A última crise financeira de Mato Grosso com atraso de salários no funcionalismo público foi em 1997. Naquele ano o governador Dante de Oliveira fechou um acordo de ajuste fiscal do Governo de Mato Grosso com a Secretaria do Tesouro Nacional. Na época Mato Grosso ainda vivia a ressaca da divisão que separou Mato Grosso do Sul a partir de 1979. O governo federal ficou de passar anualmente o valor de 1 bilhão e 700 milhões de cruzeiros da época, a título de custeio da máquina pública. Após a divisão o estado ficou bastante deficitário. A partir de 1983 deixou de enviar o valor e o estado obrigou-se a tomar empréstimos fora do país.
Dante encontrou os cofres numa condição péssima. Pra cada real arrecadado devia três reais internamente, fora a divida com a União. A partir de 1977, com o ajuste fiscal e a enorme redução do tamanho da estrutura do governo, as finanças ficaram viáveis. Nunca mais se atrasou salários e nem dívidas com fornecedores. Porém, de 2014 em diante, ainda no governo Silval Barbosa, as contas deixaram de fechar. A causa principal foi o aumento brutal na folha de salários do funcionalismo público. Foram dados aumentos irresponsáveis. Depois, ninguém contava com uma inflação crescente como foi em 2014, 2015 e 2016. Os salários saíram do controle e crise econômica brasileira chegou até o estado.
A gestão Pedro Taques iniciou sem diagnósticos confiáveis das contas públicas. O erro da euforia do início de sua gestão em 2015 só foi percebido em 2016. Os cofres estavam em profunda crise que só foi se agravando até chegar ao estágio atual de parcelamento de salários. Há riscos grandes para dezembro: salário e 13º.
Quem tem menos de 40 anos não conviveu com crises. Qualquer arranhão causa sobressaltos e pânico. São pessoas que sempre viveram em tempos de estabilidade. Agora que as contas do governo não fecham atinge-se muita gente que não sabe lidar com a incerteza. É bom aprender, porque daqui pro futuro muita coisa terá que ser mudada sob pena de tudo piorar. Por um longo tempo terá acabado o tempo de águas rasas e cristalinas.
Voltarei ao assunto.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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