Tomo emprestado do escritor Sidnei Oliveira alguns conceitos publicados no seu livro ”Gerações”, de 2016, porém, absolutamente atual. O autor propõe uma leitura muito abrangente do jovem atual com seus smartfones e a vida digital, frente ao um mundo real, que não lhe diz muita coisa. Vou expor algumas ideias de Sidnei Oliveira antes de concluir com as minhas observações e percepções pessoais.
O jovem é muito bem informado sobre generalidades do tipo “está havendo um movimento na Europa com a Inglaterra que quer sair do bloco europeu”. Mais não sabe. Do mesmo modo ele sabre que o Brasil perdeu a Copa do Mundo, mas não vai além do que lhe informaram as redes sociais. Na sala de aula ele olha com certo desprezo o professor e os conteúdos ministrados.
Existe uma expressão francesa usada e abusada nos anos 1960: o estilo blasé, cujo significado se aplica muito bem à juventude atual: “o indivíduo blasé é incapaz de reagir a novos estímulos com as energias adequadas". Temos uma juventude blasé.
Ela vai às urnas em 2018 trazendo uma carga pesada de frustrações. Viu seus pais despencarem do emprego, a renda familiar cair, os pais perderem carros, planos de saúde, idas a restaurantes, as viagens e uma série de mordomias que seus pais lhes davam em compensação por suas frustrações pessoais. A geração jovem não conheceu crises como inflação, falta de bens e o sufoco de um dia vivido e trabalhado não garantir o seguinte, como nos anos 1980 e 1990.
Em Mato Grosso a separação etária do Tribunal Regional Eleitoral pra 2018, entre 16 e 34 anos soma 1.034.187 eleitores, dá 38,67% e está assim dividida: 16 anos=10.192 eleitores; 17 anos= 21.988 eleitores; 19/20 anos= 133.399 eleitores; 21/24 anos= 211.212 eleitores e de 25/34 anos= 524.496 eleitores.
Então o conceito de jovens abrange 38,67% dos eleitores, ou 1.301.187 eleitores dentro de um universo total de 2.330.280 eleitores inscritos pra votar em 2018. São 1.154.390 homens e 1.175.575 mulheres.
Dado esse perfil vale a análise. Essa juventude é aquela que está no auge da frustração trazida pelas profundas transformações tecnológicas, políticas e econômicas que estão contaminando profundamente a sua percepção de futuro. O futuro é uma nuvem escura. Sem bússola eles entrarão nestas eleições falando um idioma que os emojis tão bem retratam. De outro lado política e políticas em cima dos palanques gritando discursos pra quase metade do eleitorado que não quer ouvir nada disso...
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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