No filme “A Onda”, um professor alemão é designado para ensinar uma turma de adolescentes sobre como se forma um estado autocrático. Na experiência, que foge ao controle dos professores, os alunos começam a desenvolver o modus operandi do regime Nazista. Subjugam colegas, praticam atrocidades contra os diferentes, cometem crimes, agridem e atacam os que não concordam com a barbárie do “novo” regime instituído pela imersão na experiência proposta pelos professores, que os influenciados, nem entendem que o estão sendo.
Como a vida imita a arte e, a política não poderia deixar de ser igualmente uma ilusão, vivemos o momento da ascensão do populismo de ultra-direita. Na falta de um projeto claro de governo ou de oposição, do que fazer, de quais e em que proporções as políticas públicas e os recursos precisam ser usados para o bem estar social do povo, sobram celulares, câmeras e personagens fingindo cumprir seu “múnus público”, enquanto praticam agressões reiteradas contra o estado democrático de direito e às instituições.
A moda agora é “lacrar”. Não importa se a ação política seja puro populismo de ultra-direita e, não traga qualquer resultado prático ou solução real aos problemas que enfrenta o “grande público”, o povo.
Pior ainda, não importa se as “ações” sejam legais, dentro da LEI, dos códigos, em cumprimento estrito às atribuições dos “atores políticos”. Basta chegar ao “grande público” por meio das mídias sociais. Isso garante o ilusionismo que alcança o voto e “cachorros loucos” apoiando.
Teve deputado ‘se filmando retirando faixas’ como se fosse uma grande ação política, quando na prática, isso sequer seria sua função e ainda carecesse de notificar as autoridades responsáveis pelo controle de “poluição visual”, ou seja, como se não houvesse um setor da administração pública com competência e atribuição legal para controlar a “poluição visual” dentro do município.
Teve vereador que se jogou no chão em plena inauguração de hospital PÚBLICO, que serve hoje para o atendimento de milhares de espectadores, o povo. O mesmo “ator” político invadiu repartição pública, unidade de saúde, revirando gavetas e constrangendo servidores de carreira, simulando estar cumprindo sua função, enquanto transmitia o “show de truman” ao vivo pelas mídias sociais. É bom lembrar, extrapolou suas atribuições LEGAIS e cometeu crime de responsabilidade, motivo pelo qual pode, e possivelmente será cassado. A não ser que haja uma boa dose de altruísmo de seus pares.
Quais foram os resultados práticos daquela “pataquada” midiática toda? NENHUM. O hospital começou a atender, milhares de pessoas saíram da fila de cirurgias e a saúde começou a melhorar depois de vários governos e promessas. Não por causa das aparições do “vereATOR”, mas por que o prefeito, que não é perfeito, pensou politicamente e, na prática estrita do cargo e função, executou essa politica pública, direcionando verbas e personagens para cumprirem o script traçado.
Se a saúde está completamente “curada”?. Obvio que não, nem está em questão essa análise aqui. Mas certamente está melhor do que antes.
O que não podemos naturalizar é a anti-política, o moralismo de garganta, da boca pra fora, demagógico. O mesmo “deputado da liga juvenil” que retirou faixas como maior ação do seu mandato, votou lei que TRIBUTOU milhares de aposentados, com idades de até 80 anos, muitos dos quais em cadeiras de rodas e dependendo de cuidadores pagos, mas neste momento as câmeras do “lustroso” estavam desligadas, em um misto de vergonha e cinismo.
Nenhum desses atores meramente performáticos, emplacou nenhuma lei que beneficie o distinto público. Nenhuma ação que tenha melhorado a vida do sofrido “pacato cidadão”!. São apenas palhaços no grande picadeiro da anti-política.
Esses que fingem atuar em prol dos trabalhadores, do cidadão, são de partidos que atacam os direitos dos trabalhadores e, são parte de um projeto de desmonte do serviço e do servidor público. Enquanto o atual prefeito não renega e nem trai em nenhum momento, o apoio destes trabalhadores que o alçaram aos principais palcos da politica local.
Percebam que não tratamos aqui de pessoas, mas de um projeto de sociedade que queremos e, podemos alcançar. E um projeto qual não devemos flertar com ele, como no filme “A Onda”. Esse projeto fascista, neopentecostal, ultra-liberal, estatizante e midiático, só atende aos financiadores da “grande produção”, vazia de conteúdo, mas capaz de manipular jovens incautos pela tela dos android’s.
Precisamos diferenciar o que serve na prática política e, o que é a simples técnica de enganação e demagogia na “nova/velha” ultra direita Brasileira. Seus direitos e o serviço público estão em jogo, aguardem cenas dos próximos capítulos!
Antônio Wagner Oliveira é Advogado, Presidente em Exercício da Central dos Sindicatos Brasileiros em MT/CSBMT, Secretário Geral do SINPAIG MT, membro do Fórum Sindical dos Servidores Públicos de MT, Membro fundador do Núcleo da Auditoria Cidadã da Dívida Pública de MT.
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