No Brasil nunca se valorizou ideologias. Mesmo que elas não sejam novas, nós nunca construímos esse tipo de raciocínio político. Nos anos 1950 com o surgimento dos novos partidos políticos pós-Constituição de 1946, a União Democrática Nacional, conhecida como UDN polarizava com o Partido Social Democrata, o PSD. Este representava o capital. Aquele a classe média nascente no país. No meio pintou o Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB, estimulado pelo presidente Getúlio Vargas pra unir a classe operária urbana que se formava naquele momento com o início da industrialização brasileira. Baseava-se no poder dos sindicatos.
Em 1964 tínhamos uma esquerda mal-arrumada mantida a duras penas no Palácio do Planalto, através do presidente João Goulart, seu cunhado Leonel Brizola e outros nomes da política nacional. Os militares tomaram o poder em 1964 interrompendo o mandato de Goulart que era vice e terminava o mandato de Jânio Quadros iniciado em 1961. Era um momento de forte expansão do socialismo soviético no mundo. Os conservadores brasileiros apoiaram a intervenção dos Estados Unidos na maioria dos países sulamericano, exceção da Venezuela e colocaram militares no poder.
A direita brasileira inaugurou-se com os militares e foi até 1985. Assumiu o PMDB, centro-direita. Em 1995 assumiu o PSDB, com Fernando Henrique Cardoso, a centro-esquerda. Faltava, portanto, a esquerda. Nos três casos anteriores, o Brasil esperou a solução dos seus problemas via a ideologia de grupamentos políticos que prometeram ser os “salvadores da pátria”. Claro que não foram!
Em 2002 elegeu-se Lula presidente da República e com ele o Partido dos Trabalhadores e outros de tendência esquerdista. Mais do que nunca, todas as esperanças de salvamento da pátria forma postas na mesa. E o governo bancou o discurso com ousadia. Porém, em 2005, dois anos depois de assumir, afundou-se no escândalo do “Mensalão”, típico das ideologias anteriores que tanto combatia. Daí pra frente o discurso social da ideologia esquerdista precisou conviver com a justiça, a polícia federal e com outros escândalos que foram se acumulando até o impeachment da sucessora de Lula, Dilma Rousseff.
Conclusão: acabou-se o tempo de experimentações ideológicas. Agora a sociedade brasileira assume o seu destino ou conviverá com o caos dos casuísmos que vierem a nascer dos experimentos controversos do passado. Não nos resta ninguém, senão nós mesmos!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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