Onofre Ribeiro
Venho acompanhando com preocupação cada vez mais crescente, o noticiário da mídia em Mato Grosso. Além da violência em si mesma, com mortes, assassinatos, feminicídios, pedofilia sucessiva e crescente, suicídios, assaltos e mortes no trânsito, tentativas de invasões de terras e de imóveis urbanos.
Mas o que parece pior de tudo isso, é que há uma visível dominação do crime organizado. Claro que nem todas as ocorrências assinaladas acima são de responsabilidade das facções. Mas elas estão numa escalada de crescimento muito acima do aceitável. Antes de entrar nesse assunto quero voltar ao título deste artigo. Está havendo de forma crescente, a perda de todas as identidades básicas em Mato Grosso.
Cuiabá é o laboratório. No interior também. Na última semana descobriu-se que a facção Comando Vermelho tinha acesso amplo à Câmara de Vereadores de Cuiabá através de um vereador e de funcionários da Casa. Isso é o que foi descoberto. Claro que a penetração do crime organizado em todas as estruturas públicas é uma certeza absoluta.
Como se chegou a esse ponto requer é um estudo amplo das distorções da sociedade e das permissões ideológicas que movem políticos, magistrados, procuradores, leniências como audiência de custódia, professores cooptados pela “santidade de uma justiça social” idealizada.
A gravidade vai mais longe quando se sabe que nos sistemas policiais também chegou a contaminação do crime organizado. Uma radiografia revelará uma sociedade absolutamente adoecida e atormentada pela falta de ordem. Não se trata de procurar culpados. Isso foi uma construção lenta por meio de uma leniência “bondosa” que começa na rua.
Prende-se jovens que no presídio conhecem as facções e voltam amadurecidos na ideologia de que o crime é a única solução de renda e de justiça. Lá dentro, uma justiça penal leniente faz vistas grossas. Ou colabora. Usar tornozeleira nos bairros, é símbolo de autoridade do usuário. Uma espécie de passaporte social.
Encerro este artigo chamando a atenção para o fato de que a sociedade se deixou dominar. O conserto disso levará muitos anos. Passará pela reconstrução do conceito de justiça, de política, de justiça social, da educação e da segurança pública. E no começo disso tudo, passará necessariamente pela educação básica e profissional.
Sem contar um olhar mais justo e efetivo sobre as fragilidades familiares em todos os níveis da sociedade. Do contrário, chegaremos mais perto da barbárie que já aparece no horizonte próximo. Tecnicamente regredimos séculos!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br jornalista.onofreribeiro/instagram
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