Não fuja deste texto. O tema não é agradável, mas, como mostra ‘Mortalis: ensaio sobre a morte”, de Carlos Alberto Pessoa, da Editora Cone Sul, o assunto precisa ser mais discutido por todos, do médico ao condenado à morte, pois todos morrem e nem todos parecem querer falar disso.
Falar da morte e do morrer é um tabu, porque ela se faz onipresente com um poder que abrange desde a pessoa que recebe a notícia de um profissional da medicina ao religioso ou místico que nega a sua existência pela crença de que existe uma outra vida, seja melhor, pior ou paralela a esta que conhecemos.
O fato é que morrer costuma assustar e, por isso, o discurso que cerca a morte é repleto de ambiguidades. A franqueza não aparece nem no ensino médico nem no cotidiano. Está o tema imerso em névoas e nas mais variadas reações, marcadas geralmente pelo desespero ou pelo conformismo exacerbados.
Talvez quase todos esqueçam que a morte acontece em iguais condições que a vida. Pode ser vivida e vivenciada pelos que ficam com emoção, racionalismo, surpresa, pessimismo, esperança de algo transcendente ou uma mescla de todas essas emoções. Mas, como alerta Pessoa, “repensar a vida passa obrigatoriamente pelo repensar a morte”. Que assim seja...
Oscar D'Ambrosio, mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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