Rafaela Maximiano - Da Redação
O atual cenário de enfrentamento à pandemia da covid, os acertos e os erros, a necessidade de união entre os governos e Poderes para trazer soluções que amenizem problemas econômicos e sociais da sociedade mato-grossense, são alguns dos pontos analisados pelo deputado estadual Wilson Santos (PSDB) na Entrevista da Semana.
Ao FocoCidade, Wilson Santos afirma que aposta na união e não na divisão. “O governador Mauro Mendes e o prefeito Emanuel Pinheiro precisam dar as mãos e colocar todos os esforços possíveis à disposição da população para ao menos diminuir o sofrimento da sociedade estadual”.
Presidente das Comissões de Educação e de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da Assembleia Legislativa, o deputado fala sobre o problema da Educação na pandemia, isenção do IPVA, fraudes na vacinação, além de outros assuntos polêmicos como: reforma administrativa, CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal, RGA e os rumos do PSDB para 2022.
Conhecido por enriquecer seus discursos com a história, especialmente a de Mato Grosso e de Cuiabá, Wilson Santos acumula a experiência de ter sido vereador e prefeito da Capital, por mais de uma vez, além de deputado estadual e deputado federal por Mato Grosso.
Em 2018, Wilson Santos conseguiu a sua quarta reeleição a deputado estadual. Nesta legislatura, afirma que foca sua atuação na Educação e na Industrialização do Estado.
Boa leitura!
Deputado, como o senhor avalia o momento em que Mato Grosso vive nesse cenário de pandemia? A condução está correta, existem mais acertos ou erros?
É muito fácil criticar, diante de um cenário em que não existem praticamente vacinas a contento. Fica fácil criticar um evento que não acontece há 100 anos no país. A última grande pandemia no Brasil foi da gripe espanhola de 1918 a 1920. Então, é um ambiente muito propício à crítica. Mas, eu que já estive lá, já sentei na cadeira do Executivo sei que não é simples. A cada dia, a cada hora, são informações novas, são diagnósticos novos, são posições internacionais, nacionais, diferentes. O que nós temos que concentrar, na minha opinião, são todas as forças políticas, empresariais, religiosas, comunitárias e sindicais, todas num mesmo sentido. Juntos, já temos dificuldade para amenizar o sofrimento da população, imagine divididos. Então, na minha concepção, aqui em nível local, o governador Mauro Mendes e o prefeito Emanuel Pinheiro precisam dar as mãos, colocar todos os esforços possíveis à disposição da população para ao menos diminuir o sofrimento da sociedade estadual.
A Assembleia reconheceu as atividades escolares como essenciais, agora a categoria dos professores passa a fazer parte grupo prioritário de vacinação. Em que pese a lei ter sido aprovada, muitos pais não concordam e têm medo de enviar os filhos para as aulas nas escolas. Como presidente da Comissão de Educação da AL-MT o senhor vê que este é o caminho para minimizar os problemas da educação nessa pandemia?
A Educação tem problemas seculares no Brasil, não vai ser do dia para a noite e nem uma varinha mágica que vai resolver. Eu sou a favor da volta às aulas presenciais como a Assembleia Legislativa aprovou: no máximo de 30% de alunos em sala de aula, máscara e álcool em gel o tempo todo, capacitação dos professores para que possam fazer o acolhimento correto e o convívio com a biossegurança necessária. Eu penso que é possível sim retornar às aulas. Muitos países estão fazendo isso com segurança. E, dizer é claro, que os pais fiquem tranquilos porque a aula presencial é opcional, o aluno que não quiser frequentar a escola presencialmente, ele pode ter acesso às aulas de maneira online.
O senhor também é presidente da CCJR da Al-MT, e passou por ela a isenção e IPVA para determinadas categorias. Não deveriam ter sido incluídas outras categorias uma vez que a pandemia afetou a todos?
O Executivo fez uma opção pelos mais pobres e mais vulneráveis economicamente. Isentou o IPVA para motocicletas até 150 cilindradas, para veículos de trabalho do setor de hotéis, pousadas, restaurantes e similares, isso foi um fôlego para mais de 500 mil pessoas. Agora, o Estado alega que não tem condições de isentar a todos. Mato Grosso possui mais de dois milhões de veículos. Eu acho que não foi o ideal, mas foi uma grande ajuda aos mais vulneráveis nesse momento.
Qual o resultado da investigação da CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal já apurada até agora?
A CPI já terminou o primeiro capítulo que foi a investigação sobre sonegação no setor de combustíveis. O relator foi o deputado Carlos Avallone, que fez um belíssimo trabalho e apontou com documentos uma sonegação de 18%, que daria mais de R$ 600 milhões por ano. Agora estamos investigando a área da mineração, dos frigoríficos e também do agronegócio.
Quanto à vacinação da covid, ocorreram casos de denúncias de fraudes na vacinação e de pessoas que teriam sido vacinadas sem pertencerem aos grupos prioritários. O senhor se posicionou contra essas injustiças, mas na prática o que foi feito?
Na prática é aumentar a fiscalização e dar mais transparência. A Assembleia Legislativa teve uma postura unânime dos seus membros, fez parceria com as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, montando novas centrais de vacinação e agora vai fazer uma parceria com a prefeitura de Rondonópolis. Então a Assembleia tem deslocado recursos do seu orçamento, como fez com a segunda etapa da construção do Hospital Metropolitano de Várzea Grande, comprou máscaras e distribuiu aos diversos municípios e agora está expandido essa rede de vacinação para as maiores cidades do Estado.
