Por pior que tenha sido a crise econômica desde 2015, numa coisa ela foi ótima. A economia sai dela descolada da política. O leitor deve estar se perguntando o que é isso. Vamos relembrar a colonização da política e dos políticos sobre tudo no Brasil desde o descobrimento em 1500.
A coroa portuguesa enviou pra colônia primeiro os burocratas e representantes da realeza. Depois foram os cidadãos, mesmo assim de quinta categoria: prisioneiros, aventureiros, ladrões e gente bem desqualificada. Traduzindo da maneira mais dura: o Brasil nasceu sem cidadania. Pior: nunca se preocupou em ter uma.
Dito isso, vimos a política e os políticos construir um país só para eles, sem levar em conta a cidadania dos brasileiros. Os regimes políticos no país sempre foram patrimonialistas. Ou seja, confundem o que é público com o que é privado. Quem venceu sempre: o público em prejuízo do privado. Vamos a um exemplo, sem citar outros. A chamada República Velha, que durou de 1889 a 1930, também era conhecida como “República do Café com Leite”. Nela os presidentes do país se revezavam entre Minas e São Paulo, e se beneficiavam do poder pra manter suas economias ineficientes e os privilégios das elites da época.
A crise de 2015 começou na política e contaminou uma economia nacional profundamente dependente do protagonismo dos políticos. A crise política vem piorando e a econômica se resolvendo. O país voltou a crescer. A tendência é que cresça próximo de 2%. É muito, considerando que foi de 3,8% negativo em 2016.
Esse crescimento está se dando fora da política graças ao esforço da classe empresarial e da política econômica mais sensata da equipe da área federal. Ao que tudo indica o mundo privado brasileiro compreendeu que na nova economia, não cabe mais a prostituição com o mundo político.
Porém, o mundo econômico precisará se organizar e interagir com setores de excelência do governo. Precisa pôr o pé no freio dos chamados poderes da República, hoje desenfreados gastadores e corporativistas ineficientes.
Claro que isso não acontecerá em pouco tempo, se levou mais de 500 anos pra ser construído. Mas é muito bom saber que o túnel da política e dos políticos tem fim!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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