Em Mato Grosso, assim como no Brasil, temos sido vítimas da frustração de expectativas sobre os nossos governantes. Os governantes entram tendo sobre as suas costas os sonhos de milhares de habitantes. Com o governador Pedro Taques não foi diferente. Eleito em 2014 levou sobre as costas toda a carga de frustrações e de esperanças de 3 milhões de mato-grossenses, insatisfeitos com a gestão Silva Barbosa.
De fato, a gestão Pedro Taques ficou aquém daquelas esperanças e sonhos. Errou na escolha de secretários jovens e inexperientes e errou na comunicação com a sociedade. Por estilo da sua personalidade concentrou em si todos os desamores ao longo do governo. Não foi reeleito e amarga um cinzento fim de gestão. Onde errou, efetivamente? Entrou prometendo um “Estado de Transformação”. Não explicou bem o queria isso. Mas mexeu na condução de todos os processos da administração pública estadual. Melhorou nuns e piorou noutros. De certo modo travou a gestão. Gastou muito tempo olhando no retrovisor. Mesmo assim não foi um governo paralisado. Padece de pouca compreensão e da pouca boa vontade da população. É mais mal avaliado na pessoa do que na gestão. Personalidade.
De todo modo, não correspondeu e ninguém corresponderia, nesse período, à imensa carga de expectativas que sua campanha eleitoral gerou frente às respostas que entregou. Foi vítima de si mesmo. Pra gestão é ruim, porque as cobranças crescem em relação ao próximo governante.
Mauro Mendes entrará sob a mesma carga de expectativas. Na campanha eleitoral criticou muito a gestão financeira de Pedro Taques e prometeu recuperar as contas e dar rumo à gestão. É uma promessa dificílima tendo em vista que encontrará um Estado extremamente aparelhado pelo funcionalismo público, cartelizado a partir de 2016 na época das discussões da RGA. Encontrará também o aparelhamento de gastos e de reivindicações dos poderes. Uma central imensa de egoísmo corporativo!
A pressão das contas será desumana sobre a gestão Mauro Mendes. Penso que respostas só virão no segundo ano. Pode ser que até lá já esteja desgastado pelos enfrentamentos do primeiro ano. Pode ser que a sociedade o compreenda e apoie. Mas terá que ter a extraordinária competência de explicar e convencer direitinho pros 3 milhões e 200 mil mato-grossenses que sabe o que faz e que será capaz de cumprir o que promete.
Na verdade, o que este artigo propõe é o alerta de que gerir nos dias atuais é coisa de doido. Uma sociedade cobradora e frustrada. De outro lado, a gestão pública envelhecida, ineficiente e incapaz de reagir às demandas da vida moderna. Por isso, ou Mauro Mendes se comunica com eficiência total, ou terminará cinzento como Pedro Taques. E comunicar-se com efetiva eficiência hoje em dia talvez essa seja a parte mais difícil da missão de governar. Comunicação sai da periferia da gestão pro coração político da missão de governar. Mudou tudo nessa área.
Onofre Ribeiro é jornalista de Mato Grosso
Ainda não há comentários.