• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Blairo Maggi Presidente!

Com apenas 27% de avaliação positiva (bom + ótima) em contraponto aos 48% de avaliação negativa (ruim + péssimo), segundo a última pesquisa da XP / Ipesp de março, o Governo Bolsonaro dá sinais claros de esfarelamento um antes de se iniciar o processo eleitoral da sua sucessão. É cedo, contudo, para afirmar que Bolsonaro já acabou.

Explico. Bolsonaro chega ao poder como reflexo da falência do modelo petista de governar, especialmente do modelo petista de persuasão ou de construção da hegemonia política. O lulo-petismo manteve-se no poder pelo importante programa social que aplicou no país, de concepção social-democrata, incluindo amplas massas no mercado de consumo de bens duráveis e até de luxo, promovendo uma expressiva mobilidade social, ressignificando os direitos civis para inúmeras minorias sociológicas com políticas inclusivas, entre outras ações. Porém, a forma como as vendeu – e o preço pago para viabilizá-las – criaram uma atmosfera que acabaram por inviabilizar o modelo.

Em livro recém-saído do prelo, o professor de Literatura da Universidade Tulane, em Nova Orleans, nos Estados Unidos, Idelber Avelar, lança luzes para uma melhor compreensão do processo político que resultou na eleição Bolsonaro em 2018 a partir da análise do discurso: uma rebelião de antagonismos reprimidos pelo lulismo, cuja bolha começou a estourar com o movimento dos Black Bloc iniciado em junho de 2013 em São Paulo - e que logo se espalhou pelo país -, e culminou com as plantadas suspeitas de envolvimento da ex-presidente Dilma Roussef com os esquemas de corrupção na Petrobrás – que levaram ao seu impeachment, pouco mais de dois anos depois.

O abafamento dos antagonismos na Era Petista, pela necessidade de governabilidade, e a coexistência de paradoxos, são, segundo o professor Avelar no livro "Eles em Nós: retórica e antagonismo político no Brasil do século XXI" (Record), são, segundo minha compreensão, as duas principais explicações para que Bolsonaro conseguisse se insurgir como o legítimo líder dessa rebelião contra a hegemonia petista. Mas uma rebelião que sempre foi difusa, misturando ódio de classes, homofobia, racismo, machismo, exploração religiosa e qualquer outra insatisfação que grupos extremistas pudessem ter.

Aqui chegamos ao ponto. Essas insatisfações perduram – e até explicam, em parte, a falência do Bolsonaro. Porém é esse mesmo caldo de insatisfações e frustrações que, dependendo da conjuntura, podem ajudar a salvar o presidente nas próximas eleições, a menos que as oposições sejam capazes de criar uma alternativa que satisfaça tanto aos que estão acordando da ilusão bolsonarista como aos que ainda estão frustrados com a Era petista.

E agora vem a parte mais difícil: convencer Lula de que ele tem a responsabilidade de liderar esse processo, como maior antípoda do Bolsonaro. Contudo, não como candidato, mas como um articulador-Estadista que seja capaz de pensar no país acima do partido, e chamar todas as demais lideranças do amplo espectro da oposição (incluindo todos os ex-presidentes do pós-ditadura, de Sarney a Michel Temer) para a busca de um nome de centro que possa reunificar o país. (Acabo de me lembrar que o MDB nos deu o primeiro presidente pós-ditadura militar e o último antes do obscurantismo atual).

E é aqui que entra o nome do ex-governador de Mato Grosso, ex-senador e ex-ministro de Dilma e Temer, Blairo Borges Maggi. Liderança legítima do agronegócio que dialoga com todo o setor produtivo, com expressão e respeito internacionais, forte identidade com setor de infraestrutura e uma boa bagagem e trânsito políticos, Blairo tem o perfil ideal para aglutinar as demais forças num governo de coalizão que devolva alguma estabilidade política ao país, superando os extremismos de esquerda e de direita. E com uma vantagem extra: é de um estado periférico (logo, não oferece riscos às oligarquias nordestinas e do Sudeste) e poderia fazer um pacto de um governo de transição de apenas quatro anos.

Foi numa circunstância semelhante, de ruptura das estruturas políticas regionais e de substituição de liderança que Blairo chegou ao governo de Mato Grosso em 2002. E logo seus aliados começaram a sonhar com Brasília. Talvez o sonho de ser presidente tenha sido sonhado antes do tempo. Mas, eis chegada a sua hora, Blairo.

(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br



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