O senhor defendeu a não extinção da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer). Muitos defendem a reforma administrativa que o governador fez como forma de colocar as contas do Estado em dia. Qual sua avaliação dessas medidas?
Eu sou a favor de reforma administrativa, fiz quando fui prefeito em Cuiabá, votei a favor da proposta do governador Mauro Mendes e acho que tem que ter mesmo. Temos que ter menos Estado e mais cidadão. Não tenho nenhuma dúvida em relação a isto. Mas a Empaer é o único apoio que o agricultor familiar tem nesse estado, está presente em 139 municípios através de seus escritórios, além de dar orientação técnica e toda assistência através dos zootecnistas, engenheiros agrônomos, veterinários, enfim são técnicos preparados que orientam e não é à toa que a produção da agricultura familiar só cresce em Mato Grosso. Então eu tive a felicidade de ter um projeto de minha autoria aprovado proibindo a extinção da Empaer.
A Empaer nasceu em 1964, no segundo governo de Fernando Corrêa da Costa e vem prestando serviços extraordinários ao pequeno produtor que não pode perder esse único porto seguro que possuem.
Em relação ao pagamento do RGA dos servidores públicos, apesar da dívida do Estado já ter sido quitada essa reposição aos funcionários ainda não ocorreu. Com sua experiência, o governo está agindo corretamente?
O governo de Mato Grosso vai pagar no salário de maio deste ano, aquela última parcela do RGA de 2018. Foi impedido no ano de 2019, 2020 e em 2021, pela lei federal complementar 173 de 2020 de fazer qualquer pagamento de RGA. Mas assim que os efeitos dessa lei desaparecerem no final deste ano. O ano que vem o Governo volta a pagar o RGA integralmente.
Fazendo parte da base do Governo na Al-MT, como o senhor avalia hoje a gestão do govenador Mauro Mendes?
A gestão está indo muito bem. Pela primeira vez nos últimos 20 anos o governo fez superávit, quer dizer, ele gastou menos do que arrecadou em 2019. Em 2020 ele melhorou e em 2021 está uma gestão correta. Recuperou a capacidade de investimento próprio, está fazendo mais de 1.500 quilômetros de asfalto novo, recuperou uma outra quantidade semelhante de asfalto, retomou as obras paradas há 34 anos do Hospital Central, retomou as obras do Hospital Júlio Muller, duplicou o Hospital Metropolitano em Várzea Grande, estadualizou a Santa Casa, e deve lançar nos próximos meses três grandes hospitais regionais que serão construídos no baixo Araguaia, aqui em Tangará da Serra e também em Juína. Na Educação está investindo R$ 100 milhões, vai climatizar 100% das escolas, reforma de escolas, equipamentos, laboratórios, apostilou material para todos os alunos, enfim o governo vem avançando muito, a gestão está no caminho e eu defendo que o governador saia do gabinete. Governador vá para a rua, vá conversar com o povo, vá conversar, vai ouvir os segmentos autorizados. Enfim, penso que o governo Mauro Mendes está no rumo certo.
Qual sua avaliação sobre os últimos acontecimentos no enfrentamento da pandemia, onde a Anvisa negou a compra da vacina Russa contra a covid, a Sputnik V, e o Congresso aprovou que a indústria animal produza a vacina para humanos contra a covid?
A gente fica dividido. Por um lado, um desejo enorme de que o país adquira Sputnik V, Coronavac, AstraZeneca/Oxford, Pfizer, todo tipo de vacina que puder acalmar a população, mas por outro lado também nós temos que ter responsabilidade com a questão técnica. A Anvisa é um órgão sério, único responsável por analisar e deferir ou indeferir essas vacinas, a votação foi unânime, os cinco diretores votaram pelo indeferimento. Então a gente fica dividido. De um lado a gente quer demais as vacinas, mas do outro queremos vacinas seguras e responsáveis.
Com relação ao projeto de lei do senador Wellington Fagundes, aprovada na última semana. Eu acho uma ótima ideia. Agora, é tomar os devidos cuidados, garantir toda a biossegurança para utilizar laboratórios que fabricam vacinas para animais, para equinos, bovinos, ovinos, caprinos, etc, passam a fazer também vacinas para humanos. Desde que guardadas as devidas exigências da orientação mundial de saúde, todo cuidado necessário, eu acho que foi uma assertiva muito boa do senador Wellington.
Para as eleições de 2022: O partido pode respaldar uma eventual reeleição de Mauro Mendes?
O PSDB a princípio vai fazer um exame rigoroso dos seus quadros e analisar prioritariamente a possibilidade de candidaturas próprias majoritárias, a prioridade é ter candidatura própria a governador, a senador. Se nós vamos conseguir ou não, só o futuro responderá. Não conseguindo candidatura própria ao governo do estado a nossa segunda opção é marchar com a candidatura de Mauro Mendes à reeleição.
Uma mensagem ao eleitor do FocoCidade.
Que continuem prestigiando o FocoCidade porque é um veículo de comunicação isento, imparcial, que pratica jornalismo de forma profissional e que não percam as esperanças, o Brasil é um grande país, com grande gente e, se cuidem muito porque a covid ainda não é totalmente conhecida e dominada pela ciência.
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