• Cuiabá, 12 de Julho - 2025 00:00:00

Secretária Ana Cristina: o social com a perspectiva do empoderamento


Rafaela Maximiano

Neste 15 de maio, a segunda maior cidade de Mato Grosso, Várzea Grande, completa 155 anos de fundação. E como o desenvolvimento econômico de uma nação está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento social e de combate à fome de uma população, o foco da Entrevista da Semana é a gestão de Assistência Social do município

Ao FocoCidade, a secretária de Assistência Social de Várzea Grande, jornalista Ana Cristina Vieira, fala sobre os desafios de reinventar os projetos de assistência social do município, tendo em vista o período de pós-pandemia; faz um balanço de nove meses de trabalho na pasta; pontua as ações que a gestão oferece às pessoas em situação de rua e imigrantes; além de contar um pouco como foi a transição de jornalista para a área social. 

“Eu entendo que é preciso distanciar da lógica do assistencialismo e a assistência social precisa também trabalhar sobre a perspectiva do empoderamento, da autonomia. A Secretaria de Assistência Social trabalha com pessoas... então não podemos reduzir a Secretaria de Assistência Social ao assistencialismo, ampliamos as percepções e possibilidades de programas que possam empoderar as pessoas”, afirma Ana Cristina Vieira. 

Além de jornalista, Ana Cristina é também advogada, especialista em planejamento e gestão cultural, mestra em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), além de pós-graduada em Redes Sociais e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais. 

Feliz aniversário ao Várzea-grandense e boa leitura!  

Neste mês você completa 09 meses frente à pasta de Assistência Social no Município de Várzea Grande é possível fazer um balanço? 

Eu entrei na secretaria de Assistência em agosto de 2021, em um momento em que as unidades estavam prestes a retomarem suas ações presenciais, oportunizadas por decreto publicado na época. Uma nova fase para o município, de retomada dos projetos sociais, porém tendo em vista a experiência da pandemia. Muitos projetos foram formatados, repensados e retomados com atualizações respeitando as medidas de biossegurança como Caderno 2, Laços Maternos, Pão e Leite, Mulheres Empreendedoras, Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, entre outros.   

Iniciamos as atividades no Centro de Convivência Vovô Zeid, fortalecemos o trabalho junto aos Conselhos de Direitos, ao Poder Judiciário, bem como alinhamos novas ações. Quando pensamos em projetos sociais, a palavra acolhimento é muito forte e o acolhimento é essa aproximação, e, tivemos de criar novas estratégias para que ocorressem de maneira segura. E mais, conforme avançou a vacinação, conseguimos avançar nos projetos sociais no sentido de sua realização, pois a assistência social atua na perspectiva da intersetorialidade com outras pastas.  

A Assistência Social tem um papel muito importante nesse momento de pós-pandemia, onde a economia começa se reerguer, os que perderem empregos buscam novos postos de trabalho. Mas muitas pessoas ainda estão à margem, quais têm sido os maiores desafios da Secretaria nesse momento? 

Você tocou em um assunto muito interessante porque essa retomada das pessoas no pós-pandemia com todas as sequelas que a Covid deixou, a exemplo das perdas familiares, o desemprego, pois quantas pessoas trabalhavam com eventos, gastronomia ou vendas, e tiveram que parar. E, nesse sentido, vem um programa que foi gestado no fim do ano passado e materializado no início deste ano, que é o programa de qualificação ‘Qualifica +VG’, uma ação guarda-chuva que abarca diversas parcerias da pasta neste foco.   

Justamente diante de toda a cena que nós nos deparamos, o prefeito Kalil apontou a importância de estreitarmos parcerias com o Governo do Estado, por meio da Setasc, o Sistema S – o Senar, Senai Cuiabá e Várzea Grande e Senac, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Livramento, IFMT, CDL, União de Presidentes de Bairros, com apoio do Gabinete de Apoio às Ações Transformadoras (GAAT) da nossa primeira-dama Kika Dorilêo Baracat, para a realização de cursos de capacitação profissional na cidade de Várzea Grande.   

