Em 1976, quando cheguei a Mato Grosso os mato-grossenses viviam um sonho histórico de futuro. Uma crença quase utópica para a época. Brasília trouxera uma forte esperança a partir de 1960. A ocupação da Amazônia a partir de 1973 no projeto do governo militar de “integrar pra não entregar”, reforçava as esperanças. Jovens que antes estudavam em universidades do Rio de Janeiro e voltavam pra trabalhar no estado, traziam ideias velhas de uma velha corte carioca.
Os novos técnicos formados na UnB em Brasília traziam percepções novas. O sonho de futuro ficou cada vez mais forte a partir de então.
Em 1975 o ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli, propôs dentro do planejamento nacional a ocupação de 1 milhão de hectares de cerrado à nova agricultura brasileira, concentrada no Sul e no Sudeste. Criou-se um fantástico programa financiado pelo governo federal com financiamentos, assistência técnica e amplo apoio politico. Chamou-se Polocentro – Programa de Desenvolvimento dos Cerrados. Vigorou entre 1975 e 1984.
Através dele o cerrado deixou de ser inútil à agricultura e polarizou a produção nacional nos dias de hoje.
No caso de Mato Grosso, agrega-se a separação de Mato Grosso do Sul que permitiu a concentração dos recursos federais, aplicados em Mato Grosso. O ano de 2017 colheu mais de 52 milhões de toneladas de grãos onde há 40 anos nada se colhia. Tudo o que houve ao longo desse período histórico entre 1975 e 2017, gerou riqueza, novas cidades, novas rodovias, novas tecnologias e uma mentalidade empreendedora e outras empresariais antes inexistentes.
Pronto. Chegamos ao ponto central desse artigo.
Do Polocentro pra frente o estado cresceu com pouquíssimo planejamento. Pro futuro os desdobramentos vão se multiplicar muito mais do que o desenvolvimento alcançado até aqui. Considerando como o mundo mudou, não será mais possível que os próximos saltos sejam conduzidos por obra mais do acaso do que pelos pobres planos de governo e das entidades privadas.
O mundo mudou e vai descentralizar a produção e a verticalização dos alimentos nesses próximos anos. Por isso, em Mato Grosso há tudo por planejar: a industrialização, a educação, as inovações, as tecnologias, a visão empreendedora, o caráter comercial e mercadológico do estado, a preparação de recursos humanos adequados, a eficiência do Estado, a desburocratização, etc.etc. etc.
Ano que vem tem eleições. Lamentável se assistirmos aos velhíssimos discursos eleitorais genéricos e idiotizados. A oportunidade tanto gera vida como mata sonhos. Planejar, planejar, planejar. E ainda será pouco!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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