Com a pandemia longe de mostrar indícios de um fim, 2022 repete fatores de preocupação do ano anterior para as atividades mais básicas e cotidianas do brasileiro.
As altas no preço que se paga pelo litro do combustível no Brasil, parecem boletos que o cidadão não conseguiu quitar e vez ou outra, batem à porta cobrando os juros, que não param de crescer. Como o valor do petróleo tem subido, a tendência é que o custo na bomba também suba. Aliás, após pouco mais de dois meses perto de uma pequena estabilidade, lá está o brasileiro pagando novamente até mais de R$7 reais por litro.
Essa valorização da gasolina na rotina brasileira não é mera coincidência, pois o peso no orçamento familiar começou a surgir a partir das novas políticas adotadas pelo então presidente da Petrobras, Pedro Parente em 2016. Ainda nas gestões anteriores, com a nova estratégia comercial o nosso combustível passou a ser um pouco menos “nosso”, já que vem sendo negociado com base no mercado internacional.
A pergunta é quase óbvia, mas: com o câmbio hoje, quantos dólares um brasileiro compra com R$ 1 real em 2022?
A conta não fecha. Encher o tanque de um carro popular está perto da agiotagem, mas quem tá cobrando a nota divide o mesmo teto que o motorista. Afinal, é preciso lembrar do poderio do nosso país na produção do petróleo, tão essencial para o mercado de combustíveis.
Enquanto o Congresso Nacional ainda dialoga em um vai e volta para avançar com propostas como a redução do ICMS dos combustíveis, o que o mercado mostra é que até as estimativas dos especialistas já ficaram para trás.
Em pesquisa da ValeCard, no primeiro trimestre de 2022, haveria uma queda de 5,94% na gasolina vendida por R$6,18. Acontece, que já em janeiro, houve mais um aumento e grande parte do país se aproxima dos R$7. Ou seja, tem que melhorar demais pra piorar só um pouco pra quem foi esperançoso no desejo de ano novo, de que o tanque completo seria menos de R$300. Quase 25% de um salário mínimo.
Com a disparada do dólar, a luz vermelha é acionada. É preciso dar atenção ao que é essencial para a economia brasileira, para a rotina do pai de família, para os trabalhadores que perderam seus empregos durante os dois anos de pandemia e investiram os últimos centavos, em um veículo para trabalhar por aplicativo.
O Senado Federal tem se movimentado para aprovar o “Programa de Estabilização” do preço do barril do petróleo e derivados no Brasil, em fevereiro. A Câmara já avançou na pauta, aprovando em 2021 o projeto que acaba com a variação do percentual do ICMS que incide sobre os combustíveis, de minha autoria.
2022 e a pergunta é: quando a política da Petrobras vai ser questionada e atualizada?
Em 18 de janeiro deste ano, o petróleo atingiu sua maior cotação em 7 anos tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos e o mercado internacional tem comemorado. Isso porque estima-se que o valor do barril chegue a US$100 até o terceiro trimestre do ano.
Se a pandemia influencia, o surgimento da variante Ômicron e até ataques de drones a estações petrolíferas, é claro que a política da nossa estatal também salga o preço da commodity por aqui.
Como parlamentar, entendo e valorizo a autonomia que a Petrobrás tem hoje, no entanto, não é possível que haja avanço sólido da economia, se somente o mercado internacional é valorizado. É preciso mudar, olhar pra dentro, valorizar também a condição de produtor e criar políticas que evitem que o brasileiro estanque.
O Congresso tem buscado medidas para diminuir os impactos no custo para o consumidor, no entanto, há uma tríade que envolve alta do dólar, uma matriz energética insuficiente e a política da Petrobrás, nesse mecanismo que só tem aumentado os custos para o consumidor.
Sem olhar para a economia brasileira e arrumar o jogo, logo veremos prefeitos e governadores recuando de decisões como o congelamento do ICMS e carros particulares, transporte público e empregos na reserva constante.
Emanuel Pinheiro Neto é deputado federal.
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