• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Viver bem com pouco

            Este artigo certamente vai despertar muito incômodo. Mas julgo-o necessário neste momento de transformação que estamos vivendo. O título deveria trazer a palavra minimalismo. Mas achei melhor conversar sobre ela ao longo do texto.

            A pandemia do covid19 está transformando o modo de viver de todo mundo em todo o mundo. Fatores garantidos como o trabalho, o emprego, a economia, a política, a educação, a saúde, as políticas pessoais e públicas, estão rapidamente entrando em cheque. 

            O minimalismo significa ter apenas cinco camisetas brancas, dois jeans e um sapato. Também não é jogar todos seus pertences fora e viver isolado. Então, não se assuste: ser minimalista diz muito mais sobre a maneira que você enxerga a vida e sua relação com os bens materiais. Tem a ver com a felicidade. Falo da felicidade individual.

            Vamos aos fatos. Trabalhamos muito, pra ter bens e atender a algumas carências pessoais. O home office está trazendo o minimalismo de maneira indireta. Viver em casa, acordar cedo sem pressa delirante, tomar café calmamente. Não precisar se produzir pra sair. Maquiar, fazer a barba, penteado, sapato de salto, roupas combinando, etc.etc. O ambiente confinado do trabalho. O ambiente conflituoso das convivências coletivas...

            Conversei com amigos e amigas. Por isso nasceu este artigo. A angústia e ao mesmo tempo a alegria de poderem viver de maneira mais simples, sem prejuízo da sensação de felicidade. Um amigo, empresário rico de família, disse-me ontem: “estou em home office e descobri que a felicidade está muito mais em ver o por do sol, do que passar pela garagem e ver meus carrões, ou olhar no armário tanta roupa de marca”.

            Minha irmã, Nice, que mora em Brasília, disse-me que tomar o café da manhã com calma é uma benção. E que tem vestidos e sapatos demais. No home office, usa apenas uma sandália, short e camiseta, cabelo preso, sem maquiagem. Almoça calma e cochila depois do almoço.  E disse-me uma coisa de arrepiar. Ver o por do sol todos os dias tornou-se obrigação de vida. Não dá mais pra não ver.

            Pessoalmente, em quarentena em Acorizal, Carmem e eu vivemos minimalistas. E olhamos o por do sol todos os dias. Felizes!

            O liquidificador da pandemia, depois a batedeira. O resultado será o bolo do futuro. Ninguém sabe como será depois que sair do forno. Mas nunca mais será como antes.

            Especialmente, será minimalista.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br



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