• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Viagem sem rumo

         Em recentes conversas nas três federações classistas da Indústria, do Comércio e Serviços e da Agricultura e noutros setores da economia o assunto foi levantado. Mas parece que não faz muito sucesso. A discussão é ampla e muito complexa. Vai além das simples discussões de momento em torno de temas imediatos.

         Estou falando da montagem de uma rede de inteligência em Mato Grosso. O que significa isso? perguntaria o leitor. Vamos à tentativa de explicação. Tudo vem acontecendo dentro de um casuísmo sem causa. De um lado o governo do Estado gerindo uma administração sem visão estratégica de médio e de longo prazo. De outro lado, as classes econômicas também sem articulação política na defesa dos interesses dos seus investimentos. Nos dois lados falta a visão estratégica para o futuro.

         Tudo o que vem acontecendo no estado de Mato Grosso tem sido feito sem planejamento estratégico. Como o Estado é rico e promissor existe uma série de setores que não dão errado. Mas uma visão estratégica de curto, médio e de longo prazo não existe!

         O governo do Estado não tem planejadores que conheçam a realidade ampliada da estrutura, da produção, dos mercados interno e externo e dos cenários próximos. O governo vai pouco além do seu caixa que vive sempre apertado. Quanto mais a produção econômica produzir, mais o Estado gastará e pedirá mais. Sem corresponder pra que a produção alcance custos mais baratos.

         Os dois só se falam em casos como a atual revisão de incentivos e mexida tributária. Mas sem voz. Os setores privados não tem voz política. Isso, porque não montaram uma rede de inteligência estratégica capaz de confrontar o governo na sua ânsia de arrecadas, gastar e de facilitar o seu lado. Pode fazer leis. E faz!

         Já que o governo vive preso na máquina blindada do arrecadar e gastar do jeito que pode, não é capaz de frear esse círculo vicioso. A máquina do Estado é gastadora e protegida por leis e mais leis. Na sua leitura, os aumentos da arrecadação de impostos lhe pertencem pra pagar salários, custos e direitos adquiridos.

         Do lado de lá, na falta de uma rede de planejamento futuro. Os setores produtivos não sabem como e nem com quem falar. Falam sozinhos frequentemente. E nas crises! Na vida normal eles se esquecem de se articular pra terem voz e dizer ao Estado o que eles desejam.

         Claro que este tema é maior do que isso. O que estamos falando é da falta de uma inteligência. Por inteligência entenda-se convergência de interesses públicos e privados na construção de um futuro sustentável e justo pra eles e pra sociedade com mais de 3 milhões de pessoas que vivem aqui.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br     



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