• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

O mito da despolitização

            Historicamente os eleitores brasileiros foram alienados.

Em poucas ocasiões foram capazes de se manifestar efetivamente. Nem mesmo nas Diretas-Já pode-se dizer que a população se interessou. Uma minoria. Hoje, depois dos sucessivos desastres das gestões recentes e da crise que se abateu sobre cada cabeça dos brasileiros, parece que há sinais de boa fumaça no ar.

            Por onde tenho andado, em todos os ambientes as pessoas estão fazendo perguntas.Todas, sem exceção, estão iradas contra a política e contra os políticos. Mas, certamente, votarão mal mais uma vez. Mesmo sabendo que estarão colocando o seu pescoço na forca, votarão com o fígado. É da natureza brasileira não se assumir como cidadão. Acha melhor colocar o seu destino nas mãos de terceiros e depois ficar no papel de cobrador frustrado. Nesta eleição não será diferente. Essa choradeira que assistimos na televisão e nas redes sociais, não passará de pura choradeira! Na hora de votar vota de qualquer jeito ou baseado em premissas muito fracas.

            O que vejo de diferença entre esta e as eleições anteriores é que agora todos sabem o tamanho do estrago que a má política pode fazer nas nossas vidas. Mas é da índole brasileira terceirizar o seu destino. Em 1964 terceirizou para os militares. Em 1985 terceirizou pra Tancredo Neves que morreu antes de assumir. Depois pra Fernando Collor e mais tarde pra Lula e pra Dilma. Quando digo terceirizar, é votar e deixar que os eleitos pensem por nós e decidam os nossos destinos com todo o nosso aval.

            É também da natureza do brasileiro a adoração por fazer críticas chorosas na qualidade de pobre vítima. Ele é o culpado.

            Nesta eleição não se pode dizer que falta politização. Nunca houve tantas informações disponíveis. Nunca houve também tantas mentiras circulando. Mas não será isso quem impedirá que o eleitor vote do jeito que sempre votou. Aliás, tem um exemplo doloroso. O cidadão sai de casa dizendo: “vou votar e depois vou tomar uma”. Ele coloca o voto e o álcool no mesmo patamar. Depois não pode queixar...!

            A esperança eleitoral transformadora não é coisa pra pouco tempo. Depois que as atuais gerações da casa dos 20 anos entrar nos caminhos do poder profissional, quem sabe, haja mais responsabilidade na escolha e no voto. Até lá vai prevalecer: “vou votar e depois vou tomar uma...!”

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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