• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Quando o amor não resiste à Pandemia

Não sou nenhuma especialista comportamental, muito menos em relacionamentos (ironicamente minha vida amorosa que o diga), mas, desde que começou a Pandemia da Covid19 e a recomendação de distanciamento/isolamento, como jornalista curiosa em comportamento humano, ouvinte atenciosa de desabafos dos amigos e bela observadora que sou, comecei a notar diversos relacionamentos desabando ao meu redor nos últimos 40 dias, isso sem falar dos famosos que anunciaram a separação neste período.

Diante disso, meu objetivo com esse artigo é que façamos juntos, uma reflexão sobre a volatilidade e fragilidade das relações que temos cultivado e por que, cada vez mais, nos tornamos uma multidão de sozinhos. Nunca antes dessa quarentena a frase ‘cuidado com o vazio de uma vida cheia demais’ fez tanto sentido para mim. A gente liga o piloto automático e vai passando por cima daquilo que devíamos tentar entender e consertar nas relações. Vai preenchendo os problemas e a ‘solidão a dois’ dos relacionamentos com compromissos sociais, trabalho, consumo e outras condutas que não nos faça ter tempo para o cultivo.

Meus pais foram casados pela vida toda e, assim como no casamento dos meus avós, só existia para eles a opção do o ‘até que a morte os separe’. Passei vida ouvindo-os dizer que eram de uma época em que se as coisas quebravam, buscava-se consertar e não jogar fora. Mas usei esse contexto para dizer que maioria das narrativas dos casais com quem tenho conversado e que decidiu se separar durante a quarentena, diz que a convivência diária ‘forçada’ durante esse período trouxe à tona as mazelas que vinham colocando embaixo do tapete ou que foi a gota d’água que fez o copo transbordar. É obvio que não somos obrigados a viver infelizes, mas por que nos tornamos tão preguiçosos e impacientes no cultivo das relações?

O fato é que amparados sempre na justificativa da falta de tempo e pela vida corrida demais, preferimos ir ‘passando por cima’ de comportamentos que nos incomodam em nossos parceiros ou, ainda, não ‘desgastar’ a relação com longas conversas. Mas o problema é que amor é cultivo diário, é como planta que precisa ser regada, na maioria das vezes aparada, podada para poder crescer no formato certo e florir e, quando a vida parou durante esse isolamento social, quando a gente se viu com tempo e obrigado a olhar para si mesmo e para a pessoa que está ao nosso lado, percebemos que há tempos talvez venhamos regando ‘plantas mortas’ e que tempo de salvar a relação infelizmente já passou.

Então, ao final desse artigo deixo duas reflexões: durante a pandemia, quantas plantas mortas você já descobriu que tem regado?  E, foi a pandemia que adoeceu as relações ou falta de cultivo que as fez morrer há tempos? Com a palavra você, leitor!

 

Laura Petraglia é jornalista, especialista em gerenciamento de crises e Marketing Político Digital, estudante de Direito e curiosa sobre o comportamento e as relações humanas.



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