Na lista do TSE aparecem 35 partidos com registros, 26 estão representados no Congresso. Tem uma história por trás desse aumento enorme de partidos.
Os militares tomam o poder em 1964 e, no inicio, não mexeram nos partidos políticos, como UDN, PSD ou PTB. Na eleição para governador em 1965 começa a mudança.
Negrão de Lima no Rio e Israel Pinheiro em Minas, candidatos do PSD de Juscelino Kubitschek, ganharam as eleições para governador. Juscelino era o nome mais temido dos militares na política. O regime resolve acabar com os partidos tradicionais.
Vão criar, no lugar dos antigos partidos, a Arena e o MDB. O que levou um historiador norte americano a dizer que um era o partido do sim, o outro do sim, senhor. Não foi bem assim, o MDB vai incomodar o regime.
Os militares também acabam com eleições para governadores e prefeitos de capital, eram nomeados. Permitiam, no entanto, eleições para deputados e senadores.
Nessas eleições, apesar de inúmeras leis eleitorais casuísticas, a oposição, representada pelo MDB, ia crescendo. Frente à situação, o regime, em 1980, acaba com a Arena, criando em seu lugar o PDS. A exigência era que partido tivesse um P na frente. O MDB virou PMDB. Hoje voltou ao MDB.
Tem muita gente que acha que o regime militar transitou em céu de brigadeiro. O crescimento constante do partido de oposição é uma clara demonstração do contrário. Incomodado o regime daria mais uma guinada na política partidária.
Tomou a pior medida possível ao permitir que se criassem quantos partidos se quisesse. Os donos do poder imaginavam que o PDS continuaria unido e o PMDB se escafelaria em muitos outros. Não foi tanto, mas até aconteceu, nasceram da costela daquele partido o PDT, PSDB e até o PT.
A América Latina estava cheia de ditadura militar, mas em nenhum país acabaram com os partidos tradicionais ou abriram à proliferação de partidos. No Uruguai se têm partidos que vem desde o século 19. Não se fez na região a besteira que foi feita no Brasil.
Para completar a profusão de partidos o Congresso criou, em tempos mais recentes, o Fundo Partidário, aquele dinheiro público distribuído a todos os partidos. Tem partido criado só para abocanhar um pedacinho disso, inclusive para uso dos dirigentes. Apareceu ainda a distribuição do tempo no horário gratuito.
Para aumentar a feiura do monstro criaram a coligação partidária. Lugar que nutre os chamados partidos de aluguel, servem de escadas para os grandões. Somam votos e tempo na televisão e rádio para os partidos maiores. Tudo isso não tem nada com o regime militar, foi criação posterior do Congresso.
E para enfeitar ainda mais essa belezura, um dia o STF derrubou a cláusula de barreira que iria vigorar aos poucos em eleições vindouras. Um equívoco que trouxe consequências dramáticas para a politica no país. Hoje não se teria tantos partidos.
O regime militar criou o monstro, o Legislativo e o Judiciário o nutriram.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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