Hoje são mais de 60 cursos de extrema qualidade, capacitando pessoas, para que essa retomada no mercado de trabalho seja mais assertiva. Nós tivemos, por exemplo, recentemente um curso de estoquista, esses candidatos chegam para a vaga, com um passo adiante daqueles que não foram qualificados. E tudo isso de forma gratuita, acontecendo em todas as regiões de Várzea Grande.   

Segundo o diretor do IFMT, João Beraldo, nossa cidade se destaca no Estado pelo desempenho positivo nos cursos, se tornando case de sucesso e inspirando outros gestores. Agradecemos profundamente aos parceiros, e cito a secretária de Estado Rosamaria, sempre muito sensível ao nosso município, bem como a primeira-dama Virgínia Mendes, atuante junto a primeira-dama Kika, nossa inspiração.   

Eu entendo que é preciso distanciar da lógica de reduzir a complexidade que é a assistência social ao assistencialismo. Isso é uma questão amplamente colocada no Plano Municipal de Assistência Social, elaborado por técnicos conhecedores do tema, seguindo todas as normativas Estaduais e Federais, em que a assistência social precisa também trabalhar sob a perspectiva do empoderamento, da autonomia da pessoa, conceitos defendidos pela nossa primeira-dama Kika, que é promotora de Justiça há mais de 20 anos e conhece profundamente as questões sociais, em teoria e prática. 

Alguns questionam, “a Secretaria de Assistência Social com cursos de qualificação”. Sim, a Secretaria de Assistência Social trabalha tendo foco nas pessoas em vulnerabilidade social, então nada mais significativo do que fazer parcerias para que esses cursos sejam oferecidos gratuitamente. Assim, ampliamos as percepções e possibilidades de programas que possam empoderar as pessoas e mudar o ciclo.  

Como é o trabalho com as famílias em situação de vulnerabilidade?   

Temos quatro Cras, os Centros de Referência em Assistência Social situados no Santa Maria, no Cristo Rei, no São Mateus e no Jardim Glória e referenciamos famílias e as acompanhamos, bem como com entrega de subsídio alimentar, inserção em benefícios sociais, realização de serviço de convivência e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. É um trabalho feito com muita dedicação, temos um trabalho de busca ativa que a equipe técnica percorre o seu território identificando situações que muitas vezes não chegam até nós, se não for por meio dessa ação.   

Para se ter uma ideia nós tivemos uma entrega de filtros de barro, que o Governo do Estado nos contemplou, e a equipe do Cras Cristo Rei foi até à beira do rio e identificou famílias que ainda não estavam referenciadas.  

Recentemente, um pesquisador nos informou que estas unidades em Várzea Grande se destacam pela competência. Isso é maravilhoso, ouvir de um estudioso sobre o trabalho da equipe, cujo gestor maior, o prefeito Kalil, confiou o avanço no social.   

E mais, atuamos com núcleos de Cadastro Único em todas as unidades do Cras, além de ações itinerantes, que é instrumento de coleta de dados e informações que objetiva identificar famílias de baixa renda para fins de inclusão em programas de assistência social e redistribuição de renda.   

Além do Cras, que está inserido na Proteção Básica, temos a Proteção Especial, com unidade Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), que atende pessoas que vivenciam situações de violações de direitos ou de violências. Neste contexto, estão inseridas as casas de acolhimento para Meninos, para Meninas, Pessoa em Situação de Rua e Casa de Amparo para mulheres vítimas de violência, entre outros serviços.   

Trabalhar com Assistência Social requer respeito e empatia com o próximo. A sensibilidade tem que ser o filtro do olhar do profissional da assistência social.  

E, na questão dos moradores de rua e imigrantes que acabam espalhados pelos sinaleiros das cidades, existem projetos ou casas de amparos para atender esses públicos? 

Em relação às pessoas em situação de rua, nós temos o trabalho do Centro POP, que é uma unidade próxima à região do zero quilômetro em Várzea Grande. No Centro Pop são feitos atendimentos às pessoas que se encontram vivendo na rua, onde elas vão tirar suas dúvidas sobre seus direitos e como conseguir acessá-los; apoio para regularizar documentos pessoais; espaço para higiene pessoal; alimentação, encaminhamentos para outras políticas públicas quando for o caso; participação social.   

