Nas duas últimas semanas a velha rodovia Cuiabá-Santarém, a BR-163, entrou pesado no noticiário nacional. Pelo silêncio em torno de um problemão que começou em outubro de 1976, quando ela foi inaugurada. Construída em ritmo acelerado pelo 9º. Batalhão de Engenharia de Construções – 9º. BEC, deveria ter sido asfaltada nos anos seguintes a partir de Cuiabá.. O Brasil quebrou com as sucessivas crises do petróleo e a rodovia entrou no calendário dos esquecidos. De fato, não havia justificativas econômicas pra que fosse concluída naquele momento. Seu papel era estratégico dentro do propósito de integrar a Amazônia ao restante do país.
Findo o regime militar, em 1985, acabaram-se os propósitos estratégicas e a BR-163 virou um elefante branco perdido na selva. Não fosse a ousadia dos governadores de Mato Grosso, Frederico Campos que planejou, e Júlio Campos que executou a pavimentação de Rosário Oeste até Santa Helena, cerca de 600 km, ela teria morrido esquecida nos imensos atoleiros que ainda estão lá. Hoje em 100 km na parte paraense.
Esse é o relato do qual pretendo tratar numa série de artigos a partir do próximo domingo. Hoje a Cuiabá-Santarém é muito maior do que o sonho dos militares e dos pioneiros que habitaram a região no rastro dos tratores do 9º.BEC. Nesses últimos dias ela ficou entupida de caminhões atolados levando soja da região Médio-Norte de Mato Grosso, que na época da construção nem existia.
Os atoleiros entende-se. Mas o silêncio das instituições ligadas ao agronegócio de Mato Grosso não se entende. Calaram-se os parlamentares federais. Calaram-se a Federação da Agricultura de Mato Grosso. Calaram-se a Aprosoja, a Ampa, a Acrimat, e calaram-se todos os 24 deputados estaduais, os federais e os senadores de Mato Grosso. Silêncio ensurdecedor diante do drama de caminhões e de caminhoneiros atolados por 15 dias naquele mundão. Produção e riqueza perdendo-se. Não fosse a mídia nacional e alguns veículos da mídia estadual, tudo estaria em santa paz. Atoleiro geral.
Olhando de cá esse fato gravíssimo, é o caso de se perguntar se nosso Estado com sua imensa capacidade de produção está amparado política e institucionalmente pela defesa dos seus interesses.
A julgar pelos atoleiros da BR-163, desses citados, vigorou o pesado silêncio dos omissos!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br
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