Lucas Muck
Em meio aos avanços tecnológicos, às transformações do sistema de saúde e às novas exigências da sociedade, a profissão farmacêutica está em plena metamorfose. E quem lidera essa transição não são os nomes consagrados da área, mas uma geração que chega sem medo de provocar rupturas: os jovens farmacêuticos.
Recém-formados, eles entram no mercado com um olhar mais clínico, mais humanizado e mais politizado. Não querem apenas entregar medicamentos — querem entregar cuidado. E isso exige muito mais do que conhecimento técnico: exige visão estratégica, empatia, espírito colaborativo e coragem para enfrentar estruturas ainda conservadoras.
Um exemplo claro dessa nova mentalidade vem de Lucas Muck, farmacêutico recém-formado, que acredita que o tempo da farmácia tradicional já passou.
“A farmácia mudou — e a nossa mentalidade também. A gente quer estar ao lado do paciente, participar da decisão terapêutica, ser ouvido. Queremos mostrar que o farmacêutico é mais do que um técnico: é um profissional de saúde com visão integral, com capacidade de transformar vidas com empatia, ciência e atitude”, afirma.
A fala de Lucas sintetiza um movimento que vem crescendo silenciosamente nos bastidores das universidades, nas redes sociais profissionais e nos primeiros empregos: a busca por protagonismo. Hoje, mais do que nunca, a juventude farmacêutica deseja romper com o modelo puramente comercial da farmácia e ocupar um lugar de relevância no cuidado em saúde.
Não por acaso, áreas como a farmácia clínica, a atenção farmacêutica, a saúde coletiva e a farmácia hospitalar despertam cada vez mais interesse. São espaços que permitem ao profissional aplicar seu conhecimento de forma mais ativa, preventiva e integrada — exatamente o que o novo perfil exige.
Entretanto, os obstáculos ainda são grandes. Baixos salários, jornada excessiva, pouca valorização nos serviços públicos e resistência a mudanças por parte de gestores são barreiras que freiam esse ímpeto transformador. Mas isso não parece desanimar a nova geração, que tem feito das redes sociais, congressos e fóruns de debate verdadeiros palcos de mobilização.
Outro ponto que merece destaque é a relação do jovem farmacêutico com a tecnologia. Em vez de vê-la como concorrente, ele a trata como aliada. Ferramentas de teleatendimento, inteligência artificial aplicada à farmacoterapia e prontuários eletrônicos fazem parte de um cotidiano que exige atualização constante — e os recém-formados estão mais do que prontos para isso.
Ao mesmo tempo, há uma compreensão crescente de que o farmacêutico também é um ator político. Não apenas no sentido institucional, mas como alguém que precisa se posicionar, influenciar políticas públicas, lutar por melhores condições de trabalho e pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
No fim das contas, o que o jovem farmacêutico quer é simples, mas poderoso: ser reconhecido como peça-chave no cuidado em saúde. Não pela vaidade de ocupar espaço, mas pela urgência de oferecer à população um atendimento mais completo, mais justo e mais eficiente.
O futuro da farmácia, portanto, não é uma aposta distante. Ele já começou — e tem nome, voz, rosto e identidade. Está nas mãos de quem não aceita a mesmice como destino e enxerga na profissão um campo fértil de possibilidades.
A farmácia que se projeta para os próximos anos será tão forte quanto a coragem de seus jovens profissionais. E, pelo que temos visto, essa coragem não falta.
*Lucas Muck é farmacêutico, graduado em 2024. Atualmente, atua na Farmácia Básica da Secretaria Municipal de Saúde de Cláudia (MT), onde desenvolve atividades voltadas à assistência farmacêutica e ao acesso qualificado a medicamentos no âmbito do SUS.*
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