Na semana passada o relatório Perspectivas Econômicas Globais, do Banco Mundial, trouxe informações muito positivas, principalmente considerando-se que elas vem depois da ressaca mundial do coronavírus.
Segundo o relatório, a economia mundial deverá crescer 4,5% em 2021. Em 2020 foi de 3,5% negativos. Se confirmado, estamos falando de um crescimento de fato, de menos 3,5 mais 4,5, que dá 8% de crescimento.
O Brasil cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021 e tem estimados 4,5% neste ano. Somando os 4,1 negativos de 2020 com esses 4,5 previstos, soma um crescimento efetivo de 9%. Só mesmo na década inicial de 2000 o Brasil cresceu tanto. Depois, em 2010, que foram 7,5%.
O mesmo relatório mostra a China crescendo 18,3% no primeiro trimestre de 2021 e um crescimento final no ano de 6%. Alguns países sul-americanos crescerão bem, Chile, 5,5%, Colômbia 5%. Os EUA crescerão 6,8%.
Vamos nos deter no Brasil. O setores que estão crescendo e darão a performance esperada pelo Banco Mundial são a agropecuária, os transportes e a construção civil. Todos são bons geradores de empregos. Lembro, a título de ilustração. Em 1964 os militares assumiram o poder num país de poucos empregos e de forte recessão. Com dinheiro emprestado no exterior oriundo dos chamados petrodólares, eles abriram uma enormidade de frentes de construção na infraestrutura de rodovias e energias, e na construção de conjuntos residenciais através do Banco Nacional de Habitação. O volume de desempregados urbanos era muito grande porque a urbanização do país se deu entre 1950 e 1970 num país sem empregos. A construção fez uma revolução na economia do momento e futura do país. A mão de obra existente de baixa instrução, porque era oriunda do meio rural.
Ainda no campo dos exemplos. Com os recursos dos petrodólares tomados no exterior, Mato Grosso recebeu a universidade federal, o linhão de energia elétrica vindo de Cachoeira Dourada em Goiás, e a pavimentação das rodovias BR-163 de Campo Grande a Cuiabá e a BR-364 de Goiânia a Cuiabá. Mais a abertura da rodovia Cuiabá-Santarém.
O crescimento da agropecuária se dá num momento de retomada mundial em tempo de busca por alimentos em ambiente de radicalismo ambiental. Antes produzir era só plantar e colher. Agora não. É preciso respeitar políticas ambientais rigorosas no país e nos mercados externos compradores. Até porque 70% da produção brasileira é exportada. Tirando a China que ainda não é tão exigente, os países europeus são chatíssimos. Logo, só quem tiver tecnologias e parâmetros ambientais sustentáveis conseguirá produzir e vender a sua produção.
O interessante desses setores que estão crescendo no Brasil é que eles são geradores de outras cadeias econômicas que, por sua vez, se desdobram. Isso é o crescimento econômico.
Contra a onda, temos o Estado brasileiro. Formado por corporações caras, gigantescas e pouco úteis, mais um funcionalismo gigantesco, consome próximo da metade de tudo que se produz, sem retorno. Consertar isso é a tarefa das tarefas no Brasil. Sem o Estado do jeito que é, o crescimento alcançaria com facilidade os 10% de outras épocas. Mas para isso a política teria que perceber a nação. Muito difícil. Também é uma corporação pouco útil.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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