Nos últimos dias, o Brasil registrou um surto preocupante de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas. O número de notificações já chega a 225, sendo 16 casos confirmados, segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado na noite deste domingo (5). Diante desse cenário, entidades médicas brasileiras emitiram alertas sobre a gravidade do surto, reforçando que a intoxicação por metanol constitui uma emergência médica.
Os primeiros sintomas podem ser discretos ou confundidos com efeito do álcool, evoluindo em horas para vômitos, dor abdominal, cefaleia intensa, alterações visuais e, nos casos mais graves, convulsões, insuficiência respiratória e coma. O risco de morte é elevado se o atendimento for tardio, tornando essencial o diagnóstico precoce e o tratamento imediato, incluindo suporte intensivo, administração de antídotos e, quando necessário, hemodiálise.
Diferentes especialidades se mobilizaram para emitir alertas à população, profissionais de saúde e autoridades sanitárias. Cada uma delas destacou a necessidade de diagnóstico rápido, tratamento imediato e notificação dos casos suspeitos, além de medidas de prevenção e vigilância rigorosa sobre a circulação de bebidas alcoólicas adulteradas. A seguir, estão resumidos os posicionamentos e recomendações de cada entidade dentro de sua área de atuação:
CBO e ABNO
Os oftalmologistas, por meio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO), alertaram para o risco grave de neuropatia óptica causada pela ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, condição que pode levar à cegueira irreversível. O posicionamento destacou que se trata de uma emergência médica e oftalmológica: quanto mais precoce o atendimento, maiores as chances de preservar a visão e salvar vidas.
Em nota, a ABNO declarou que o diagnóstico deve ser rápido, com base na história clínica e em exames, e o tratamento imediato inclui uso de antídotos, vitaminas, correção da acidez no sangue e, em casos graves, hemodiálise. O CBO reforçou que o cenário é preocupante do ponto de vista de saúde pública, pois surtos de contaminação costumam gerar múltiplos casos graves e alta letalidade, exigindo vigilância das autoridades sanitárias e cautela da população no consumo de bebidas alcoólicas. Confira aqui.
ABRAMEDE
A Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) emitiu orientações para médicos de pronto atendimento sobre os casos recentes de intoxicação. A entidade reforçou que a intoxicação por metanol, embora rara, está associada a alta mortalidade e morbidade, especialmente quando o diagnóstico é tardio. Em surtos, a taxa de letalidade pode variar entre 18% e 27% dos casos hospitalizados, com até 20% dos sobreviventes apresentando sequelas visuais permanentes.
Em nota, a entidade reforçou a obrigatoriedade da notificação de todos os casos suspeitos ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e às autoridades de vigilância em saúde, destacando a importância de registrar informações sobre a bebida consumida e possíveis outros expostos para prevenir novos episódios. De acordo com a ABRAMEDE, a evolução clínica pode ser lenta, com latência de 6–24 horas após a ingestão, podendo ser maior se houver coingestão de etanol. A gravidade dos sintomas está relacionada à quantidade ingerida, ao tempo até o início do tratamento e à presença de acidose metabólica profunda. Confira aqui.
AMIB
A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) reforçou a gravidade dos casos de intoxicação por metanol e destacou o papel decisivo das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no tratamento das vítimas. A entidade alertou que esses pacientes podem evoluir para quadros graves, exigindo suporte vital imediato e monitoramento contínuo. Nas UTIs, equipes especializadas, tecnologia avançada e protocolos específicos possibilitam a realização rápida de exames e a condução de terapias complexas, incluindo hemodiálise e administração de antídotos que reduzem chances de sequelas e salvam vidas.
O Comitê de Farmacologia Aplicada, Toxicologia e Farmacovigilância da AMIB elaborou uma Nota Técnica com diretrizes claras e baseadas em evidências para auxiliar no diagnóstico e tratamento desses pacientes. O documento contém orientações para condução clínica, com base nas orientações do Ministério da Saúde e da literatura de Toxicologia. Confira aqui.
SBP
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) manifestou preocupação com o surto e reforçou que a venda e o consumo de bebidas alcoólicas são proibidos para menores de 18 anos. A entidade destacou que adolescentes têm se exposto a situações de risco por meio do chamado "kit da balada", combinação de destilados com energéticos, presente em festas e confraternizações. Além do risco ao consumo precoce de álcool, a possibilidade de adulteração com metanol torna a situação ainda mais grave, já que mesmo pequenas quantidades dessa substância podem causar danos graves à saúde.
Em nota, a SBP alertou que bebidas destiladas, pelo maior teor alcoólico, podem concentrar níveis mais elevados de metanol em casos de contaminação, aumentando o perigo para adolescentes que consomem essas substâncias de forma clandestina e sem supervisão. A entidade ressaltou que a intoxicação por metanol é uma emergência médica, com evolução rápida para complicações neurológicas graves, e reforçou a necessidade de vigilância rigorosa por parte das autoridades. Confira aqui.
Fonte: 360 Comunicação Integrada
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