Marcos Pinotti
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar uma necessidade estratégica no setor bancário. A tecnologia vem impulsionando uma nova era de automação, tornando os bancos mais inteligentes, eficientes e capazes de alcançar resultados financeiros mais robustos, além de melhorar a experiência do cliente.
Dados recentes de pesquisas, como o estudo CFO Survey da Deloitte, revelam que cerca de 80% das instituições financeiras brasileiras planejam ampliar o uso de IA generativa em suas operações nos próximos anos. Entre as aplicações mais comuns estão a automação de tarefas rotineiras, que devem continuar liderando, além do uso para planejamento financeiro, análise de dados, detecção de fraudes e serviços compartilhados.
De acordo com a pesquisa global da McKinsey as empresas do setor estão cada vez mais redesenhando fluxos de trabalho para integrar esses modelos de IA, com uma ênfase na governança e supervisão na ética dessas tecnologias, além de colocar líderes estratégicos responsáveis por esse processo.
A visão de que a IA seja apenas uma ferramenta para ganhos incrementais ou um diferencial pontual já perdeu força. A realidade cognitiva é que ela se tornou uma infraestrutura essencial para os bancos mais avançados, cuja disrupção não se limita a chatbots ou automatizações de back-office, mas se manifesta de forma mais silenciosa e profunda. Sistemas de risco capazes de se autoatualizar, modelos de detecção de fraudes com latência quase zero, algoritmos de análise de grandes volumes de dados para decisões de investimento, tudo isso redefine o que significa ser competitivo na era digital. Essas tecnologias reconfiguraram paradigmas, delegando às máquinas a tomada de decisões em tempo real, com supervisão humana, garantindo uma governança responsável.
Impactos no setor
Para o setor, a questão crucial sobre a IA agora é saber para quais paradigmas estão interessados em reimaginar e, em parte, delegar à inteligência algorítmica, com a devida supervisão e governança humana. Instituições que resistem à integração profunda da IA correm o risco de perda de eficiência, além de acumular riscos operacionais, de conformidade e estratégicos.
A implementação bem-sucedida depende de uma supervisão dos processos organizacionais, abandonando a visão de simplesmente inserir a tecnologia em sistemas legados. É necessário compensar toda a arquitetura de decisão, adotando uma abordagem baseada em primeiros princípios, onde os dados são tratados como um ativo estratégico, com governança robusta que assegura qualidade, segurança e uso em tempo real. Além disso, o desenvolvimento de capacidades sólidas de MLOps (Machine Learning Operations) é fundamental para garantir experimentação contínua, rápida implementação e monitoramento ético e regulatório dos modelos de IA.
A capacitação de líderes e equipes é importante para a tomada de decisão, transformando a IA em um parceiro estratégico. Essa mudança cultural é o que permitirá aos bancos aproveitar ao máximo as oportunidades de inovação, desde a redução da inadimplência, a antecipação de fraudes até a personalização avançada da experiência do cliente e a expansão do acesso ao crédito de forma mais inclusiva e sustentável.
A evolução da IA no setor bancário é uma revolução que vai além da tecnologia, configurando uma nova forma de relacionamento entre as instituições financeiras e seus clientes. Seu impacto é profundo e de longo prazo, promovendo maior eficiência, segurança e inovação. Para sustentar e ampliar esse valor, é fundamental garantir uma implementação responsável, apoiada por uma governança sólida e conformidade regulatória, criando um ecossistema financeiro mais justo, transparente e preparado para o futuro. Assim, a IA deixa de ser apenas uma evolução tecnológica e passa a ser a base de uma nova era de inovação no setor bancário.
Marcos Pinotti é diretor de engajamento da Kron Digital.
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