91, são mulheres. Já no Senado, de 81 vagas, são apenas 15 senadoras.
Nas eleições gerais de 2022, de acordo com a Justiça Eleitoral, Mato Grosso contou com 58 candidatas para deputada federal, apenas duas eleitas. Foram 113 candidatas para deputadas estaduais, e apenas uma eleita. Um saldo de apenas três mulheres eleitas.
Já nas últimas eleições municipais de 2020, em Mato Grosso foram registradas 12.855 candidaturas, sendo 34%, ou seja, 4.429 mulheres candidatas, sendo eleitas tão somente 255 ante 1.618 homens, entre prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.
A conta não bate, já que somos 51% das eleitoras, fomos 33% das candidatas e apenas 15% dentre as eleitas no conjunto das últimas duas eleições realizadas em Mato Grosso.
Isso demonstra que ainda temos muitos espaços a conquistar, principalmente, na política, que é historicamente liderada por homens.
Só será possível avançar se nós mulheres tomarmos consciência da importância na participação das discussões públicas que ocorrem, seja nos partidos políticos, nos espaços de educação, ou em qualquer espaço de tomada de decisão.
É importante sempre renovarmos nossas estratégias de luta e perdermos mais tempo na conquista desses espaços que nos pertencem.
*Katiuscia Manteli é jornalista, Secretária de Serviços Legislativos da Assembleia Legislativa de MT, secretária do PSB Mulher de Cuiabá e presidente-fundadora da Associação Amigos Motivados Pelo Amor e Respeito ao Próximo – AMAR MT @amarmat
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