Thomas Gautier
O setor de logística no Brasil reúne condições muito favoráveis – e únicas no mundo – para acelerar a inovação. Uma delas é a importância que tem para reduzir custos em todos os campos da indústria, tornando especialmente o "Top 10" do Produto Interno Bruto (PIB) mais competitivo, como agro e mineração. Sua modernização também é vital para as empresas corresponderem às expectativas socioambientais e de transparência dos clientes e investidores. Embora a Estrada tenha inúmeros gargalos, contamos, atualmente, com tecnologia disponível para eliminar muitos obstáculos.
No cenário nacional, soluções inovadoras existem e são cada vez melhores. A demanda por frete em um país de dimensões continentais também é pulsante. O que falta é dar ganho de escala aos novos recursos. Aliás, faltava. O Brasil é case com milhares de quilômetros de rodovias abertas a experimentar novas tecnologias e acumular know-how logístico como poucas nações conseguem.
Em nosso território cerca de oito vezes maior que Alemanha, França, Inglaterra e Portugal juntos, a escala e os investimentos ligados ao transporte têm acontecido. Segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), de 2022 até 2026, o setor privado planeja aplicar cerca de R$ 124 bilhões em transporte e logística. Boa parte deste valor precisa ser canalizada para tecnologia e performance.
Focar em inovação é um escudo para momentos de crise econômica ou efeito de mudanças climáticas. Enquanto o custo tende a subir nessas horas, o dólar perder o controle e os juros aumentarem, as soluções inovadoras reduzem a pressão sobre o orçamento e colaboram para manter ou aumentar a margem das empresas.
Digitalização, porém, é mais que uma defesa para épocas de incerteza. Pelo contrário, é considerada uma estratégia ativa para ser mais sustentável e perseguir a liderança – seja qual for a área da organização ou momento de sua jornada. Neste sentido, precisamos aproveitar os espaços para a inovação logística se fortalecer.
De acordo com dados da Fundação Dom Cabral de 2022, há setores em que os custos logísticos representam cerca de 20% do faturamento bruto das companhias, como agro, construção, papel e celulose e mineração. Por sua vez, a cada 10% de redução da conta frete pode proporcionar de 2 a 3 pontos percentuais de margem Ebitda a mais, impactando significativamente setores em que as margens são apertadas.
O crescimento econômico que o Brasil almeja alcançar, portanto, exige simplificar processos para garantir maior fluidez nas Estradas, com uma entrega mais ágil e um nível de serviço elevado. Atualmente, é possível combinar tecnologia com todo o patrimônio de saber logístico concentrado nas empresas para reduzir o consumo de combustível, encontrar motoristas mais qualificados em menos tempo, escolher rotas com inteligência, monitorar o itinerário completo, reduzir emissões e, principalmente, custos de operação.
Com muito menos esforço do que no modelo analógico, no digital as organizações retomam o controle sobre determinada estratégia logística, em vez de terceirizar ou até "quarterizar" seus processos. Agora, é possível acompanhar dados e tomar decisões mais adequadas ao perfil e a forma de atuação de cada companhia. Números da consultoria Mordor Intelligence preveem que o mercado brasileiro de logística, estimado em cerca de US$ 100 bilhões, passará a quase US$ 130 bilhões dentro dos próximos cinco anos.
A qualidade desse crescimento dependerá da maneira com que cada organização estabelece sua estratégia logística. E vai impactar ainda mais a economia brasileira quanto mais digital for.
*Thomas Gautier é CEO do Freto.
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