Nós também temos parcerias com os mais diversos centros terapêuticos em Várzea Grande. Muitas pessoas chegam ali com questões relacionadas ao vício, a exemplo do álcool que mais prevalece, e direcionamos conforme o aceite delas, porque não podemos forçá-las.   

O município possui também uma Casa de Acolhimento para este público, instalada na época da pandemia, em uma unidade provisória no bairro Ouro Verde. E agora dia 30 de maio, o prefeito Kalil Baracat entrega uma nova Casa de Acolhimento para Pessoa em situação de rua, com conceito de lar, estrutura mais adequada e com foco na reinserção familiar e no mercado de trabalho, visto que são unidades de acolhimento provisório.   

Para se ter uma ideia, pessoas em situação de rua participaram de cursos aqui de jardinagem. Então, os cursos de qualificação aqui em Várzea Grande são ofertados para as pessoas das mais diversas unidades: para mulheres vítimas de violência, para pessoas em situação de rua, e, claro para toda a população.   

Em relação aos imigrantes, existe cotidianamente o trabalho de orientação quanto à documentação, e quanto à não exposição das crianças nos semáforos, que a lei brasileira proíbe. Um trabalho conjunto com o Conselho Tutelar. Identificamos qual a situação daquela mãe para auxiliar, como a inserção nos cursos de qualificação também.  

Como foi essa transição de jornalista para gestora pública e na área social?  

Eu sou jornalista, sou advogada e estou gestora. O primeiro convite do prefeito Kalil foi para adjunta na Secretaria de Comunicação, na equipe do secretário Marcos Lemos, uma pessoa pela qual tenho profunda admiração. Ao longo destas duas décadas como jornalista, atuei ao lado de gestores, de secretários estaduais e municipais e também do maestro Fabricio Carvalho, na UFMT. São diversas assessorias na esfera pública e privada.   

Por outro lado, tenho uma caminhada de 20 anos de Cáritas - instituição sem fins lucrativos - em Várzea Grande, na qual fui presidente. A Cáritas trabalha com o social e com a cultura de paz, com foco em famílias, crianças e adolescentes há 23 anos sem interrupções.   

A experiência na Cáritas me levou ao mestrado em Educação, pela Universidade Federal de Mato Grosso, tendo por objeto de pesquisa a infância e o processo de aprendizagem para além dos muros da escola de crianças em quatro bairros em Várzea Grande. Juntei todas essas experiências teóricas e práticas para que eu pudesse aceitar esse desafio que é imenso, complexo, mas tenho no prefeito Kalil e na primeira-dama Kika a possibilidade da construção coletiva, e ainda as ações sociais inspiradoras da ex-prefeita Lucimar Campos.   

Deixe uma mensagem para o várzea-grandense neste 15 de maio, aniversário de 155 anos da cidade, principalmente nessa área da assistência social... 

Eu tenho a alegria de trabalhar pela primeira vez para o meu município, embora eu more aqui uma vida, eu só não nasci aqui, cheguei aqui com 40 dias de vida. Minha mãe é várzea-grandense casada com meu pai que é paulista. Eu cresci na praça Aquidabam hoje denominada merecidamente Sarita Baracat.

O meu bisavô é do Capão Grande, minha avó é de Várzea Grande, e recebi um convite do prefeito Kalil, no qual eu confio, da nossa primeira-dama Kika, para seguir com essa missão aqui. Então eu estou muito honrada. Temos compromisso com o social, baseado na transparência, na ética, no acolhimento e no respeito. Sou filha de assistente social e o que gostaria de reafirmar é que a Assistência Social de Várzea Grande segue transparente, ética, buscando programas sociais que possam efetivamente contribuir com as pessoas, avançando nas políticas públicas sociais de forma coletiva com os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, com as redes de enfrentamentos de combate a violência contra mulheres, crianças, idosos, fortalecendo ações e, respeitando pessoas e o dinheiro público.

E no próximo semestre, teremos mais novidades e ampliação de projetos, até porque foi preciso nos reinventar neste momento pós-pandemia. 




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