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O abono de permanência e o teto remuneratório

  • Artigo por Bruno Sá Freire Martins
  • 06/02/2018 07:02:47
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                        O abono de permanência se constitui em gratificação paga ao servidor público que tendo cumprido os requisitos para se aposentar opte por permanecer na ativa, ou seja, continue exercendo as atribuições de seu cargo público.

                        Quando de sua instituição, por intermédio de Emenda Constitucional n.º 41/03, grande controvérsia surgiu acerca de sua natureza jurídica, tendo predominado o entendimento de que se trata de verba de natureza remuneratória.

                        Por outro lado a mesma Emenda Constitucional implementou os limites remuneratórios no âmbito da Administração Pública, tendo para tanto alterado a redação do inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal, onde, dentre as inúmeras previsões ali lançadas, constou que as vantagens remuneratórias incluídas as pessoais ou de qualquer outra natureza também se sujeitam aos limites remuneratórios estabelecidos para os Municípios, para os Poderes dos Estados e para a União.

                        Nessa linha, o abono de permanência, por se constituir, em vantagem pessoal de natureza remuneratória, também se sujeita a aplicação das regras constitucionais do teto remuneratório.

                        Entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça, senão vejamos:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. VANTAGENS PESSOAIS. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DO TETO REMUNERATÓRIO ESTABELECIDO PELA EC 41/2003.

1. Esta Turma, no julgamento do AgRg no RMS 24.732/DF (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 31.8.2009), decidiu que, a partir da entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 41/03, que deu nova redação ao art. 37, XI, da Constituição da República, eliminou-se o impedimento à inclusão de vantagens de qualquer natureza, no cômputo da remuneração para fins de cálculo de teto salarial. Precedentes.

2. Por ser vedada a inovação da causa de pedir na instância recursal, não se conhece do recurso ordinário no ponto em que o recorrente requer seja estabelecida, como limite temporal para incidência do teto remuneratório, a data de início da vigência da Lei estadual n. 5.001/07.

3. Não procede o pedido para que sejam afastadas do teto remuneratório as parcelas alegadamente de caráter indenizatório. O Tribunal de origem consignou que, nos termos do contracheque acostado aos autos, os proventos do impetrante são compostos por vencimentos, triênios, gratificação de produtividade fiscal e abono de permanência. Portanto, decidiu com acerto a Corte Estadual, ao entender que todas as referidas parcelas possuem caráter remuneratório, não se lhes aplicando o § 11 do art. 37 da Constituição da República, incluído pela Emenda Constitucional n. 47/05.

4. Recurso ordinário parcialmente conhecido e, nesta parte, não provido. (RMS 32.258/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/11/2010, DJe 12/11/2010)

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. TETO REMUNERATÓRIO. VANTAGEM PESSOAL. ABONO DE PERMANÊNCIA.

1. O STF declarou a constitucionalidade do art. 37, XI, da CF/88, por ocasião do julgamento do Mandado de Segurança 24.875/DF. Decidiu-se que a suposta redução dos vencimentos não pode ser afastada com base em pretenso direito adquirido ou sob a alegação de existência de ato jurídico perfeito, tendo em vista que tais garantias individuais não se sobrepõem à supremacia constitucional.

2. As vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza passaram a integrar o montante da remuneração para o cálculo do teto remuneratório.

Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 100.302/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/06/2012, DJe 18/06/2012)

                        Portanto, o abono de permanência deve ser considerado no momento da aplicação do teto sobre a remuneração do servidor público.

 

Bruno Sá Freire Martins é advogado e presidente da Comissão de Regime Próprio de Previdência Social do Instituto dos Advogados Previdenciários – Conselho Federal (IAPE). Bruno também é autor de obras como Direito Constitucional Previdenciário do Servidor Público, A Pensão por Morte, e Regime Próprio - Impactos da MP 664/14 Aspectos Teóricos e Práticos, além do livro Manual Prático das Aposentadorias do Servidor Público e diversos artigos nas áreas de Direito Previdenciário e Direito Administrativo.  



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