Recorrente este tema. Taxar ou não taxar o agronegócio sob o argumento de que ele é protegido pela Lei Kandir e paga menos impostos do que deveria. A questão é tão simples quanto complexa. Simples porque o agro não foi o responsável pelos furos na caixa do governo estadual. Complexa, porque analisar as contas do governo, do agro e os impostos, é conversa pra mais de metro.
Agora, a questão vai se resumindo em alguns pontos bem claros. O governador Mauro Mendes assumirá em 1º. de janeiro do ano que vem com um furo monumental nas contas. Precisará de dinheiro novo, mas precisará cortar feio nas contas estaduais. Coisa dificílima porque enfrentará corporações egoístas e extremamente poderosas conhecidas como “poderes”, mais os servidores públicos, os seus sindicatos e fórum de interesses.
De outro lado, um novo imposto resolverá no curto prazo as contas atuais. Se não houver cortes e pesado planejamento governamental tudo cairá por terra em poucos meses e de novo se falará em taxações de outros setores. Mas neste artigo gostaria de falar um pouco sobre o planejamento indispensável. O agronegócio sozinho não sustentará os custos de pesadíssima e ineficiente máquina pública que o Estado carrega. Na última semana na posse do presidente da Federação das Indústrias o vice-governador eleito, Otaviano Piveta, abordou o assunto com lucidez.
Disse que cabe ao governo de Mato Grosso planejar políticas industriais pra dar sustentação à economia. Falou da chamada agregação de valor à produção primária de madeira, de grãos, de carne e de fibras. Exportar produtos primários empobrece. Jamais enriqueceu qualquer país que só exportou produtos primários.
Na prática, juntando a visão de Piveta, as contas de Mauro e o futuro, parece claro. Ou o governo Mauro Mendes planeja o futuro, ou terminará desgastado e chorando o eterno caixa baixo. O Estado não existe pra si mesmo e nem pras suas corporações. Quem o faz, constrói e produz é a cidadania no seu conjunto de pessoas e de empresas. O Estado é só complicador e gastador!
O Brasil entrará 2019 num ciclo virtuoso da economia. Só isso já imporia forte senso de planejamento. Ainda mais com essa questão do caixa deficitário. O ex-ministro do Planejamento e ex-senador por Mato Grosso, Roberto Campos, sempre insistiu que o país só crescerá com planejamento. Nunca com os discursos políticos das eleições.
Ao governador Mauro Mendes resta pouco além de planejar o futuro, Cuidar das contas será rotina do presente. Agora o futuro é quem realmente contará. Não lhe resta outro caminho pra contornar as mediocridades do presente imediato.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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