• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Brasil e brasis

            Alguns fatos simultâneos confirmam uma certa sincronicidade histórica neste momento. Tanto no Brasil como no mundo. Venho acompanhando muito atentamente todo o universo da pandemia desde o seu surgimento no começo do ano passado. E o que se vê neste fim do ano de 2021, é muito relevante e reflexivo.

            De um lado temos a diminuição da força da pandemia no país. De outro, temos que conviver com as consequências sanitárias, econômicas, políticas e comportamentais que a doença esparramou. E num terceiro plano, temos a COP26, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Glasgow, na Escócia. A COP do clima é um evento que discute o futuro não só do Brasil, mas de todo o planeta em relação principalmente a emissões de gases de efeito estufa.

            Onde entra o Brasil nisso? Neste momento há uma pressão mundial muito grande sobre o Brasil nas questões ambientais. De um lado crítica severas, e de outro pressões econômicas com visíveis interesses futuros. Obvio que não existem, anjos e santos nesse ambiente macroeconômico mundial.  No começo deste século o agronegócio brasileiro foi demonizado pelos sistemas ambientais mundiais, em especial as ONGS ambientalistas, que são na sua maioria braços de grandes interesses econômicos mundiais. Feitos os acordos ambientais necessários, as agricultura brasileira incorporou-se aos mercados mundiais sem maiores resistências.

            Hoje se olha especialmente o futuro. Mas falar em futuro sem levar em conta as incertezas climáticas mundiais é muito perigoso e o papel do Brasil nesse aspecto.  Mesmo na COP 26 que neste ano está mais proativa do que crítica, sabe-se que não se resolverá os problemas climáticos do mundo sem a cooperação e a participação do Brasil.

            Melhor traduzindo: a solução dos problemas climáticos mundiais passa pelas posições do Brasil. Neste momento há pressões de alguns países europeus, mas eles sabem que terão que se sentar com o Brasil e negociar. Fora do campo dos ataques guerrilheiros, porque no futuro próximo que produzir comida de forma sustentável terá mais poder do que quem produz armas.

            No momento atual o Brasil está tratando a questão ambiental fora do campo tradicional das ONGS e das organizações políticas internacionais. Está tratando dentro de uma visão nacionalista. Está gerando muito stress lá fora. Mas é o caminho, dada a importância do Brasil no tabuleiro mundial de comida e de recursos naturais. O agronegócio brasileiro, por exemplo, que já foi o alvo central de todos os ataques, aprendeu a produzir com sustentabilidade muito mais eficiente e rigorosa do que países europeus e os EUA.          

            Dentro do Brasil há polarizações políticas completamente divergentes defendendo posições no campo ambiental com olhares muito diferentes. Isso está trazendo mais confusão do que contribuição. Mas, na essência, o Brasil está indo na direção certa e agindo com olhar de nacionalismo. O mesmo nacionalismo que os EUA e os países da Europa usam ao defender os seus interesses nacionais. Espera-se que as divergências políticas internas brasileiras, não impeçam o caminhar do país para um novo papel inevitável no cenário mundial. O mundo pós-pandemia pensa com cabeça diferente das ideologias e dos simples interesses imediatos. Aliás, essa é a grande lição deixada para as nações.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br



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